Henrique Gaede responde a Petraglia
O sócio atleticano e ex-membro do conselho administrativo durante e gestão 2009-2011, Dr. Henrique Gaede, encaminhou ao clube e a diversos órgãos da imprensa sua resposta ao pedido de ajuda à oposição formulado pelo presidente Mário Celso Petraglia.
Confira abaixo a íntegra de suas colocações sobre o convite para servir de intermediador nas negociações que envolvem a dívida do clube devido às obras na Arena da Baixada, em especial com a Prefeitura de Curitiba:
RESPOSTA AO SINCERO CONVITE
Passada a euforia, e a nova decepção do Atletiba, me ative a releitura da Carta intitulada Um sincero convite ao candidato de oposição, escrita por Mário Celso Petraglia, presidente do Clube Atlético Paranaense, e a mim parcialmente dirigida, onde sou convidado a ser o novo procurador do Clube na tentativa de um acordo com a Prefeitura.
Se num primeiro momento suas palavras me causaram uma certa surpresa, após contextualizá-las, a surpresa deixou de existir. Explico, é que não se ensina truque novo a cachorro velho.
Nosso presidente tem suas convicções, e acredita piamente no seu projeto, o qual, ao menos neste momento, não me cabe qualquer juízo de valor.
Assim, voltarei minha atenção apenas à resposta ao seu convite:
1) Nunca me furtaria a ajudar o Clube Atlético Paranaense. Para mim, por motivos óbvios; para outros, não tão óbvios assim. É que paixão não se explica, apenas se vive. Acredito que, dentro de uma nova política do futebol, há espaço para acolhê-la. Não vejo qualquer sentido em renegar esse sentimento, ou gerir um clube de futebol simplesmente a desconsiderando;
2) Receber um convite dessa grandeza seria uma honra, caso não estivéssemos às vésperas de um processo eleitoral que, aliás, ainda não apresenta todas as suas alternativas e variáveis. Poderei sim ser um candidato, como sugere nosso presidente, mas faço parte de um grupo de pessoas que têm ideias de transformação e renovação, e assim é preciso que haja um amplo debate, para que aquilo que for idealizado na campanha possa ser viabilizado durante a gestão. Não tenho qualquer interesse em ser candidato de mim mesmo, e muita água passará por debaixo dessa ponte, até que haja uma definição;
3) Mas nem só de paixão vive o homem. É preciso alimentá-la por meio da razão. E é aí que as maiores divergências passam a se apresentar. Não acredito mais na velha política, daquela que não considera a existência de amizades sinceras. Acredito na transformação por meio da transparência nas relações e no diálogo. Como também sou cachorro velho, já não tenho mais aptidão para aprender novos truques;
4) Quando me refiro a mudança de interlocução, não é apenas para casos pontuais. É necessária uma mudança da filosofia que promova um reestabelecimento da confiança. Isso infelizmente não pode ser explicado numa resposta que pretende ser objetiva;
5) Se enganam aqueles que pensam que faço parte do time do quanto pior melhor. Muito pelo contrário. Quero ver o Clube Atlético Paranaense patrimonialmente consolidado, dando valor ao seu apaixonado torcedor, batendo recorde de público se possível, renda – e, principalmente, formando times competitivos que nos tragam possibilidades reais de títulos, em todas as competições. Acredito que conseguiremos, pois não pretendo fazer isso sozinho.
Por fim, e quanto às supostas relações de amizade que eu teria junto à Prefeitura, digo que para algumas soluções não bastariam relações de amizade. Independentemente de convicções políticas, sei que se trata de gente séria, que administra a cidade com base em decisões técnicas, e o encerramento natural de um ciclo de gestão é um dos seus importantes balizadores. Sabemos disso, cachorros velhos que somos. Exigir um encerramento antecipado desse ciclo não faria justiça à sua história junto ao Clube Atlético Paranaense.
Agradeço ao Presidente Mario Celso Petraglia pela oportunidade de minha manifestação, reconhecendo nele, publicamente, a figura de um grande Atleticano, que já contribuiu muito para com o nosso Clube.
Henrique Gaede
Torcedor do Clube Atlético Paranaense