Leandro Saboia

A partida entre Furacão e Galo que aconteceu no domingo (24), na Arena da Baixada, teve um personagem em destaque. E, lamentavelmente, não foi um jogador. O árbitro Thiago Duarte Peixoto, vinculado à Federação Paulista e aspirante à FIFA, deu um show à parte e, durante todo o jogo, fez questão de mostrar sua autoridade.

Não bastassem as inversões de faltas e a absoluta falta de critério na distribuição de cartões amarelos (foram quatro para o Atlético – um deles para Douglas Coutinho porque, pasmem, foi comemorar o gol com a torcida – e nenhum para o xará mineiro), aos 41 minutos da segunda etapa o apitador, sem motivo aparente, dirigiu-se de maneira enérgica ao atacante Walter e, de supetão, expulsou o jogador atleticano de campo. Ninguém entendeu.

A atitude do árbitro gerou perplexidade e inúmeros protestos da torcida, já que o camisa 18 tem se tornado referência da equipe de Milton Mendes e a suspensão automática certamente causará prejuízo no jogo contra o Joinville. Mas, para piorar a situação, a forma como o lance foi descrito na súmula pode causar problemas ainda maiores ao Furacão. É que, muito embora estivesse a vários metros de distância do atleta quando empunhou o cartão vermelho, no documento Thiago Duarte Peixoto descreveu com precisão cirúrgica o motivo da expulsão:

"Após ser informado pelo quarto arbitro sr. rodolpho toski marques, expulsei de forma direta o atleta da equipe do atlético paranaense o sr. walter henrique da silva de nº 18, aos 41 minutos do segundo tempo, por se deslocar ate o quarto arbitro e proferir as seguintes palavras: ‘você não viu a falta, esta fazendo o que ai, não serve para nada vai tomar no seu cú’. após ser expulso o referido atleta veio em minha direção colocando seu rosto bem próximo ao meu proferindo as seguintes palavras: ‘caralho, porra o que você esta fazendo, que marra do caralho apita essa porra você apitou a onde?’"

Infelizmente, o excessivo rigor por parte dos árbitros em casos de reclamação tem marcado o Campeonato Brasileiro, a partir de uma recomendação da CBF. Em matéria veiculada pelo portal da ESPN, comentários de vários jogadores foram destacados a respeito. Entretanto, no caso de Walter, as consequências podem ser graves.

Isso porque, com base no relato do espalhafatoso árbitro, o procurador-geral do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), Paulo Schmitt, já prometeu oferecer denúncia enquadrando a atitutde do atacante rubro-negro em dois artigos do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBDJ), o que pode render punição de até 12 jogos para o atleta.

Segundo Schmitt, Walter pode ser denunciado com base no art. 243-F, que fala em "ofender alguém em sua honra", bem como no art. 258, que trata de "desrespeitar os membros da equipe de arbitragem ou reclamar desrespeitosamente."

Apesar de a acusação configurar aparente "bis in idem",¹ já que ambas as (supostas) ofensas foram dirigidas à equipe de arbitragem no mesmo lance, fato é que o Departamento Jurídico do Atlético deve ter trabalho para fazer a defesa do jogador.

¹ Juridicamente, chama-se bis in idem o fato de se punir alguém duas vezes pelo mesmo fato.