A passagem de Pepe, o Canhão da Vila, pelo Furacão
Nem sempre o Athletico foi essa potência que é nos dias de hoje, com soberania no estado do Paraná.
Em 1967, o clube vivia um ano muito ruim. A Baixada passava por reformas e os recursos financeiros foram destinados para as obras. O time foi meio que deixado de lado. Com pouca inspiração e jogadores medianos, a campanha não foi das melhores.
Foi nesse contexto que Jofre Cabral assumiu o comando. Virou a mesa e prometeu um grande time para o ano de 1968. Apenas alguns jogadores seriam mantidos no elenco: Charrão, Amauri, Jair Henrique e Ivan. Todos os demais seriam dispensados, dentre eles o zagueiro Tito.
Jofre viajou a São Paulo e convidou grandes craques do país, alguns deles com atuações em Copa do Mundo, para virem a Curitiba. Foi o maior time que o Paraná viu até então. Djalma Santos, Bellini, Zito, Dorval, Del Vecchio, Muca, Nair, Zé Roberto e Pepe chegaram a Curitiba.
Canhão da Vila
Para se ter uma ideia da dimensão de Pepe, basta dizer que se trata do maior artilheiro da história do Santos – excluindo Pelé. Era apelidado de Canhão da Vila por ter um potente chute e ser um exímio cobrador de faltas. Quando não acertava o gol, derrubava os adversários que tinham coragem de continuar na barreira.
Aos 32 anos, ele vestiu a camisa rubro-negra em um amistoso contra a a seleção da Romênia na Vila Capanema. Neste jogo, o zagueiro Charrão, titular absoluto, não pôde jogar. Então, a diretoria deu uma nova chance a Tito.
Foi um jogo difícil, afinal o adversário era uma seleção. Primeiro tempo e placar fechado até que surge uma falta no estilo dos gols do canhão da Vila. A torcida se levanta e grita o nome de Pepe. O ponta-esquerda pega a bola e caminha em direção à cobrança. Mas eis que surge o zagueiro Tito ao seu lado e diz: “Aqui o cobrador seu eu, você manda lá naquele time da Baixada Santista”.
Resignado, Pepe se afasta e entrega a bola a Tito. O zagueiro se concentra para fazer a cobrança. Mas manda a bola lá na Construção do Viaduto da Vila Capanema.
Pepe espera o intervalo, e pede para sair. Ao lado de Zito, o craque vai embora do Athletico – para voltar apenas três décadas depois, e ser campeão nacional como técnico em 1995.
Naquele time, seu substituto foi Nílson Borges, que escreveu uma linda história no Athletico. Tito foi definitivamente dispensado.