Da desconfiança à vice-liderança
Quando foi anunciado pelo Atlético de forma oficial, no dia 20 de Abril, o técnico Milton Mendes foi recebido com total desconfiança pela torcida. Os mais de 75% que votaram "Não" na enquete Você aprova a contratação do técnico Milton Mendes?, feita pela Furacao.com, apenas mostraram o tamanho da frustação da torcida ao ver a chegada do quarto treinador no ano, contando Marcelo Vilhena no Sub-23, sendo este um desconhecido do público em geral.
Com a carreira quase em sua totalidade fora do país, onde também conseguiu os títulos de qualificação da UEFA para treinadores, Milton teve apenas uma breve passagem pelo Paraná Clube em 2014 que foi interrompida após derrota para o Sub-23 rubro-negro e pela Ferroviária de Araraquara, clube parceiro do Atlético, no Brasil. Na equipe paulista, Milton fez bela campanha na Série A2 do Paulista e levou a equipe ao acesso e ao título da competição.
Mas de equipes como o Paraná Clube e a Ferroviária para um clube do porte do Furacão disputando a primeira divisão nacional, os níveis de dificuldade e de exigência são completamente diferentes. Como o treinador passou de contestado e dado como demissão certa ainda no início do Brasileiro para uma certeza no vice-líder da competição? A Furacao.com enumerou algumas razões.
1- Reforços: é inegável que Milton teve ao seu dispor jogadores melhores do que seus antecessores, Enderson Moreira e Claudinei Oliveira. A começar por Walter, o grande jogador da ofensiva atleticana, que foi contratado por indicação de Enderson, mas não chegou a jogar com o treinador. Além do atacante, o meia Nikão só atingiu um físico desejável para a disputa das partidas com o treinador; antes, o meia apenas entrava no final dos jogos. O zagueiro titular Kadu, o meia Giovanni e o atacante Ytalo também só jogaram com o treinador, além do volante Jadson, que havia feito apenas uma partida com Enderson.
2- União do grupo: o técnico é o paizão do elenco. Milton chegou pregando união e esforço coletivo e trouxe o grupo de jogadores para o seu lado. Em várias entrevistas o treinador chama o elenco de família, e os jogadores dizem que ele os trata como filhos. O técnico até ganhou o apelido de Cebolinha dos atletas e chegou a ser chamado de um cara da p… por Walter.
3- Sequência caseira: a marca expressiva de 5 vitórias em 7 jogos, levando a equipe ao melhor início de Brasileiro da história do Atlético, teve grande participação do fator Baixada. Foram quatro jogos no Caldeirão, com 100% de aproveitamento e nenhum gol sofrido. Na 1° rodada, 3 a 0 no Internacional; na 3° rodada, 1 a 0 no Atlético-MG; na 5° e 6° rodadas vitórias sobre Figueirense, 1 a 0, e Vasco, 2 a 0.
4- Dupla de volantes: Deivid sofreu uma lesão na coxa após a derrota para o Goiás, ainda na segunda rodada, e botou uma dúvida na cabeça de todos: quem ocuparia seu lugar? Milton escolheu Otávio ao invés de Jadson e ainda manteve Hernani na equipe. O que parecia ser um erro pela falta de características defensivas de ambos acabou se tornando um dos maiores acertos do treinador. A dupla de pratas da casa tem dado vida nova ao meio-campo, ajudando na saída de bola e na armação de jogadas, fazendo com que o contra-ataque rubro-negro possa funcionar com a qualidade e a velocidade necessárias para levar perigo. O bom posicionamento de ambos, na maioria das partidas, compensa a falta de cacoete para a destruição de jogadas que os atletas demonstravam possuir.
5- Compactação defensiva e transições rápidas: quando chegou ao Clube, Milton confirmou: o Atlético tem um sistema de jogo instituído pela sua direção. No caso, o sistema é o 4-2-3-1. Impossibilitado de realizar grandes mudanças no sistema, coube ao técnico partir para outros aspectos da tática no futebol para dar uma nova cara ao time. E deu certo. O Atlético sob sua batuta é bastante compactado, com uma distância curta entre as linhas de defesa e de meio-campo sempre com ao menos um jogador presente entre ambas e de meio e ataque. Além da compactação defensiva, a equipe também possui uma boa velocidade nas transições ofensivas, quando o time recupera a posse de bola e inicia um ataque, e defensivas, quando a posse de bola é perdida.