5 abr 2019 - 13h51

Festa em Paranaguá

A charmosa Paranaguá, terra de muitos atleticanos, seus casarões e o simpático Leão da Estradinha tem muitas histórias em comum com o Furacão.

O Rio Branco, de torcida aguerrida, estádio acanhado, clima de caldeirão… semelhanças que nos remetem ao velho Atlético sem H. Um duelo de quase um século de história.

Rio Branco x Athletico é o confronto fora da capital que recebe a torcida atleticana em maior número. Além disto, a cidade já foi casa rubro-negra em diversas situações em que não era possível jogar em Curitiba.

Duelos recentes

Ano passado, dois jogos muito interessantes ocorreram no Paranaense. Um deles tirou a vaga do Athletico da final do primeiro turno. Um empate sem gols, resolvido nos pênaltis, Athletico 5 x 6 Rio Branco. Neste confronto, o goleiro Jhones brilhou nos 90 minutos e nas penalidades.

Outro, encarado como revanche, no início do returno, marcou o início da revolução de Tiago Nunes, Furacão 7 x 1 Rio Branco, com direito a patuscada incrível do goleiro Jhones, herói, dias antes.

Mas a recordação vem de mais longe, lembra a raça rubro-negra, os tempos difíceis. O clube havia acabado de voltar a série A, a cidade era rubro-negra novamente, Oséas e Paulo Rink haviam se destacado na Série B. Ricardo Pinto aquecia com a camisa da Fanáticos, realmente, outros tempos…

A luta no lamaçal

28 de abril de 1996, Paranaguá abafada, a chuva acabou com qualquer expectativa de se jogar um belo futebol. Jogo truncado. Marcação forte. Estreia de Cabralzinho no comando da equipe. Desfalques de Ricardo Pinto e Jean Carlo.

Mas sempre há o imponderável e ele tem nome, sobrenome, passaporte e dupla nacionalidade: Gustavo Matosas, argentino-uruguaio, roubou a bola no meio, desequilibrou-se, caiu, deu uma cambalhota. Trombou novamente, o adversário despachou a bola num chutão que o acertou no costado, neste bate e rebate, num verdadeiro rali no mangue, todos a esperavam um petardo e o gringo arrematou com a calma de um craque. Tocou por cobertura na saída do guarda-metas Claudinei. GOOOOOOOOOOOL da raça rubro-negra, 16 minutos e o placar aberto.

Bira, que substituiu Ricardo Pinto, estava num dia de pagar seus pecados. Em falhas sucessivas, permitimos o empate e a virada em bolas alçadas na área. Donizete empatou aos 22 e Erminho virou aos 41’, ainda no primeiro tempo.

Segundo round

Logo no início da segunda etapa, Jatobá ampliou o marcador aos 7’. Parecia tudo perdido, mas Ira, atacante parnanguara, foi expulso. O torcedor invocou a intercessão de São Ziquita, Paulo Rink descontou aos 16’. A pressão aumenta ainda mais. Numa tentativa desesperada, Paulo Rink marca de mão, gol invalidado e o atacante expulso.

Mas o sofrimento foi recompensado. A pintura de Matosas comoveu São Ziquita. O milagre foi operado. Aos 41’, Sidcley, o primeiro, o autêntico, o irmão de Jean Carlo, empatou a peleja, retribuindo a raça de Matosas.

O placar final, os gols, a escalação, o Athletico não ter sido campeão estadual, ninguém se lembra… O que ficou pra história? O gol de Matosas!!! A raça, a entrega, a certeza de que era possível.

A grandeza deste feito

Nos noventa anos do clube, o jornalista André Pugliesi listou esse gol como um dos mais belos da existência do clube, no jornal Gazeta do Povo.

Que nesse fim de semana, São Nowak, São Ziquita, os arcanjos Washington e Assis e todos os demais santos rubro-negros ajam a nosso favor. Iluminem nossa molecada e nos levem à final do turno.

Ficha técnica

Campeonato Paranaense 1996 – 28/04/1996 – Rio Branco 3 x 3 Atlético

L: Estádio Nelson Medrado Dias (Estradinha, Paranaguá); A: Valdir Festugatto (PR); P: 1.255; R: R$ 13.255,00; CA: Reginaldo, Tanielton e Barra; CV: Ira e Paulo Rink; G: Matosas, aos 16’, Donizete, aos 22′, e Erminho, aos 41′ do 1º; Jatobá, aos 7′, Paulo Rink, aos 16’ e Sidcley, aos 40′ do 2º.

RIO BRANCO: Claudinei; Jatobá, Auri, Donizete e Cavalinho; Macaé, Barra, Júnior (Laco) e Erminho; Amaro (Claudinho) (Mário) e Ira. T: Cláudio Marques.

ATLÉTICO: Bira; Reginaldo (Tanielton), Luís Eduardo, Andrei e Elias (Washington); Alex Lopes, Sidcley, Matosas e Everaldo (Leônidas); Luiz Carlos Matos e Paulo Rink. T: Cabralzinho.



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