22 de maio de 1994: há 25 anos, Athletico voltou para a Baixada
22 de maio de 1994 foi o último dia em que a torcida do Athletico suportou o Estádio do Pinheirão. Após sete anos, onze meses e oito dias longe de casa, o Rubro-Negro finalmente voltou para o Água Verde.
O retorno ao Estádio Joaquim Américo Guimarães mudou a história do clube. Três anos após a reinauguração da antiga Baixada, o Athletico resolveu demolir o antigo estádio e construir a Arena da Baixada, inaugurada em 1999. E depois, mais uma reforma para finalmente chegar à versão atual do estádio, o mais moderno e único com teto retrátil na América Latina.
A tristeza longe de casa
Primeiro campo de futebol de Curitiba, o Estádio Joaquim Américo Guimarães nem sempre foi a casa do Athletico Paranaense. Inaugurado oficialmente em 06 de setembro de 1914, na derrota do Internacional por 7 a 1 para o Flamengo, com um público de 3 mil espectadores, a Baixada do Água Verde (como o local era conhecido na época) foi por muito tempo o principal estádio de futebol da cidade.
No entanto, em 1986 o local abriu suas portas pela última vez para sediar uma partida de futebol. Em 14 de julho de 1986, o Athletico fazia então o seu último jogo na Baixada antes de se mudar para o Pinheirão, com um empate em 0 a 0 contra o Cascavel. O público presente na partida foi de 1.602 pessoas. A intenção da diretoria atleticana na época era construir no lugar do estádio a sede social do clube.
Foram oito anos longe da Baixada. Anos de sofrimento, tensão e vários momentos difíceis para o Rubro-Negro. No lugar da pressão e da relação mística que sempre existiu na Baixada, os atleticanos tiveram que conviver com uma casa fria, com pouca visibilidade e péssimas condições de acomodação. Definitivamente, o Pinheirão nunca foi a verdadeira casa do Athletico Paranaense.
Em 1992, quando já eram passados seis anos de sofrimento para a torcida atleticana no Pinheirão, o então presidente José Carlos Farinhaki percebeu o equívoco que havia sido cometido em levar o Athletico e a sua imensa torcida para o estádio da Federação. Farinhaki e toda a diretoria rubro-negra resolveram que o Athletico voltaria para sua casa e aproximaria novamente a torcida do clube.
Mas a volta para casa não foi imediata. O clube promoveu uma ampla reforma no Joaquim Américo, que durou dois anos. No total, foram gastos 2 milhões de dólares na reforma do estádio. Um trabalho que envolveu 250 operários, 300 mil tijolos e 10 mil sacos de cimento. Num projeto grandioso para o Athletico da época, foi construído o famoso tobogã nas arquibancadas e o estádio foi reinaugurado com capacidade para 20 mil torcedores.
E eu falei: viva a Baixada…
Hoje, vinte e cindo anos depois, voltamos a 1994. O domingo amanheceu ensolarado na capital paranaense. Quem passasse pelos bairros de Curitiba já poderia notar que a cidade se enfeitara para receber de braços abertos o mais novo campo de futebol do Athletico .
Sem ganhar nenhum título desde 1990, o Furacão já tinha a torcida mais apaixonada do Estado. Prova disso foram as enormes filas para compra de ingresso da reinauguração da Baixada. O adversário seria o Flamengo, das estrelas Nélio, Valdeir e Sávio. O Athletico era um time limitado, que tinha João Carlos Cavalo como principal candidato a ídolo. É claro que ele e o outos não empolgavam, mas o torcedor se enganava na esperança de que, alguma hora, um raio caísse na cabeça daquele elenco e transformasse os atletas em jogadores de seleção. O raio nunca caiu…
“O quanto este estádio é importante para o Athletico Paranaense”. 22 de maio de 1994, a volta à Baixada. Quanta coisa mudou em 25 anos. Mas certas coisas não mudam. @Torrens_Gustavo @OAreopagita pic.twitter.com/AUjsXcZjBW
— Furacao.com (@furacaocom) May 22, 2019
Mesmo assim, a torcida foi confiante, naquele domingo, para a novíssima Baixada. Não importava quem estava vestindo a camisa do Athletico; importava, sim, ver de novo o velho pinheiro no gol dos fundos, a curva da laranja e as cadeiras apelidadas de Farinhacão (uma homenagem ao presidente José Carlos Farinhaki, que reconstruiu o estádio e o entregou para Hussein Zraik inaugurar).
Uma hora e meia antes do jogo começar, centenas de crianças vestindo o manto vermelho e preto paranaense desfilavam pelo gramado cantando o hino do Furacão. O cenário já estava pronto.
O Athletico com o tradicional rubro-negro e o Flamengo vestindo o uniforme número dois começavam a duelar pelo troféu “Volta à Baixada”. No primeiro tempo foram poucas as chances de gol. O Athletico, apático, ainda não tinha encarnado o espírito do novo estádio.
Nem mesmo João Carlos Cavalo, que durante toda a semana havia prometido um gol, cumpriu a promessa. E chance foi que não faltou: Cavalo perdeu um pênalti logo na inauguração. O lateral Antônio César puxou o contra-ataque e foi derrubado por Henrique dentro da área. João Carlos tomou pouca distância e, convicto que marcaria, chutou fraco para a defesa de Adriano.
No segundo tempo, Zequinha fez uma mexida geral e colocou em campo Serginho, Almir, Ricardo Blumenau e Willian. O ataque ficou mais veloz e o Furacão começou a pressionar.
Aos 42 minutos do segundo tempo, veio o gol da vitória. O ilustre desconhecido Ricardo Blumenau recebeu o cruzamento da direita e completou para fazer um de seus únicos gols e talvez o mais importante da carreira como profissional. Nunca mais se ouviu falar no atacante, que fez sua estreia no Athletico naquele jogo. Placar final da partida: 1 a 0. Um volta para casa definitiva.
Ficha técnica – Amistoso – (22/05/1994) – Atlético 1 x 0 Flamengo – Joaquim Américo
A: Julião Queirolo; CA: Luiz Cláudio, Gélson Baresi, Charles Baiano e Régis; G: Ricardo Blumenau, aos 42′ do segundo tempo.
ATLÉTICO: Gimar (Bira); Luiz Cláudio (Serginho), Jadir, Paulo César e Antonio César (Gune); Ademir Fonseca, Leomar (Rudinei) e João Carlos Cavalo (Almir); Dedé (Ricardo Blumenau), Assis (Chicão) e Émerson (Willian). T: Zequinha.
FLAMENGO: Adriano; Henrique, Gelson Baresi, Índio e Marcos Adriano; Charles Guerreiro, Hugo, Nélio e Valdeir (Paulo Nunes); Charles Baiano e Sávio. T: Sebastião Rocha.