9 abr 2019 - 13h52

Tiago Nunes é muito nosso

Meu atleticanismo começou a ser formado desde o dia em que nasci. Era noite de quarta-feira e meu pai, no hospital, se revezava entre ficar no corredor esperando notícias minhas e descer correndo até a portaria para saber o resultado do jogo do Athletico. Eu nasci eram quase 23h. Vencemos o Colorado por 2×1.

Já criança e morando em Piraquara, os meus domingos de Atletiba tinham um ritual diferenciado. O pai acordava, ligava o rádio na Clube (é gollll, que felicidade, é golll, o meu time é a alegria da cidade), hasteava a bandeira do Athletico no telhado da garagem e fazia churrasco. À noite, se o Athletico ganhava, tinha carreata pela cidade, nós passávamos nas casas de todos os amigos coxas fazendo buzinaço e gritaria. Mas, se a gente perdia, o pai trancava o portão com cadeado, mandava fechar as janelas e cortinas, além de apagar as luzes da casa. Podia até tardar, mas a carreata coxa sempre vinha fazer um estardalhaço em frente da nossa casa.

Passei pela velha Baixada, Pinheirão, Baixada Nova, Vila Capanema, Vila Olímpica, Janguito, Paranaguá e Baixada Nova – de novo! Vi Oséas, Ricardo Pinto, Nowak, Alex Mineiro e Kleberson. Meu atleticanismo foi forjado por grandes personagens do Furacão.

Nos últimos tempos, porém, o meu MAIOR ATLETICANO, o meu maior personagem já produzido pelo Athletico, foi morar no céu. O Seu João, meu pai, descansou. Bom, tive que administrar a falta do meu maior atleticano fora das 4 linhas e também de um grande personagem atleticano dentro do gramado. Esses grandes personagens não surgem de uma hora para a outra e a falta deles traz um vazio no coração rubro-negro.

Até que, no início de 2018, anunciaram o novo treineiro do time de Aspirantes. Achei graça que um cara tão novo já fosse tão grisalho. Na sua primeira entrevista coletiva eu tive a mesma reação que os jurados do The Voice têm quando um candidato canta umas 2 notas musicais e já viram as 4 cadeiras! O encantamento pelo treineiro não se dava apenas pela clareza das ideias, mas porque o time dele jogava bola! Uma bola que há tempos eu não via.

Na final do Paranaense 2018 eu não tirei o olho dele. A sua emoção enrolado na bandeira atleticana comemorando aquele título me deixou emocionada. Mas, o vídeo dos bastidores em que ele cunhou o TIME DE GUERRA me fez chorar feito criança! Àquela altura já não tinha mais vácuo no meu coração, pois Tiago Nunes havia preenchido, com autoridade, todo o espaço reservado para os grandes personagens que fazem respirar o meu atleticanismo!

Como escrevi antes da final da Sulamericana, a impressão que tenho é que o Tiago se criou no Água Verde e o seu avô o levava para ver os jogos do Athletico na Velha Baixada. Sim, é essa a história que montei na minha mente, única explicação possível para esse DNA atleticano que o Tiago tem!

Esse Tiago Nunes é muito nosso!

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