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10 jun 2014 - 10h35

A Hora do Futebol

Dentro de alguns dias começa o maior evento esportivo da Terra, a Copa do Mundo. Seleções do mundo todo disputarão um cobiçado troféu de ouro que ficará com o campeão até meados de 2018.

Apesar dos problemas, das obras inacabadas, dos protestos, tudo indica que essa Copa será um grande sucesso e deixará o nome do Brasil em evidência.

Felizmente, Curitiba está entre as 12 cidades-sede desse maravilhoso torneio. Antes de cada jogo, a FIFA roda um filme sobre a cidade, As imagens de Curitiba serão vistas por bilhões de telespectadores no mundo todo. Muitos saberão da existência de Curitiba pela primeira vez.

É inegável o que uma cidade e tudo aquilo que a compõe ganham com um evento dessa grandeza. Hoje mesmo pelo rádio estava escutando um comerciante no Rio dizer, satisfeito com as vendas no estabelecimento, que gostaria que houvesse uma Copa a cada 6 meses.

O caminho para que Curitiba se tornasse uma das sedes não foi nada fácil. Até o último minuto teve de lutar para ser confirmada como sede. Até aquele fatídico 18 de fevereiro, quando foi definitivamente confirmada como sede, dúvidas pairavam sobre a capacidade da cidade na organização para os jogos da Copa. A partir da confirmação, um esforço concentrado entre governos e o Atlético possibilitou que as obras deslanchassem e chegamos aqui com o estádio praticamente pronto.

Ainda falta para a sua conclusão total, mas a estrutura montada já é suficiente para receber os quatro grandes jogos da primeira fase, quando seleção de todos os continentes se enfrentarão na busca por uma vaga até a fase seguinte.

O legado para o Atlético será fabuloso. Um estádio moderno e confortável que pode alavancar o time para patamares até hoje nunca atingidos nos seus 90 anos de história.

Curitiba, e em particular o Atlético, viverão dias de glória nesses dias de junho de 2014 e o Atlético será conhecido mundialmente.

Tudo muito bonito e grandioso, mas passada a festa, agitada a última caxirola, o que acontecerá?

Hoje, eu não saberia dizer. Inicialmente o Atlético terá um belo estádio onde, a partir de 07/09/2014 disputará as partidas que lhe restam em casa no campeonato brasileiro. Não há dúvida que voltando à sua casa, depois de quase três anos, o Atlético ganha força e conta com um aliado poderoso que é a força da sua torcida.

Mas a Arena bela, moderna, que provoca a inveja dos adversários e orgulha os atleticanos, tem um preço. E esse preço talvez ainda não tenha sido corretamente dimensionado. De um lado, dívidas existem e elas são reais, palpáveis e serão cobradas seu tempo e ferozmente. As garantias já foram dadas. O CT, as cotas de TV e a própria Arena. Do outro lado, para equilibrar as dívidas o que existe? A arrecadação que deve advir de sócios, bilheterias, eventos, shows, licenciamentos, naming rights, tudo aquilo que venha agregar valor ao Atlético e possa fazer com que o clube e pague as dívidas contraídas.

As dívidas existem, a arrecadação desejada para o pagamento e desenvolvimento do clube, ainda não.

E como fazer para que essa arrecadação torne o Atlético viável? Não basta apenas apelar para que torcida se associe em comerciais de televisão. Para arrebanhar mais sócios o Atlético precisa conquistar novos torcedores, em diferentes lugares, precisa encantar, precisa se tornar um clube vencedor. Ao contrário de Corínthians e Internacional, o Atlético ainda busca um lugar entre os grandes, ainda busca se afirmar no cenário nacional e internacional como clube de respeito.

E essa afirmação não se faz apenas por meio de uma Arena moderna. A afirmação que trará a viabilidade financeira deve se dar por meio de um time de futebol que revele grandes jogadores, que ganhe clássicos, que faça partidas memoráveis, que derrote seus adversários na casa deles, que façam grandes campanhas em todos os campeonatos que disputar, que ganhe títulos nacionais e internacionais e que mostre ao mundo que em Curitiba existe um time onde se pratica futebol de alta qualidade. Essa condição atrairá não apenas novos torcedores e sócios, mas também consumidores, empresas, patrocinadores e parceiros que procurarão se aliar a uma história de sucesso.

Então o projeto não termina com a Arena de outro mundo mas deve continuar. Agora chegou o momento. Já não se deve mais colocar as obras em primeiro lugar, já não se pode mais postergar. É chegada a hora de se concentrar no futebol de se realizar investimentos sérios e pesados no futebol. Não apenas nas categorias de base mas também contratações. O exemplo do Barcelona está aí: um estádio fantástico e um time cuja base é saída de suas ‘canteras’, mas que nunca teve problemas em investir e buscar craques quando foi necessário.

A evolução do Atlético tem sido nítida nos últimos anos. Modernizou-se, conquistou um título brasileiro, chegou a uma final de Libertadores e depois de uma queda para a segunda divisão, retornou à elite e participou de mais uma Libertadores, quando ninguém esperava. E tudo isso sabendo usar de modo muito eficiente seus recursos. Mas para se chegar a um nível maior, para se tornar efetivamente grande, vai ter que investir mais no futebol para daí obter o necessário retorno e se alinhar entre os grandes clubes do planeta. Do contrário, se não conseguir manter um time condizente com a sua estrutura, sequer conseguirá para as dívidas e o futuro poderá ser trágico.

Eu sempre vou acreditar no meu time e nessa torcida e espero que nossos dirigentes, sejam os atuais ou os futuros, ajam sem medo, no sentido de buscar sempre o melhor e colocar o Atlético onde ele merece estar, no topo. O caminho, com todos os seus percalços, até agora foi bem trilhado. Agora é a hora do futebol.



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