28 jun 2019 - 22h24

E nos negaram o teu Adeus

Era sabido que você iria. Todos nós tínhamos essa certeza. Era questão de tempo e de receber uma proposta que fosse próxima daquilo que você merece.

O futebol brasileiro ficou pequeno para o teu talento.

Era evidente que o reconhecimento internacional logo viria. Mas também é verdade que não estávamos prontos para o teu adeus.

Vimos você chegar aqui ainda menino, vindo do Trieste. Na nossa base você cresceu e se desenvolveu.

Quando estreou aos 18 anos entre os profissionais, sua qualidade era inegável. Aqueles que bem conhecem esse esporte já viam em você um jogador totalmente diferenciado.

Não era somente o teu talento, tua explosão física, tua inegável categoria com a bola. Você tinha aquele algo a mais que só os grandes craques carregam no corpo.

Não foi de primeira que este talento foi reconhecido por aqueles que distribuíam os coletes. Nunca nos esqueceremos que você amargou a reserva de um jogador de uma só jogada. Alguns teimavam em não se render ao óbvio: estavam diante de um verdadeiro craque.

Mas não demorou para que um treinador de fato te reconhecesse. E quando você assumiu a lateral, sabíamos que de lá só sairia para o mundo.

Muitos dizem (eu entre eles) que você foi o melhor lateral que viram por aqui jogar. Alguns mais saudosos podem até torcer um pouco o nariz, mas todos reconhecem que você merece um lugar de destaque na nossa galeria de craques.

Tivemos pouco tempo para te ver jogando, é verdade. Mas em pouco mais de um ano entre os titulares você conquistou títulos, entre eles o mais importante da nossa história. Mais que isso, você conquistou a unanimidade de uma torcida completamente apaixonada.

Não esqueceremos das tuas lágrimas no primeiro gol como profissional. Não esqueceremos da injustiça que ia sendo feita quando teu pênalti na decisão da Sul-americana caprichosamente não quis entrar. Mas os deuses são justos. Não permitiram nenhum tipo de mácula na tua brilhante, apesar de breve passagem pelo Athletico Paranaense.

A Seleção da CBF chegou a reconhecer teu talento. Resolveram te punir por ter pedido dispensa de um torneio amistoso caça-níqueis para disputar uma final inédita no clube que te projetou para o mundo. Esqueceram eles que você foi um dos grandes responsáveis por conquistar nossa vaga para essa final. Você merecia disputá-la.

Não perdemos somente nós do Athletico. O time da CBF perdeu. O futebol brasileiro perdeu de te ver em mais algumas partidas por aqui, antes do teu já esperado adeus.

Sabemos que a seleção virá para você, cedo ou tarde. É de se imaginar também que por aqui ainda tentarão te punir unicamente por ter demonstrado caráter e comprometimento com o time que te revelou. Sabemos que talvez tua seleção não vista mais amarelo.

Sim, nos roubaram o teu Adeus por vaidade. Não nos permitiram te aplaudir antes de tua partida.

É justa a tua saída. É merecido o teu reconhecimento. Mas como é doloroso esse adeus.

Sabemos que a reposição será difícil, custará um tempo que talvez não tenhamos.

Sim, somos desde já tuas eternas viúvas. É inegável a sensação de pai que libera o filho para estudar fora pela primeira vez. Mas você merece brilhar. Sabemos que brilhará.

O que nos conforta é ter a certeza de que te vimos crescer na nossa casa. Vimos um menino jogador se transformar em um craque, embaixo dos nossos olhos. Eu posso orgulhosamente dizer que tive o privilégio de te ver jogar. Obrigado por isso, craque.

Quis o destino que o escolhido para te receber fosse um outro Atlético, o de Madrid. Mas nos conforta saber que nas tuas veias sempre correrá sangue atleticano.

Sim, nos roubaram nosso direito de te dizer Adeus em campo, de te aplaudir pela última vez. Jamais nos roubarão o orgulho de ter te visto crescer com nossa camisa.

Obrigado, craque! Muito sucesso ao nosso 12. Voa, Renan Lodi!

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