Arena 20 anos: 20 jogos inesquecíveis
A Arena da Baixada completou hoje, dia 24 de junho, 20 anos. Inaugurada em 1999, se tornou imediatamente uma referência entre os estádios da América Latina devido à sua modernidade.
Não demorou muito para ser também temida: a proximidade entre o gramado e a arquibancada, aliada à força já conhecida da torcida atleticana, tornaram o estádio um tormento para qualquer adversário.
Com um histórico amplamente vitorioso a favor do Furacão, a Arena já foi palco de vários jogos históricos. Listamos, em ordem cronológica, 20 jogos inesquecíveis na Arena da Baixada (com a ajuda de vários torcedores rubro-negros), para relembrar e matar as saudades do Caldeirão durante a pausa da Copa América.
1 – O começo de tudo: Atlético 2 x 1 Cerro Porteño (1999)
A noite de 24 de junho de 1999 vai ser guardada para sempre na memória de quem esteve presente no estádio Joaquim Américo. Após uma longa espera, o torcedor atleticano finalmente pode sentir de novo a emoção de entrar em sua casa. As 32 mil vozes que acompanharam o hino do clube à capela empurraram o time para a vitória sobre a equipe paraguaia, com gols de Lucas e Vanin.
2 – O primeiro título: Atlético 1 x 1 Coritiba (2000)
O primeiro grito de campeão do novo estádio veio menos de um ano depois da sua inauguração. Em uma partida nervosa, o Atlético saiu atrás no placar, mas com um gol de cabeça do zagueiro Gustavo aos 30 minutos do segundo tempo, o Furacão conseguiu o empate que garantia o título do Campeonato Paranaense. Festa na Arena da Baixada!
3 – Kaká chorou: Atlético 2 x 1 São Paulo (2001)
O Atlético voltava às quartas de final do Campeonato Brasileiro após 18 anos, e o adversário era o mesmo do ano de 1983. Despontava no São Paulo o garoto Kaká, que chamava a atenção da mídia. O pupilo são paulino, entretanto, pouco pode fazer contra um Atlético aguerrido e que já mostrava um DNA de campeão: vitória atleticana e choro do garoto tricolor, numa entrada (não tão) forte de Thiago Cocito, em lance que marcaria para sempre a carreira de ambos.
4 – Al3x Mineiro: Atlético 3 x 2 Fluminense (2001)
Magno Alves bem que tentou estragar a festa. Foram 2 gols do atacante tricolor das laranjeiras em plena Arena da Baixada. Mas Alex Mineiro mostrou quem era o camisa 9 a ser respeitado no solo sagrado do Joaquim Américo: com 3 gols, o artilheiro atleticano despachou o Flu e colocou o Furacão na final do Campeonato Brasileiro pela primeira vez na história. Dentre tantos atleticanos que tem este jogo tatuado na memória, está o nosso colaborador, Juarez Villela Filho, que descreve a sensação de estar neste jogo: “O fluminense era um belo time, talvez tecnicamente melhor que nós e foi o único a vencer como visitante na Baixada durante a 1ª fase. Além do eterno ‘engasgo’ com eles por causa de 96, viradas de mesa e tudo mais. Viramos com atuação de gala do Alex Mineiro que fez os 3 gols daquele 3 a 2 eletrizante do início ao fim.”.
5 – Al3x Min3iro: Atlético 4 x 2 São Caetano (2001)
Dois emergentes no cenário nacional à época faziam uma final de campeonato no mínimo inesperada. Mas quem assistiu ao primeiro jogo da decisão entendeu bem o porquê de os dois times estarem ali. Em uma partida emocionante, o Furacão mostrou que um raio pode cair no mesmo lugar duas vezes: com mais um hat trick de Alex Mineiro, o Atlético levava uma vantagem importantíssima para o segundo jogo, no Anacleto Campanela.
