5 set 2019 - 0h20

Esqueceram de nos convidar para a festa

Quarta-feira, 04 de setembro de 2019.

Dia de semifinal da Copa do Brasil. Na Arena da Baixada jogariam Athletico e Grêmio.

Aquele que recebe a alcunha de “imortal” vinha de vitória convincente de 2 x 0 nos seus domínios. Na Arena do Grêmio foram imensamente superiores. Poderiam ter vencido por diferença maior. Mas acreditavam que nem era preciso. Seu soberbo treinador afirmava jogar o futebol mais lindo do Brasil. Estava definido. Grenal na final.

A festa dos gaúchos já era anunciada. A RBS, afiliada da Rede Globo no Rio Grande do Sul, cravava aos quatro ventos o Grenal da final. A “Copa dos Gaúchos”, festejavam eles.

A própria filha do treinador do Grêmio postava em suas redes sociais sorteio de ingressos antecipados para o Grenal da final. Será que ainda resta algum?

Cinco em cada cinco jornalistas esportivos dava como certa a final Grenal. Que final seria! Grêmio e Internacional! Porto Alegre em festa… Bah tchê, que final seria essa.

Mas tinha um problema. Do outro lado estava o Athletico Paranaense. Esse mesmo Athletico Paranaense que recentemente conquistou a América. Esse time que por aqui recebe a alcunha de Time de Guerra.

Esse Athletico não estava convidado para aquela festa. Mas, menino travesso que é, resolveu participar mesmo assim. E foi à sua maneira.

Esqueceram que nesse Athletico Paranaense joga um tal de Bruno Guimarães. Esse mesmo Bruno Guimarães que é cobiçado por grandes times da Europa. Esse craque que insiste em jogar de terno e gravata. Na festa para a qual ele não foi convidado, decidiu comparecer de fraque. Simplesmente não errou.

Ah, mas a zaga desse Athletico vinha inteiramente reserva, com Bambu e Halter. Menino Khellven na lateral… Seriam presa fácil para o poderoso imortal tricolor. Infelizmente para eles, a zaga não errou nenhum lance. Foi praticamente perfeita. O enredo da festa tricolor começava a ficar comprometido.

Esqueceram também que nesse Athletico Paranaense joga um tal de Maycon Vinicius Ferreira da Cruz. Conhecido pela alcunha de Nikão. Jogador que foi muito criticado, recebeu ofensas raciais, foi xingado pela própria torcida, chamado de mercenário. Tentaram diminuir o Nikão. Mas Nikão é gigante. É a cara desse time de guerra. Não se entrega, não se acovarda. Quis o destino que a bola que explodiu no travessão, chutada pelo excelente Bruno Guimarães sobrasse para ele, solto na área. E sobrou no seu pé direito, que muitos afirmam não servir para subir no ônibus. E foi de pé direito o primeiro gol desse Athletico. Até pênalti ele bateu. Ele mesmo que já havia afirmado que não cobraria mais pênaltis. Mas Nikão também insistia em participar da festa organizada pelos gaúchos.

Com menos de 20 minutos de jogo, o imortal tricolor acadelou-se. Acoado no seu campo de defesa, insistia no anti-jogo. E quanta demora nos tiros de meta… E quantos jogadores caídos em campo sem motivo aparente. O time que joga o melhor futebol do Brasil, na visão do seu treinador, foi reduzido a cinzas. Desesperou-se. A festa não estava tão divertida como imaginavam.

Veio o segundo tempo. E a vida do imortal complicou-se ainda mais. Um velho conhecido estava em campo. Marco Ruben. Aquele mesmo argentino que já lhes havia causado pesadelos e lágrimas.

A bola cirúrgica de Rony encontrou Marco Ruben perfeitamente colocado. Aquele que estava em um longo jejum de gols decretava, de cabeça, o final da festa anunciada. Dali em diante seria somente sofrimento para os gremistas.

Aquele time que joga o melhor futebol do universo na visão de seu folclórico treinador já buscava o fim do jogo. Já entendia como lucro entregar-se à decisão dos pênaltis.

Tiago Nunes bem que tentou decidir o jogo nos 90 minutos. Após justíssima expulsão do excelente zagueiro Kanneman. Avançou o time, tentou com Marcelo e Vitinho… Não foi suficiente. A defesa do Grêmio pouco falhou. Era hora dos pênaltis. Se não é sofrido, não é Athletico.

Esqueceram eles que nosso querido Aderbar adora decisões por pênaltis. É nestas horas que o goleiro protegido por todos os Santos se consagra.  E tinha que ser nas mãos dele. Na última cobrança dos gaúchos. O gosto daquela festa anunciada era definitivamente amargo. Mais amargo que o mate.

Esqueceu o time que joga o melhor futebol do mundo que “não está morto quem peleja”.

Esqueceu o Grêmio que o penetra da festa usa uma camisa que só se veste por amor. Rubro-negro, caros gremistas, é quem tem raça.

… E que não teme a própria morte.

Aquele que não morre foi enterrado no perfeito gramado sintético da Arena da Baixada. Descanse em paz, imortal.

Bem vindo às finais, Time de Guerra.

 

 

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