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21 jun 2017 - 22h32

A ilusão do saber sofrer.

Nossos técnicos são espertos em usar licenças poéticas para dissimular nossas atuações. Autuori usava “saber sofrer” e Eduardo Batista parabenizava pela “doação”.

Ambas as expressões no fundo significam que jogamos mal, mas conseguimos algum bom resultado. Transformam nossa fragilidade em qualidade para nos iludir que temos um time guerreiro.

São situações bem diferentes “querer ganhar” e “não querer perder”. Saber sofrer e se doar se referem a segunda hipótese.

Nosso time não tem o sangue nos olhos dos que querem ganhar.

As duas vitórias recentes surgiram pelas surpresas do acaso. Esmagado pelo Atlético MG durante 89 minutos e surge um gol salvador em razão da lambança do zagueiro. Contra o Atlético GO um gol relâmpago e o esforço sobre-humano da nossa zaga nos dão nova vitória, mas os goianos tiverem quase 70% da posse de bola. Dois casos de ataque contra defesa.

Ficamos torcendo mais para não sofremos gols do que para marcar algum, porque sabemos que nosso ataque não existe. Basta ver quantos gols nossos atacantes fizeram.

Mas porque isto acontece? Devido a duas características do nosso time:

– a dificuldade que temos de desarmar as jogadas dos adversários. Prestem atenção como sempre estamos correndo atrás. Até Otávio que há dois anos era tido como o campeão em roubadas de bolas, hoje praticamente não consegue mais. Limita-se a cercar e quando decide ser mais contundente leva dribles desconcertantes.

– a facilidade com que entregamos as bolas para os adversários. Basta uma aproximação que logo querem se desfazer pela incompetência em mantê-la sob controle. O tal toque de primeira é a insegurança de perder.

Estas duas características são consequência da baixa qualidade técnica dos nossos jogadores. Basta analisar cada um e ver que temos muito poucos jogadores habilidosos.

Se não houver uma completa reformulação no elenco dispensando Douglas Coutinho, Grafite, Lucho, Pablo, Eduardo da Silva, Guilherme, Deivid, Nicolas, Cleberson, Marcão, Paulo André, Crysan e tantos outros seremos um seríssimo candidato a série B.

As vitórias imprevistas acontecem, porém não podemos depender delas e esperar que sempre aconteçam. Para pontuar tem que ter apetite pela vitória e não esperar o milagre do inesperado.



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