25 jan 2016 - 7h50

Marca histórica: os 1.066 minutos de Altevir Sales

O Atlético possui grandes goleiros que fizeram história, como Caju, Ricardo Pinto e Flávio. Outro que também se destacou no Rubro-Negro foi Altevir Sales. Defendendo as cores do clube, Altevir possui uma marca que nenhum outro goleiro do Furacão tem: são 1.066 minutos sem tomar gols, ou seja, 11 partidas completas (somados tempo extra, prorrogação e 16 minutos iniciais contra o Grêmio Maringá até ser vazado).

Titular da posição durante boa parte dos cinco anos que passou no Furacão, entre 1972 e 1977, Altevir Sales tinha, segundo ele, três qualidades fortes: uma ótima saída de gol, agilidade e frieza. O ex-jogador ainda fez um paralelo com o nosso atual camisa 12.

Para ele, Weverton também tem grandes qualidades na saída do gol, na agilidade e um ótimo tempo de bola. Além dos atributos, o ex-goleiro acredita que o camisa 12 possa chegar à Seleção. "É um goleiro muito ágil e tem uma boa a saída de gol. Ele só não está na Seleção porque ele está no Atlético, e a gente sabe que nós ainda não temos essa força toda, mas qualidade para estar lá ele tem", opinou.

Altevir encerrou sua carreira em 1985, no Botafogo de Ribeirão Preto. Já foi técnico de clubes amadores e, atualmente, trabalha como comentarista de futebol amador em uma rádio da capital. Apesar disso, não deixa de acompanhar e torcer pelo Atlético.

O ex-goleiro do Furacão também falou com a Furacao.com sobre seu tempo de atleta, sua relação com o Rubro-Negro e a expectativa para a temporada 2016. Confira a entrevista completa:

Como é a sua relação com o Atlético, desde que você chegou até hoje?

Falar de Atlético é sempre muito bom. Eu tive 19 anos de carreira profissional e por cinco anos eu defendi o Atlético. Demorei um pouco para assumir a titularidade, cerca de um ano, mas depois joguei quatro anos seguidos. Fiquei fora de apenas três partidas. Eu tenho um grande carinho pelo Atlético, é um time que era meu time de infância, daquele menino que ia ao campo, que sonhava um dia vestir a camisa do Atlético e parecia que isso nunca ia acontecer. Saudades do meu pai, que era atleticano, que me levava no campo quando eu era menino. Depois de rodar pelo interior, dei a volta e consegui chegar ao Atlético e realizar um sonho, que acho que todo menino tem que é jogar no seu time do coração. Então, minha relação com o Atlético é de carinho e de carinho também com os torcedores. Onde eu encontro torcedores do Atlético, eles me tratam de uma maneira diferenciada, e isso faz bem para a gente. É um reconhecimento.

Hoje em dia, o senhor acompanha o Atlético?

Eu acompanho as notícias do Atlético, vou ao campo, tenho ido a Arena para assistir aos jogos e torcer. A gente quer ver o Atlético cada vez maior. Hoje, nós já somos uma grande potência mundial, nós temos um estádio de primeiro mundo. Eu sei que às vezes a torcida reclama, quer um estádio, quer time, tudo ao mesmo tempo, mas eu acho que, com um pouco de calma, um pouco de tranquilidade, vamos voltar a ter grandes times. Eu acompanho bem de perto o Atlético e torço bastante.

Quais eram suas principais qualidades embaixo das traves?

Eu tinha pelo menos três qualidades que faziam com que eu fosse acima da média. Tinha uma ótima saída de gol nas bolas cruzadas, nas saídas de frente e nas bolas que eram lançadas em profundidade para o adversário. Debaixo do gol, eu tinha muita agilidade tanto nas bolas altas quanto nas bolas rasteiras, e é uma qualidade que acho fundamental para um goleiro. E eu sempre fui muito frio, mesmo quando o jogo estava na temperatura máxima, isso me dava a tranquilidade para me posicionar e orientar minha zaga.

Como foi conquistar o recorde de 11 partidas sem levar gols no Atlético?