6 – Ave, César! – Atlético 2 x 1 Flamengo (2004)
O Furacão assombrava os adversários na Arena durante a campanha do Campeonato Brasileiro de 2004. Mas o Flamengo fez jogo duro e ia vencendo o jogo até os 42 minutos do segundo tempo, quando Washington marcou o gol de empate. Se o resultado parecia bom nestas circunstâncias, melhorou aos 44 minutos: lambança do goleiro Julio César, que entregou a bola nos pés de Washington e teve que cometer o pênalti para tentar evitar o gol – em vão. O artilheiro atleticano cobrou, levando o time a uma das viradas mais emocionantes da Arena.
7 – “Aquele gol contra o Sanca”: Atlético 5 x 2 São Caetano (2004)
Em qualquer roda de atleticanos falando sobre o Furacão, alguém vai falar sobre “aquele gol contra o São Caetano”. E mesmo já tendo enfrentado o time paulista numa final de Campeonato Brasileiro, o gol mais marcante da história do duelo foi marcado em 2004. Brigando pelo título ponto a ponto com o Santos, o Furacão saiu atrás do placar contra o Azulão. No segundo tempo, o gol que virou símbolo da mágica equipe daquele ano: são 9 segundos para a bola passar de pé em pé até chegar no atacante Denis Marques, que com um tapa colocado guarda o gol de empate. Daí pra frente, o Atlético foi inapelável, goleou o adversário, e não houve um só atleticano que saiu da Baixada naquele dia sem acreditar que era possível ser bicampeão. Quem tem lembranças do jogo é o rubro-negro Eric Serratto: “Era ano de vestibular pra mim, faltavam poucas rodadas para o fim do campeonato. Mal me concentrei na prova. Quando saí, liguei o rádio e ainda estava 0 a 0. Quando cheguei no estádio eles já estavam na frente. O gol de empate foi absurdo, uma jogada maravilhosa. Eles diminuíram após conseguirmos a virada, mas o Atlético naquela fase, com Washington fazendo gol de todo jeito… Foi de pênalti ali, mas foi sensacional. O gol do Denis Marques, com a bola quicando, foi algo sensacional. Uma pena este time não ter sido campeão”.
8 – O troco: Atlético 3 x 2 Santos (2005)
O bicampeonato não veio em 2004. Mas o destino colocou novamente o Santos no caminho do Atlético em 2005, em jogo pelas quartas-de-final da Libertadores. Quem esteve no jogo e se lembra bem é o atleticano Rafael Vasconcelos, psicólogo: “O Santos com uma máquina em campo veio com tudo em busca da vaga. O Athletico começa atrás no placar e ainda no primeiro tempo, tem o Alan Bahia expulso. Não nos acovardamos. Com a força do Baixada, disputa até o fim e sai com a vitória por 3 a 2”. Outro rubro-negro que guarda o jogo com carinho nas lembranças é o advogado Marcel Costa: “O Santos tinha o Robinho como principal referência do futebol brasileiro e o Atlético perdeu o Alan Bahia, expulso, no primeiro tempo. Ainda assim conseguiu virar e dar um passo para a classificação, com a Baixada pulsando forte. Mais importante, deu o troco no Santos após a tristeza no Brasileiro 2004”.
9 – Denis Marques dá a letra: Atlético 4 x 1 Nacional (2006)
Pela primeira vez em sua história, o Atlético chegava às quartas-de-final da Sulamericana, e enfrentava a tradicional equipe do Nacional, do Uruguai. O jogo terminou com uma goleada atleticana, mas o placar nem foi o que mais chamou a atenção no jogo, e sim o terceiro gol rubro-negro: com direito a passe de letra de Denis Marques, o Atlético construiu uma jogada que despedaçou a zaga adversária e terminou com um drible desconcertante de Marcos Aurélio antes da finalização para o fundo das redes. O Atlético marcava história mais uma vez em uma competição continental.
10 – Gol de vídeo game: Atlético 4 x 0 Paraná Clube (2006)
Rodrigo Linhares, torcedor do Furacão, é quem relata seu jogo inesquecível: a goleada sobre o tricolor. “Paraná vinha fazendo boa campanha no Brasileirão e estava melhor que o nosso time, dirigido por Vadão. Foi o jogo de número 200 do Alan Bahia com a nossa camisa e ele deixou o seu, de pênalti, uma de suas especialidades. Aos 29 do segundo tempo, já estávamos ganhando de três a zero, quando num lance de muita genialidade Denis Marques desfila pela zaga paranista, driblando e deixando três zagueiros caídos, fazendo um dos gols mais bonitos da história do estádio. 4 a 0 para o Furacão”.
