11 abr 2019 - 17h52

Iluminados: de Caju a Jackson, estrelas de nível de Seleção

Parece uma simples foto de um jogo do Athletico. Mas ela tem uma bela história envolvendo alguns personagens.

O dia era 29 de maio de 1948, inauguração da iluminação de General Severiano. Foi o primeiro estádio do Rio de Janeiro a ter luz artificial. O jogo era a despedida de Heleno de Freitas, que iria para o Boca Juniors, e de Caju, “A Majestade do Arco”, da meta atleticana. Ambos haviam se conhecido e se tornado grandes amigos no Campeonato Sulamericano em 1942 e na preparação para o Sulamericano de 1945. Pela estreita relação dos craques, o Athletico foi o convidado de honra para a festa.

O jogo foi um 0 a 0, com uma grande atuação de Caju. Neste ano, ele já revezava a meta rubro-negra com Laio, “A Fortaleza Voadora”. Pela qualidade do companheiro, Caju estava seguro de pendurar as luvas pois o gol estava em boas mãos. Mas depois desta grande exibição, resolveu esticar um pouco mais a carreira prevendo um grande ano pela frente. Caju tinha razão. No ano seguinte, surgiu o Grande Furacão de 1949. A equipe rubro-negra se sagrou campeã paranaense com 11 vitórias, 49 gols e apenas uma derrota – já depois te ter colocado a faixa de campeão.

Jackson

Nesta partida comemorativa de General Severiano, outro jogador chamou muito a atenção de todos os que estavam presentes: Jackson. Naquela época, os jogadores eram apresentados ao Brasil através do Campeonato Brasileiro de Seleções Estaduais e justamente na grande fase de Jackson e seu fiel escudeiro, o malandro Cireno. Se fosse nos dias de hoje, diriam que Jackson jogava de smoking, por sua classe, educação e elegância. Ele teve uma atuação de gala.

Ao fim da partida, Heleno de Freitas foi para o futebol argentino. No ano seguinte, retornou ao Brasil com o objetivo de disputar a Copa do Mundo de 1950. Ele acertou com o Vasco, time do técnico da seleção brasileira da época, Flávio Costa. Mas os dois brigaram, e Heleno perdeu a oportunidade de disputar a Copa.

A bola da vez era Jackson, monitorado por integrantes da Seleção a partir do jogo de General Severiano. A comissão técnica de 50 era formada por desportistas que vinham do Rio Grande do Sul, São Paulo e a grande maioria de militantes do futebol carioca. Jackson era pedido por gaúchos e parte dos paulistas. Porém, com tamanho bairrismo e influência local, acabou sendo preterido juntamente com Leônidas da Silva, este por ser considerado velho aos 36 anos. O grupo da seleção foi formado então por 14 cariocas, 6 paulistas e 2 gaúchos. Dois jogadores do Vasco foram convocados para essas vagas: Danilo e Alfredo.

Furacão em Copa do Mundo

O destino do Brasil em 1950 poderia ter sido outro se Jackson estivesse na Seleção. A história recente do Furacão nas últimas conquistas brasileiras (Kleberson pentacampeão em 2002 e Weverton ouro olímpico em 2016) poderia ter começado bem antes.

Em 1942 (em plena Segunda Guerra Mundial), se a Copa do Mundo tivesse sido realizada, poderíamos ter tido Caju na meta do Brasil. E em 1950, a falta de reação após do gol de Ghiggia poderia ter sido diferente com Jackson em campo, pois ele tem a tradição vigor sem jaça, sangue forte e não teme a própria morte.



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