Foi uma época de ouro, da qual eu tenho boas lembranças. A gente acabou ficando em terceiro lugar no campeonato. Eu vinha de uma invencibilidade de 11 jogos sem levar gols e, no jogo do quadrangular final do Paranaense, eu acabei levando um gol contra. Mas eu só tenho a agradecer a minha defesa que me ajudou a chegar a uma marca que hoje é reconhecida pela Fifa. Meu recorde é o 14º do mundo e o sexto do Brasil. Foi uma época difícil, uma época que a gente tinha mais dificuldades, mas que eu tenho muitas saudades. E esse reconhecimento da minha marca, a gente também deixa também para o Atlético. É uma marca positiva para o clube também.

Durante cinco anos, o senhor defendeu as cores do Furacão. Foi sua melhor passagem por um time de futebol?

Com certeza a minha passagem pelo Atlético foi a melhor da minha carreira. Eu tive bons momentos também nos outros clubes onde passei, como no Botafogo de Ribeirão Preto. Mas, com certeza, minha melhor performance como atleta foi no Atlético.

Qual seu jogo inesquecível dentro do Atlético?

Quando eu cheguei, demorei para conquistar minha posição. Goleiro é complicado. Um jogador de linha, ele entra em outra posição, mesmo que não seja a sua posição original, mas ele entra. Goleiro só entra no gol, não tem jeito. Eu sabia que estava ficando na reserva de grandes goleiros, como Picasso, que foi goleiro do São Paulo e da Seleção, e o próprio Gainete. Fiquei lutando muito. Em 73, joguei algumas partidas do regional, joguei alguns torneios, mas não consegui a titularidade, principalmente por eu ser da casa, de Curitiba. Mas minha grande oportunidade surgiu na primeira partida do Brasileiro de 74, em uma partida no antigo Belford Duarte, hoje Couto Pereira, contra o Internacional, que era o grande bicho papão da época e tinha jogadores de seleção. Nós tivemos uma vitória sensacional. Foi 1 a 0 e foi, talvez, a melhor partida da história da minha carreira. Isso me deu forças e condições de me firmar definitivamente como titular do Atlético.

Acha que Weverton tem chances de seleção?

O Weverton, não só pelos bons jogos em 2015, mas pelo que ele já fez pelo Atlético, pelas campanhas que ele já fez. O Weverton foi um dos principais jogadores, foi um dos responsáveis pela nossa volta à série A (em 2012). Então, eu admiro muito as qualidades dele. Ele, apesar de ter mais de 1,90, é um goleiro muito ágil e tem uma boa a saída de gol, não só nos cruzamentos na área, mas em bolas em profundidade quando são lançadas contra a nossa defesa. Ele tem um tempo de bola espetacular e é um goleiro de qualidade. Vejo que ele tem muita chance de chegar à Seleção. Ele só não está na Seleção porque ele está no Atlético, e a gente sabe que nós ainda não temos essa força toda, mas qualidade para estar lá ele tem.

Para o senhor, o que está faltando para o Atlético conquistar títulos?

Chegar a um título de Campeonato Brasileiro é dificílimo. É uma série de fatores. Nós trouxemos um jogador que hoje ídolo da torcida, e eu sou fã dele inclusive, que é o Walter. Mas é difícil para um time como o nosso, com as condições financeiras que nós temos investir em jogadores caros, mas eu acho que o Atlético está em boas mãos e sempre esteve em boas mãos. Nós temos um bom trabalho de base também, mas a gente precisa ter pelo menos uns cinco jogadores acima da média para poder brigar lá em cima. Ser campeão é difícil. Não é tão simples dizer quais são os fatores para se conquistar um título.

Qual sua expectativa para a temporada 2016 do Atlético?

Minha expectativa para o ano é otimista, principalmente em relação às contratações. Achei muito bons os nomes que chegaram, e penso que vamos ter um ótimo 2016.

Relação dos jogos em que Altevir Sales ficou invicto pelo Campeonato Paranaense de 1977:

25/06/77 – Atlético 1×0 Londrina
29/06/77 – Atlético 6×0 Mourãoense
03/07/77 – Coritiba 0×0 Atlético
10/07/77 – Atlético 1×0 Colorado
13/07/77 – Atlético 0×0 Matsubara
17/07/77 – Iguaçu 0×0 Atlético
20/07/77 – Atlético 0×0 Coritiba – Prorrogação: Atlético 1×0
31/07/77 – Atlético 0×0 União Bandeirante
07/08/77 – Matsubara 0×1 Atlético
14/08/77 – Colorado 0×0 Atlético
17/08/77 – Atlético 1×0 Iguaçu



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