11 – Paradinha: Atlético 5 x 3 Flamengo (2008)
O Atlético lutava contra o rebaixamento na última rodada do campeonato brasileiro. Mas contra os fregueses de longa data, o resultado não podia ser diferente: o Furacão goleou o rubro-negro carioca com direito a um gol de pênalti em cobrança humilhante de Alan Bahia, com paradinha. E o goleiro Bruno voou livre (enquanto ainda podia).
12 – Os “velhinhos” comandam a retomada: Atlético 3 x 2 Botafogo (2010)
Quem conta a história do jogo é o rubro-negro Eduardo Souza, colaborador do site: “A fase, pra variar, era das piores. Estreia de técnico em plena sexta rodada. Mais um projeto tomando início durante o campeonato. Carpegiani assumiu e a esperança de novos ares parecia ir por água abaixo logo no começo do jogo. Aos 24 minutos do primeiro tempo já estava 2 a 0 para o Botafogo. Apesar dos pesares, a esperança era a última que morria. ‘Um golzinho para voltar do intervalo 2 a 1 ficava legal’. Parece que Paulo Baier me ouviu, o velhinho fez o primeiro dele na noite e renovou a esperança do torcedor atleticano.
Logo na retomada da partida, ele de novo. Um golão de falta no melhor estilo Paulo Baier, bola na gaveta e goleiro nem na foto. O empate que já era bom, ficou melhor ainda. Outro velhinho, desta vez com Alex Mineiro. Um gol pra lá de chorado selou a vitória do Furacão e marcou a retomada da equipe na competição. Dia dos velhinhos! ”. O Atlético iniciava uma recuperação que quase culminou com a classificação para a Libertadores da América ao fim da temporada.
13 – Fim do jejum: Atlético 3 x 0 Coritiba (2016)
O Atlético já amargava 7 anos sem um único título. Mas a final de 2016 viria para virar a página no futebol do estado. Após anos de freguesia para o rival, o Furacão voltou a se impor e venceu inapelavelmente o Coritiba, dominando o rival amplamente desde o primeiro minuto. Jogo que também serviu para consagrar um dos jogadores mais importantes da história recente do Furacão, o zagueiro Thiago Heleno, que guardou o primeiro tento em um cabeceio de manual.
14 – Time de guerra: Atlético 2 x 0 Coritiba (2018)
O Atlético mais uma vez entrou no Campeonato Paranaense com sua equipe de aspirantes. Mas desta vez havia no banco um treinador farejando a oportunidade de fazer história. E fez. Após uma campanha impecável, o Atlético decidiu o título em casa contra o maior rival. A jovem equipe atleticana deu um verdadeiro baile e garantiu o título do “time de guerra” na Arena.
15 – Sí, se puede: Atlético 2 x 0 Peñarol (2018)
Sob o comando de Tiago Nunes, o Atlético tentava uma retomada nas competições que disputava. E foi na partida contra o Peñarol em que os torcedores passaram a acreditar que o título da Sulamericana era um sonho possível. Em atuação inspirada de Marcelo Cirino, o rubro-negro derrotou o multicampeão uruguaio e iniciou uma guinada no ano de 2018.
16 – De novo o Flu: Atlético 2 x 0 Fluminense (2018)
De novo uma semifinal e de novo o adversário era o Fluminense. Tal qual em 2001, o Atlético enfrentava a equipe carioca em busca da vaga para a decisão. Mas ao contrário do sofrido jogo de 2001, em 2018 o Atlético deixou bem claro quem jogava o melhor futebol: com gols de Renan Lodi e Roni, o rubro-negro despachou os cariocas e abriu boa vantagem para o segundo jogo. Alex Mineiro sorriu em algum lugar do globo terrestre.
