O Caldeirão não ferve mais!
Desde que se anunciou a (nova) reforma da Arena da Baixada, a torcida atleticana se encheu de expectativa. Acreditava que teria um estádio ainda mais moderno e nele poderia incendiar as arquibancadas, empurrando o time rumo às vitórias e conquistas dentro do temido Caldeirão. Foi com essa crença que, durante muito tempo, os rubro-negros peregrinaram como nômades por diversos estádios enquanto o sonho de ver (re)erguido seu castelo se concretizava.
A Arena enfim foi entregue. Com atraso, incompleta e descaracterizada. Ostenta até hoje com um horroroso banner da Copa do Mundo no lugar onde deveria haver um enorme telão. Diversos pontos, por dentro e por fora, sem acabamento. Cadeiras cinzas, com desenhos ininteligíveis. Um gramado que inexplicavelmente mais parece um pasto de chácara, quase incolor, cheio de buracos e que se solta a cada pisão. O tão alardeado teto retrátil que ficou pronto quase um ano depois do prometido. Assim, apesar do calor que se poderia esperar depois de “tampado”, o Joaquim Américo se tornou um estádio frio.
Frio como o cinza de suas cadeiras (agora incorporado à camisa dois), sempre à mostra diante da escassez de público proporcionada por um plano de sócios mal concebido e por ingressos proporcionalmente mais caros que os de uma semi-final de UEFA Champions League para um espetáculo mais infame que show do Tiririca. Frio como o torcedor, que outrora empurrava o time porque via raça acima da qualidade técnica, brio acima da vaidade, mas agora se aquieta (e sofre) ao ver apenas um bando de preguiçosos capitaneados por sucessivos e incompetentes treinadores.
O temido estádio do Atlético hoje já não causa medo em ninguém. Qualquer Foz do Iguaçu, Maringá, Rio Branco, Remo ou Tupi chega em nossa casa com a convicção de que pode sobrepujar o anfitrião. E muitas vezes o faz. Ninguém mais nos respeita.
Graças à insistência nos erros, à priorização de interesses diversos e alheios à finalidade do clube (que é, ou deveria ser o futebol), não temos mais mosaicos belíssimos nas arquibancadas – até porque, muito provavelmente, se alguém tentar entrar com os painéis para os mosaicos será ridiculamente barrado pela segurança -, não temos alegria nas arquibancadas, não temos alma no time. Em suma: graças a tudo isso, hoje o Caldeirão não ferve mais.