Sonho desconexo
Curitiba tem realmente restaurantes incríveis. Na última sexta-feira, pessoas amigas me levaram para jantar numa casa especializada em frutos do mar de dar inveja aos melhores ambientes europeus, frequentada por altos funcionários de uma empresa petrolífera Sul-Americana.
Ambiente agradabilíssimo, conversa animada, um Chardonnay chileno geladinho para acompanhar o côngrio rosa e os camarões… tudo transcorreu maravilhosamente bem. Cheguei em casa ‘morrendo’ de sono, dormi, e logo comecei a sonhar.
Um sonho inteiramente estapafúrdio, em que datas e pessoas conviveram em total desarmonia.
Sonhei que há muitos e muitos séculos conheci um príncipe britânico, ativo, cheio de ideias inovadoras, excêntrico e um pouco utopista. O nome dele não me lembro, mas recordo que o seu grande ídolo era o Nero. É, o Nero, aquele que dizem ter posto fogo em Roma.
É que na época, na hoje capital italiana, existia o Coliseu, que nada mais era do que uma arena onde os leões devoravam os cristãos para o deleite dos imperadores. Lembram daquela frase: “Salve, Cesar, os que vão morrer te saúdam”? Pois é, lá que isso acontecia.
Mas o nosso príncipe, impulsivo, estava determinado a construir uma arena maior e mais moderna que a romana.
Reuniu seus amigos, alguns parentes também, e expôs detalhadamente o seu plano. “Mas não temos a área e nem dinheiro para edificarmos uma obra com essa grandeza”, disseram alguns participantes da reunião.
Deixem comigo, bradou o empolgado príncipe.
Simpático e persuasivo, convenceu facilmente a rainha a ceder uma grande área, numa baixada de um bairro de classe média de Londres.
Com o local assegurado, imediatamente passou um e-mail (é… na época eles já tinham) para o Nero, pedindo emprestados os recursos necessários para a construção das obras.
Nero se reuniu com os seus conselheiros, analisaram o projeto, e resolveram conceder o empréstimo, mas com algumas condições:
O dinheiro teria que ser devolvido no máximo em dois anos, e uma especificação detalhada de onde sairiam os recursos necessários para que isso fosse concretizado.
Empolgado, o príncipe se dirigiu novamente ao seu grupo de trabalho e, com um largo sorriso, anunciou: “Está tudo resolvido… já temos o local e os recursos. Agora é só começar.”
O Charles, um dos participantes, falou: “Mas senhor, como é que vamos arranjar este dinheirão todo em apenas dois anos??”
“Não seja tão pessimista, Charles… faremos uma obra grandiosa, maior e muito melhor do que a deles… contrataremos gladiadores germânicos, todos com mais de 1,90 m. de altura e acima de 100 kg. Traremos leões da Malásia, enormes, quase do tamanho de um touro. Faremos shows para 40.000 espectadores, que verão empolgados os leões devorarem os cristãos de uma só bocada… além do que, poderemos ceder o dorso dos leões para que algum fabricante de shampoo faça a sua propaganda. Utilizaremos também o escudo dos gladiadores para publicidade das fábricas de bigas”, disse o príncipe.
E assim foi feito. Propagou-se em todos os papiros da Europa a grandiosidade da nova arena, que abrigaria 40.000 espectadores, além do imperador é claro.
Isso posto, o povão entusiasmado foi ao primeiro espetáculo. Aplaudindo freneticamente, a galera gritava: “Soltem os gladiadores germânicos e os leões gigantes!!!”
Mas quando a porta dos vestiários foram abertas, surgiram gladiadores de 1,60 m. de altura, raquíticos, pálidos… e os leões eram pouco maiores que um cachorro pequinês.
A revolta foi instantânea. “Fomos logrados”, blasfemavam os presentes.
Aí minha mulher se moveu na cama e eu acabei acordando, por isso não me lembro bem como terminou o sonho… mas parece que o príncipe no final do ano deixou as suas atividades dentro da diretoria do coliseu britânico e foi visto nos EUA tentando convencer o Abraham Lincoln a montar um empreendimento, que futuramente se chamaria Disneyland.
Abraços a todos.