17 – Não existe ateu: Atlético 1 x 1 Junior Barranquilla (2018)
Quando Barrera pegou a bola para cobrar o pênalti, eu confesso que já estava em alguma saída da Getúlio Vargas superior, esperando o pior e pensando no que eu ia fazer com os 3 isopores cheios de cerveja que estavam no meu carro, estacionado na Brasílio Itiberê. Mas o meia do time colombiano bateu longe: para minha alegria (e tristeza do meu fígado). Após o pênalti de Thiago Heleno, o Atlético levantava seu primeiro troféu internacional, dentro de sua casa. Festa atleticana e também do fabricante do Engov.
Quem ajuda no relato mais sóbrio é o atleticano Gustavo Rolin: “Fiquei um bom tempo sem ‘adicionar’ jogos históricos na minha lembrança, até este jogo contra o Junior. Baixada lotada, final continental, time jogando muito, tinha tudo pra dar certo.
Mas quando chega aquele minuto 112, o pênalti para os colombianos, me passou tanta coisa na cabeça: aguentar gozação de torcedores de times da Segunda Divisão, o desdém da empresa nacional, em quando teríamos aquela oportunidade novamente.
Mas o time era bom demais! As linhas já estavam escritas. O pênalti cobrado pra fora só adicionou uma pitada de drama naquela história que tinha um final feliz”.
18 – E lá vem o Marco…: Athletico 3 x 0 Boca Juniors (2019)
Enfrentar um dos maiores times da América do Sul pode parecer amedrontador para todos, mas não para um certo argentino… Em noite de Marco Ruben como um frasco de veneno, lento, suave e letal, o Athletico atropelou os hermanos. Mas o placar foi o de menos para o atleticano Luiz Fernando Feltran: “apesar de ter sido um dos jogos mais importantes da história do Furacão, para mim foi especial pela presença de meu pai, Laurindo Feltran, junto comigo. A última vez que estivemos juntos naquele lugar havia sido em 1985, final do campeonato paranaense e último jogo no lendário Joaquim Américo”.
19 – Lá vem o Marquinho…: Atlético 1 (7) x (6) 1 Coritiba (2019)
Novamente os aspirantes decidiam em casa um troféu contra o time principal do rival. A Taça Dirceu Krüger parecia ir para as mãos do Coritiba, que vencia por 1 a 0, quando no apagar das luzes o capitão Marquinho empatou a partida, levando a decisão para os pênaltis. Nas penalidades, melhor para o Furacão, que conquistava o bicampeonato com sua equipe de aspirantes.
20 – Lá vem o Marco (de novo): Athletico 1 x 0 River Plate (2019)
Se enfrentar e vencer um gigante do futebol sulamericano em casa já parecia um sonho realizado, o Athletico ainda queria continuar sonhando. Em mais uma atuação coletiva perfeita do time, coube ao centro avante argentino guardar o único tento do jogo. O título não veio, mas ficou a sensação de que tudo é possível para este Athletico.
Ainda seria possível citar muitos outros jogos inesquecíveis nesta lista, como o confronto contra o Grêmio em 2007, relembrado pelo advogado Gustavo Camargo: “depois de um confronto no primeiro turno em que perdemos, o Alex Mineiro levou um chute no rosto do jogador Tcheco e o tirou de quase toda a temporada. Ney Franco havia acertado o time na reta final e conquistamos os 3 pontos no jogo da volta na Arena, com direito a quase 2 minutos de posse de bola ao delírio da torcida com golaço de um improvável Michel. Teve chapéu do Clayton, teve caneta do Alex Mineiro, teve expulsão do Tcheco, teve show da torcida. Atlético não vive de conquistas, mas sim de momentos e jogos como esse”. E esta última frase retrata exatamente o sentimento ao entrar na nossa casa a cada jogo. A história da Baixada está apenas começando e certamente a lista não vai parar de crescer, com jogos importantes para o clube, e outros que talvez pareçam sem importância, mas que ficarão gravados pela memória afetiva de vários dos seus torcedores, cada um por sua razão. Afinal, o jogo dentro das linhas é crucial, mas o que sentimos fora delas é o que nos torna atleticanos.