Parte 5: Athleticanismo, razão e ciência – Lições do velho e bom “Niccão” ao nosso querido “Prínci-dente”
Continuação do texto dedicado ao nosso Presidente Mario Celso Petraglia como fonte de inspiração, assim como fez Niccolò Machiavelli ainda no período que o Brasil e a América (que vamos conquistar), ainda engatinhava. Texto adaptado de MACHIAVELLI, Niccolò, O PRÍNCIPE, escrito em 1505 e publicado em 1515. (recomenda-se a leitura dos textos anteriores).
VI – Dos torcedores novos que se conquistam com títulos e virtudes dos outros.
Aqueles que somente com investimento econômico se torna dono de clube, pouca fadiga assim se transformam, mas só com muito esforço assim se mantém: não encontram dificuldade porque tornam-se donos de clube em instituições que já detém uma identidade própria; mas toda dificuldade nasce depois que tornaram-se donos. São aqueles aos quais é concedido um clube, seja por dinheiro, seja pelo carisma dos concedentes.
Estes estão submetidos à vontade e sorte de quem lhes concedeu o clube, que são duas coisas grandemente instáveis e volúveis: e não sabem e não podem manter sua opinião. Não sabem, porque, se não são torcedores fiéis e imbuídos dos valores do clube. Ainda, os clubes que surgem rapidamente, como todas as coisas da natureza que nascem e crescem depressa, não podem ter raízes e estruturação perfeitas, de forma que a primeira adversidade os extingue; salvo se aqueles que repentinamente se tornaram donos de clube de futebol, forem de tanta virtude que saibam desde logo preparar-se para conservar aquilo que o dinheiro lhe pôs nos braços, formando posteriormente as bases que os estabeleceram antes de se tornar proprietários.
Destes dois citados modos de vir a ser dono de um clube de futebol, por virtude ou pela capacidade de investimento no clube, quero apontar dois exemplos ocorridos nos dias de nossa memória: Ronaldo Nazario e Dietrich Mateschitz. Ronaldo, pelos meios devidos e com sua virtude enquanto investidor, de jogador de futebol tornou-se dono do Real Valladolid da Espanha; e aquilo que com mil esforços tinha conquistado, a tendencia é com pouco trabalho deve conseguir manter sua posse. Por outro lado Dietrich Mateschitz, adquiriu algumas equipes de diversos esportes e clubes de futebol, com dinheiro que obteve com a venda de bebidas energéticas, e justamente por esta razão pode perder os clubes de futebol. Mesmo que fosse por ele utilizado todos os meios e feito tudo aquilo que devia ser efetivado por um gestor desportivo prudente e virtuoso, para lançar raízes naqueles clubes que os títulos e o dinheiro eram de outras fontes de rendimento que não as diferentes modalidades esportivas. Porque, como se disse acima, quem não lança os alicerces primeiro, com uma grande virtude poderá estabelecê-los depois, ainda que se façam com aborreciementos o dono e perigo para a torcida. Se, pois, se considerarem todos os progressos de Dietrich Mateschitz, ver-se-á ter ele estabelecido grandes alicerces para o futuro, os quais não julgo superfulo, e sua disposição se tornaria em vão, quando em resultado de uma má sorte seus negócios como bebidas perderem folego ou suas ‘asas’ necessárias para o voo.