A iminência
Já se sentiram na iminência de algo que poderia mudar suas vidas para sempre?
Eu senti, recentemente, de uma maneira assustadora. Viagem de carro numa sexta-feira chuvosa, curva fechada e, de repente, eu estava indo em direção a um paredão de pedra, sem ter como frear nem trazer o carro para a pista novamente. E é estranho, mas naquele segundo em que você sabe que algo vai acontecer, é como se você já não estivesse vivendo aquela experiência, mas sim assistindo ela de fora do seu próprio corpo.
Saí dessa ileso fisicamente, mesmo depois de uma capotagem que quase acabou com o carro. Mas essa sensação do segundo anterior e o grito sufocado, que parece não ter saído de mim, ainda me arrepiam quando lembro.
Nesta quarta-feira, o Athletico terá um dos maiores jogos da sua história. Contra um dos adversários mais temidos da América, o qual enfrentaremos pela terceira vez neste ano, iremos a Baixada para decidir uma vaga nas quartas-de-final da Libertadores. A grandeza do adversário é tanta que superá-los colocaria o nosso rubro-negro, sim, no rol dos sérios postulantes ao título.
O confronto só será decidido na partida da semana que vem, na mística Bombonera. Mas o jogo desta quarta, na Arena, é o segundo anterior. É o arrepio, a adrenalina e a iminência de algo que vai nos mudar para sempre. Diretoria e organizada selaram uma trégua e já não importa quanto tempo vai durar, porque tudo que temos é esse segundo. O grito, sufocado por tanto tempo, vai sair, e talvez a gente nem se reconheça mais nele. A Arena vai estar vermelha e preta, infernal e sem controle. E no fim da noite sentiremos como se não tivéssemos vivido aquilo de verdade.
O paredão está no nosso caminho, ele assusta, e não sabemos o que vai acontecer, mas por experiência própria eu digo que depois dele, nunca mais vamos ser os mesmos. E eu sinto, hoje, o mesmo arrepio daquela sexta em que eu nasci de novo.