22 fev 2016 - 7h00

Raio-X sobre a grama sintética da Baixada

Depois de três meses após o anuncio oficial da instalação do gramado sintético na Arena da Baixada, o novo gramado do estádio atleticano vai ser inaugurado, na partida contra o Criciúma, pela Primeira Liga, que acontece na próxima quarta-feira (24).

O clube tenta resolver um problema histórico do estádio, localizado em uma região geográfica peculiar. Mesmo assim, ainda não há um consenso sobre como será a dinâmica do jogo no novo relvado atleticano.

Histórico de Problemas

O problema com o gramado da Baixada é antigo. Localizado acima do Rio Água verde, o gramado sofreu com a umidade. Não bastasse isso, após a construção da Arena, em 1998, uma das coberturas passou a tapar a luz do Sol, sendo que o quadro se agravou com a construção da Arena FIFA, em 2014, e o teto retrátil, no ano passado. A iluminação artificial, usada para suprir a luz natural, foi considerada muito cara pelo clube.

Sicupira, ex-jogador do Atlético, revelou que, ainda no seu tempo como jogador, na década de 1970, havia problemas no gramado: “Temos que considerar a presença do Rio Água Verde na região. Ainda no meu tempo, havia jogos em que não podíamos nem passar pelo túnel que dava acesso do vestiário ao gramado, porque alagava. Com a construção da Arena, a luz do Sol foi tapada, e um lado inteiro do estádio ficou prejudicado. Depois das obras da Copa, piorou”, disse o ídolo atleticano.

Para resolver os problemas, o clube decidiu aderir ao gramado sintético, em novembro do ano passado. Na época, Luiz Sallim Emed, agora presidente do Atlético, disse que a decisão era acertada: "É uma decisão institucional, que vocês perceberão que será para o bem do nosso Clube", disse, ao site oficial.

Cristian Toledo, comentarista da RPC TV, acredita que a instalação da grama sintética é uma alternativa viável: “Da forma como o gramado estava castigado, e com a falta de soluções apresentadas no período após a Copa do Mundo, era preciso agir, e a decisão é compreensível”, disse.

Vantagem para o Rubro-Negro?

Apesar de ser uma novidade no Brasil, a grama sintética já é adotada em outros estádios ao redor do mundo. O produto que vai ser utilizado na Arena da Baixada, da GV Group, já é utilizado no Estádio do Bessa, do Boavista, de Portugal, e no Stadio Silvio Piola, do Novara, da Itália.

O gramado não possui borrachas e a empresa garante sua proximidade com a grama natural, sendo que o tipo de chuteira utilizada pelos jogadores é a mesma do que na grama natural. No caso do Boavista, no entanto, a liga portuguesa proibiu o uso do gramado sintético a partir de 2017, mas o clube promete entrar com um recurso para manter o seu uso.

Ainda no dia do anuncio, administradores do Atlético e da GV Group comentaram sobre a tecnologia da grama sintética escolhida,"Vamos fazer um gramado FIFA duas estrelas ou FIFA Pro. Tem muita aproximação com os melhores gramados naturais", disse Luis Botas, CEO do GV Group, ao site oficial, na época.

Carneiro Neto, da Gazeta do Povo, acredita que mesmo assim o Atlético pode tentar tirar proveito do fator gramado sintético. “O Atlético tem que tirar proveito disso. Se instalar o gramado sintético também no CT, vai poder explorar a falta de adaptação dos adversários. Mas a grama sintética evoluiu muito, e só o tempo vai dizer como será a dinâmica de jogo”, ponderou.

Já Cristian Toledo, argumenta que o Rubro-Negro pode ter vantagem, mas ela será menor a medida que o gramado for próximo ao natural: “A vantagem virá depois da adaptação, que também não será simples. Há a promessa de esse gramado sintético ter características mais próximas às do gramado natural. Se isso acontecer, acelera a adaptação, mas ao mesmo tempo facilita a vida de quem vem de vez em quando”, explica.

Jogo mais rápido

Sem contar com irregularidades, o gramado sintético tende a propiciar um jogo onde a bola corre de forma uniforme. Na opinião de comentaristas, isto deve deixar os jogos na Arena mais rápidos.

Sicupira, defende que o jogo pode ficar mais acelerado, mas não de forma significativa: “Não há como saber com exatidão neste momento, mas o jogo deve ficar mais dinâmico, mas não muito mais do que era com a grama natural”, conversa.

Cristian Toledo, acredita que o novo piso vai favorecer um jogo de troca de passes: “Na teoria, é para ser um jogo mais rápido. Mas um bom gramado, e se o sintético realmente for próximo ao natural, facilita um jogo de passes, o que o Atlético vem tentando fazer desde a chegada do Cristóvão Borges”comenta.



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