"Sem equipe", Atlético ainda poupa no meio da temporada
Depois da humilhante eliminação da Copa do Brasil pelo Grêmio, o Rubro-Negro junta os cacos para tentar terminar de maneira digna uma temporada que parecia promissora. Após encerrar o ano de 2016 com o título paranaense e entre os melhores do Campeonato Brasileiro, o Furacão ganhou a oportunidade de retomar a hegemonia estadual, voltar a disputar uma Libertadores e entrar na fase decisiva da Copa do Brasil.
Mantendo uma lógica questionável, mas que vem se repetindo nos últimos anos, o Rubro-Negro foi ao mercado e montou uma equipe que ninguém viu jogar no começo do ano, porque foi poupada da disputa do Paranaense, disputado por uma equipe alternativa. Nas poucas oportunidades em que a equipe principal esteve em campo, fez vexame. Primeiro sinal de alerta, que foi ignorado.
Veio a Libertadores e, aos trancos e barrancos, o Rubro-Negro conseguiu a classificação em segundo lugar em um grupo realmente difícil. Mas não chegou a apresentar um futebol convincente, tanto que a dança de treinadores começou cedo. Com o início do Brasileirão, as deficiências da equipe ficaram ainda mais evidentes. A defesa, grande destaque da temporada anterior, sofria muitos gols a cada partida e o time figurava na lanterna.
Na Copa do Brasil, meio desfigurado, o Atlético estreou com empate contra o Santa Cruz, fora de casa. Depois venceu na Baixada e garantiu vaga nas quartas de final. Contra o Grêmio, que na primeira partida goleou por 4 a 0 e veio para Curitiba com a vaga debaixo dos braços. Mas se alguém poderia imaginar que os gaúchos armariam uma retranca para segurar a vantagem, enganou-se. A equipe de Renato Gaúcho pôs a equipe de Fabiano Soares que, segundo o próprio, não é bem uma equipe, na roda. E venceu novamente, por 3 a 2.
O que chama a atenção neste caso é que, mesmo tendo poupado jogadores desde o início do ano, mesmo tendo trazido reforços e dispensado jogadores supostamente problemáticos, o Atlético já teve três técnicos e nenhuma equipe titular definida até meados de agosto. Com competições importantes em andamento, o torcedor rubro-negro não consegue escalar o time. E numa partida que precisava vencer por pelo menos quatro gols de diferença, o treinador monta a equipe, que não é equipe, poupando jogadores considerados titulares. O vanguardismo atleticano causa surpresa, ou perplexidade.
No confronto desta quinta (25), contra o Grêmio, Fabiano Soares poupou a dupla de zaga (Thiago Heleno e Paulo André), escalando Wanderson (que vinha jogando esporadicamente) e Cleberson (esquecido até pela torcida). Deixou o titular Sidcley no banco para escalar Nicolas na lateral esquerda e poupou Lucho González para promover a entrada de Eduardo Henrique. Otávio foi poupado por "problemas burocráticos" (mencionados pelo treinador na coletiva pós-jogo, que segundo especulações da imprensa estão relacionados a uma transferência do jogador para o Bordeaux). Vale lembrar que ele já não contava com Nikão, suspenso, e Jonathan, machucado.
A postura do Atlético de poupar jogadores não é novidade. O que não se compreende é como uma equipe, que não é equipe, pretende obter resultados sem o mínimo de coerência na escalação e deixando de por em campo aquilo que tem de melhor, mesmo numa partida decisiva como esta diante do Grêmio. Isso sim é quebrar paradigmas. Mas a torcida atleticana não aguenta mais. Passou da hora de o Rubro-Negro ter equipe.