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22 ago 2016 - 16h58

Longo e chato, mas com a melhor das intenções

Para início de conversa, considero e sempre considerarei a Fanáticos como absolutamente fundamental para o CAP. Nesses últimos trinta anos, essa Torcida Organizada, por assim dizer, acabou se fundindo com o Clube, com ele formando, por assim dizer, um só corpo e uma única alma. Por diverso prisma, compreendo muito bem os porquês da indignação de muitos de nossos irmãos rubro-negros, principalmente no que diz com as atitudes do Mário Petraglia.

Na verdade, tudo gira em torno de um imenso paradoxo: o CAP, em verdade, tornou-se refém de seu próprio tamanho -é que, ao longo desses últimos vinte anos, como Clube e como Empresa, nenhum (uma) outro (a) evoluiu e cresceu tanto no Brasil -quiçá no mundo-. É uma estrutura tão gigantesca que não mais se compadece com a emoção e com a paixão características de milhares e milhares de torcedores que gostariam de administra-lo priorizando o futebol (feliz ou infelizmente, não se sabe ao certo). Embora o CAP seja exclusivamente ‘futebol’, seu crescente gigantismo acabou implicando uma necessária diversificação de atenções e de preocupações. A sua importância, nos dias que correm, não há negar, diz também com a própria arrecadação de tributos e potencial empregatício direto e indireto.

O CAP, dessa arte, queiram ou não, passou a fazer parte do rol de empresas que contribuem de maneira significativa para a economia de nossa Cidade e do próprio Estado. Dirão muitos: isso não nos interessa; queremos é ‘time’ competitivo e vencedor. Mas quem não quer, não é mesmo? Aí está o ponto fulcral da questão: para finalmente conseguir ser efetivamente competitivo e vencedor, o CAP não possui outra alternativa a não ser crescer ainda mais como empresa e se utilizar cada vez mais de sua hoje já formidável estrutura para ‘fazer dinheiro’ e, de consequência, investir cada dia mais e mais no ‘futebol’ – é o que está começando a acontecer-. É pueril e ingênuo acreditar que chegará o dia em que o CAP receberá ‘verba de televisão’ correspondente sequer à metade do que receberão –aliás, já recebem- Clubes como Flamengo, Corinthians, ou até mesmo Palmeiras, Grêmio, Cruzeiro, entre outros partícipes desse Clube de 12 integrantes absolutamente fechado e inacessível.

Ora, se Corinthians e Flamengo, pelo quanto já são privilegiados, geram descontentamentos e reclamações dos próprios outros dez participantes desse mesmo Grupo, é de se imaginar o tamanho da diferença existente entre o montante da verba que a TV paga para um desses aí e a que paga, por exemplo, para o nosso CAP, para o Coxa, ou para outro que se encontra no mesmo patamar. Uma coisa é certa: como isso tudo não vai mudar, quem precisa construir as suas próprias futuras autossustentabilidade e competitividade são os próprios Clubes que hoje estão fora do “rol dos favorecidos”. Ao meu ver , um dos –se não o único- que possui esse potencial para curto e médio prazo é o nosso CAP. Pergunto: não fosse toda essa infraestrutura que felizmente já possuímos para “fazer dinheiro” num futuro próximo sem depender exclusivamente das “verbas da televisão” que, como recentemente afirmou o polêmico Eurico Miranda, é a maior e mais importante fonte de renda do nosso futebol, quais seriam as nossas perspectivas de nos tornarmos competitivos no cenário futebolístico nacional e internacional? ABSOLUTAMENTE NENHUMA!!!

E mais, não vamos esquecer que presentemente os esforços maiores dos detentores do monopólio da mais efetiva e influente mídia nacional (Rede Globo de Televisão et caterva) estão direcionados e centrados no firme propósito de “espanholizar” o nosso futebol, ou seja, transformar Flamengo e Corínthians numa espécie de Barcelona e Real Madrid do Bananão (esses revezando-se na hegemonia do futebol tupiniquim e todos os demais coadjuvantes de primeiro e segundo escalões). Tanto isso é verdade que os próprios outros dez integrantes desse malsinado Clube dos Doze não estão nada satisfeitos com o rumo que as coisas estão tomando –e nem poderiam-. Ora, se esses não estão, imagine os que estão fora desse “seleto” é impenetrável círculo.

O Petraglia pode ser o que vocês quiserem –ele é como todos nós somos , com as nossas virtudes e defeitos-, mas ele foi capaz de enxergar tudo isso que hoje está a acontecer no nosso futebol lá atrás, há vinte anos. Não se iludam, pois, com ilusórios imediatismos, irmãos rubro-negros do Paraná. O CAP, ao contrário de muitos outros –escrevam-, não morrerá, pois é uma estrela que adquiriu luz própria e, por isso, nunca será refém de quem quer que seja para continuar a existir e a brilhar (o pedido do nosso eterno Jofre Cabral e Silva, portanto, está atendido –ele disse: “não deixem o meu Athlético morrer”-).

O Coxa, por exemplo –se já não demasiado tardiamente-, percebeu tudo isso somente agora. Estivesse o MCP tão errado assim, certamente o Coxa não teria o seu recentemente declarado propósito de começar a fazer agora exatamente tudo aquilo que levamos –por obra e sob o comando do MCP- mais de vinte anos para fazer. Respeito a opinião de todo o irmão torcedor que for contrária à minha, mas já ficarei satisfeito se o que ora estou a dizer ao menos seja objeto de sua reflexão. Um forte e fraterno abraço em todos.

PS: antes que alguém diga alguma coisa quero aqui deixar claro que sequer conheço o Mário C. Petraglia, não lhe devo nada e nem estou a tecer loas a ele, pois NÃO PRECISO DISSO, OK?



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