Você pode não saber quem é Fernando Felix de Azevedo, empresário de 29 anos, nascido em Curitiba. Mas é provável que já tenha ouvido falar do Fernando “Fazenda” ou pelo menos visto-o segurando sua faixinha rubro-negra por aí e se sentiu representado.
Salvo alguns membros da torcida organizada Os Fanáticos, não restam dúvidas que esse personagem é um dos que mais viajou para acompanhar o Athletico onde quer que seja nos últimos tempos. Onde quer mesmo! De intruso no Maracanã com torcida única esse ano na Copa do Brasil quando da eliminação do badalado Flamengo, passando por vários países da América do Sul até chegar do outro lado do planeta, vendo in loco o título da Levain Cup no Japão lá estava ele mostrando seu amor pelo Furacão.
Vindo de uma família de coxa branca “não praticante”, com tios flamenguistas e são paulinos, Fernando acabou se identificando com o Atlético numa fase de vacas magras ao encontrar um calção do Furacão no campo da chácara onde vivia e resolveu do nada acompanhar o time. Mal sabia ele que ali iniciava uma loucura, um amor que literalmente ultrapassa barreiras.
AS PRIMEIRAS VEZES
Depois de começar a frequentar a Baixada e se ver completamente apaixonado, Fernando resolveu ir com a organizada no Anacleto Campanela na reta final da Série B de 2012. Todas as histórias que havia ouvido e acompanhado de longe estavam agora sendo vividas ao vivo, com mais uma invasão rubro negra no ABC paulista numa importante vitória por 3 x 1 que deu fôlego para o time voltar à Série A naquele ano.
A emoção e alegria foram tantas que no jogo seguinte fora, desta vez em Criciúma, Fernando Fazenda estava lá e sofreu junto com o time que segurou o Tigre conquistando um empate que valeu um suado ponto para ajudar no acesso.
Já o primeiro carimbo no passaporte foi na Libertadores de 2014. Ele se organizou para ver os jogos contra o Velez na Argentina e o jogo na Bolívia contra o The Strongest. E a primeira viagem internacional acabou sendo uma viagem frustrada. Segundo a máxima de que o barato sai caro, Fernando comprou o trecho Curitiba – Porto Alegre de forma avulsa ao trecho Porto Alegre – Buenos Aires. Marinheiro de primeira viagem, não fez o check in antecipado do vôo internacional, chegou atrasado e perdeu o único voo que havia naquele dia para a capital argentina.
Serviu de aprendizado, e lá estava ele na semana seguinte com não mais que uma dúzia de atleticanos na cidade de La Paz onde entendeu que a falta de oxigênio na altitude não é desculpa dos jogadores: ela faz muita diferença tendo os efeitos minimizados com folhas e chá de coca. Em La Paz viu o time ser eliminado ainda na primeira fase da competição, mas assistiu ao vivo o único gol de Adriano Imperador com a camisa do Atlético.
DIFICULDADES E TRISTEZA
Assistir o time vencer e calar um Maracanã lotado com quase 70 mil flamenguistas na Copa do Brasil este ano e ter que engolir em seco foi um momento de tensão nas diversas viagens que Fernando já fez. O sacrifício, porém, valeu a pena!
Em campos internacionais a viagem para ver o jogo diante do Caracas na Venezuela foi tensa pela situação caótica do país vizinho e temor pela insegurança. A partida contra o Peñarol do Uruguai pela Sul Americana de 2018 também teve momentos tensos, com os uruguaios tentando invadir o espaço destinado aos atleticanos. Porém, dada a magnitude da vitória, na saída já não haviam tantos torcedores locais nas imediações.
Fora de casa a derrota mais doída que ele assistiu foi contra o Grêmio na Copa do Brasil de 2017 em Porto Alegre. Assim como vários torcedores que se sacrificam pelo time e sabem de todos os “perrengues” que se passa para acompanhar o time fora de Curitiba, machuca ver uma atuação apática, fria e sem garra como naquele 4 x 0 que praticamente sacramentou a eliminação atleticana no torneio.
E AS ALEGRIAS??
Por não estar na final do Brasileiro de 2001, Fernando destaca que “copar” no Beira Rio foi o seu auge como torcedor visitante. Quem foi na finalíssima em Porto Alegre sabe da energia que havia entre time e torcida, que pouco mais de 2 mil atleticanos cantaram muito mais que as dezenas de milhares de colorados e que foram presenteados não só com o título, mas com mais uma vitória, com um gol de Rony no último momento da partida e com a pintura de drible aplicado por Marcelo Cirino ali ao lado de onde estava a torcida atleticana.
Fora do país ele destaca o “jogo maluco” no Chile contra a Universidad Católica que classificou o Atlético para a fase de mata-mata da Libertadores de 2017. Virada em cima de virada, o rubro-negro tendo obrigação de vencer para não depender de nenhum outro resultado, a alegria, o canto e a emoção da vitória por 3 x 2 marcaram fundo na memória de nosso viajante.
FALA FERNANDO
“Se tenho alguma dica? É possível! Sonhe, pois eu sempre sonhei, mas corri atrás do meu sonho e hoje tenho realizado.” Comparar preços, buscar promoções, acumular milhas, sem luxo, mas se programar, começar viajando com excursão da torcida para Santa Catarina, jogos em São Paulo ou mesmo jogos do Paranaense ajudam a exercitar o atleticanismo. Ver jogo fora de casa é diferente, causando uma emoção especial.
Fernando lembra ainda que respeito é uma moeda de troca. Respeitar as pessoas, mesmo quando a torcida local não “curte muito a torcida atleticana” é o básico para não se colocar em risco nem as pessoas que estão junto consigo. Além do mais e mesmo sendo evidente que se acompanha o time para ver ganhar, tão importante quanto torcer, cantar, vibrar e representar a nação atleticana, o mais importante é saber aproveitar e curtir o momento.
Ele se orgulha de ter visto TODOS os jogos das últimas grandes conquistas atleticanas: a Sul Americana em 2018 e a Copa do Brasil 2019.
Finalizando ele lembra de agradecer todo atleticano “das antigas” que abriram portas e mesmo nas fases mais difíceis da história do Athletico nunca abandonaram o clube. Por toda a história da Fanáticos que sempre esteve ao lado do clube nunca o deixando sozinho e que inspiraram ele e outros “loucos” que levam ao pé da letra o que entoa a canção: EU TE SIGO EM TODA PARTE, CADA VEZ TE QUERO MAIS”