Passado, presente e futuro
Sou nascido e criado no Água Verde, nasci em 86 e sou de uma geração de atleticanos que viu, muito rapidamente, o Atlético Paranaense sair de um estágio muito simples a um patamar muito maior em muito pouco tempo. Meu primeiro jogo no Joaquim Américo foi em meados de 1993 e desde então a minha vida se confundiu com a de nosso clube. Na colégio do bairro, na Escola Estadual João Turin, nunca me esqueço das ‘gazeadas em massa’ dos alunos para ver o velho ônibus do Furacão entrando na Baixada e conferir o treino do badalado time de 1995 (com boa parte da piazada vestindo o ‘boné do Oséas’). Sei que eram outros tempo e que existem milhões de atleticanos muito mais velhos e cheios de outras histórias, mas tive o prazer de viver a Velha Baixada.
Como diz meu velho pai, eu ‘conheço o Atlético vencedor’, pelo jeito tudo era muito mais difícil antes da nossa ‘revolução’. O Atlético nunca foi, não é e nem tão cedo será um grande colecionador de títulos importantes, mas isso não é o que nos importa. Confesso que o que me apaixonou pelo clube foi a paixão e a loucura daquele povo pelo Atlético Paranaense, que independentemente da qualidade dos atletas, via-se em campo o sangue no olho e nas arquibancadas um verdadeiro show à parte. A(s) torcida(s) organizada(s) fazia(m) questão de botar o estádio pra ferver e não ficava(m) de picuinhas como hoje; faziam parte do ‘povão’, coisa que cada dia está mais longe.
Quando amigos e parentes do interior vinham pra Curitiba e me desmereciam pelo fato de não torcer ‘para um time grande’ fato que caíra por água abaixo, por exemplo, naquela partida épica do Atlético contra o Palmeiras debaixo de chuva (ver vídeo no youtube). Como um clube ‘desconhecido’ e com jogadores ‘engraçados’ poderia vencer o time de Cafú, Rivaldo, Roberto Carlos & Cia!? E que torcida maluca era aquela que, numa verdadeira anarquia, transformava o acanhado estádio no nosso ‘Caldeirão do Diabo’!?
Escrevo isso por estarmos em tempos de eleição. O Atleticanismo nos aflora e temos o futuro do nosso clube nas mãos dos sócios. Como torcedor apaixonado, perco horas procurando fatos novos seja na internet, em livros ou em jornais velhos sobre o Atlético. Das últimas ‘descobertas’ a mais gritante de todas é a da involução mental do senhor Mario Celso Petraglia. Seu estado de espírito é inversamente proporcional ao tamanho de clube que nosso Atlético se tornou.
Em vários vídeos antigos, entrevistas mostram um Petraglia simples, que ostentava com um sorriso de criança ante a então recém-conquistada faixa de campeão brasileiro da Série B de 95. As próprias campanhas do clube eram realmente rubro-negras, era claro que estávamos sendo comandados por gente apaixonada, como nós; gente que chorou quando demoliram o velho Joaquim Américo, mas que se amontou na fila para garantir seu pedacinho de tijolo; gente que dava um jeito de ir dar um espiadinha nas obras do nosso estádio novo! Enfim, do mais simples torcedor até o presidente, a paixão era a mesma e isso nos fazia invejados antes de tudo.
Este senhor teve a cara de pau de ir no ESPN e bater no peito com orgulho dizendo que ‘em 20 anos nunca investiu em futebol’. Ledo engano, ele mesmo não reconhece o próprio trabalho. ‘Investir em futebol’ não é contratar medalhões e/ou jogadores caros. É também contratar certo, se for barato então muito melhor! O nosso olheiro Ticão (se não me engano já falecido) era craque nisso. Flávio, Gabiru, Kelly, entre tantos outros, vieram no mesmo caminhão e eram jogadores baratos, mas não jogadores sem valor, pelo contrário.
Como não lembrar da inauguração do novo Joaquim Américo Guimarães, que depois foi popularmente alcunhado simplesmente como Arena da Baixada!? Um espetáculo belíssimo, com direito a show de luzes, uma festa louca da torcida, decoração rubro-negra por todos os lados, xingamentos ao Coxa, Lerner e a maravilhosa sensação de ter voltado pra casa. E que casa!!!
Nesse meio tempo, o coronel enfiado até o pescoço em denúncias de corrupção, foi salvo em grande parte pela torcida atleticana que foi às ruas defendê-lo. A gratidão que hoje ele tanto prega veio já na segunda ou terceira partida em casa em 1999, contra o Santos: R$ 30 o ingresso, um preço absurdo para a época. O povão bateu o pé e a briga começou e com isso ele soltou a pérola que ‘não importa quantos torcedores o Atlético tenha, eu quero saber quantos consomem a marca CAP’. A partir daí começaram-se as divisões por setor, vidros separando quem eram da reta ou das organizadas; proibição de bandeiras, faixas, baterias, enfim… uma elitização doentia por parte de alguém que deixou o poder subir à cabeça. Pior que isso, aquele sujeito apaixonado, sonhador e bacana, virou um velhaco rabugento, sem educação e sem respeito. Por várias vezes o nosso caldeirão foi esfriado pela simples vontade do mandatário e pelo círculo de puxa-sacos criado em torno dele nesses 20 anos dele no Clube. Uma placa infame fora colocada nas bilheterias com os seguintes dizeres: ‘Não pergunte o que o Atlético pode fazer por você e sim o que você pode fazer pelo Atlético.’
Mas a coisa andava muito bem no futebol, então por mais falastrão e malcriado que fosse o Petralha, pouco importava, pois no futebol estávamos fazendo nossa ‘bela época’. Mas a falta de senso de ridículo e o pavio curto do Sr. presidente nos prejudicou seriamente durante a campanha de 2004 e em 2005, o estádio que já deveria estar pronto em 2002 ainda estava inacabado. Aí deu no que deu, não é de hoje que o prometedor promete e arranja desculpas e cria inimigos de graça por causa disso.
Briga com a torcida, briga com a imprensa, briga com jogador, briga com as organizadas, briga com políticos, enfim, não ajudaram em nada e só denegriram sua imagem que hoje é igual de qualquer político desonesto e mentiroso.
A nova Arena ainda está inacabada. E muito inacabada. Nem sequer ainda foi inaugurada. Queremos uma inauguração em Vermelho e Preto, pouco importa se as cadeiras são cinzas ou não, mas quero saber é do estádio do Atlético Paranaense! Símbolos do clube, nosso mascote (o velho cartola e não aquela caricatura com a cara de Petraglia), bandeiras, faixas não só dos Fanáticos mas de todo torcedor que queira levar seu material pro dia do jogo.
Teria muito mais a escrever, hoje em dia moro fora do Brasil e não sou sócio. Se fosse, votaria no tal do Gaede, mais por pensar que o coronel precisa de um tempo. Ele precisa se tocar. Nos desrespeita a toda hora, xinga de falacianos, manda plantar batatas, etc etc etc. E, como perdeu o tesão pelo esporte e pelas vitórias, quer externar o cinza da alma sebosa que possui a todos os Atleticanos e ao próprio Atlético.
Gostaria de ter o Petraglia engajado, torcedor e apaixonado de 1995 e não este sujeito amargurado, deprimente e língua de trapo.
Saudações Rubro-Negras!