7 jan 2020 - 11h56

O que esperar para este ano de 2020?

O ano de 2019 foi excepcional para o Athletico. A equipe conquistou a Copa do Brasil e a Levain Cup/Sul-Americana no Japão, terminou o Campeonato Brasileiro em quinto lugar, e disputou competições internacionais de igual para igual com gigantes do futebol sul-americano como River Plate e Boca Juniors.

Agora, a pergunta que o torcedor se faz é: o que esperar da temporada que se iniciará nos próximos dias? O Furacão já tem vaga assegurada na fase de grupos da Libertadores. Antes disso, a equipe de Aspirantes entrará em campo em busca de um inédito tricampeonato paranaense.

Uma mudança importante foi no comando técnico. Depois de dois anos, Tiago Nunes deixou o clube. O Athletico apostou em Dorival Júnior para seguir com o projeto de futebol. As contratações ainda estão em ritmo lento. Como será o desempenho neste ano? O Athletico conseguirá repetir o êxito do último ano e meio?

O PODER DO DINHEIRO

Em 2019, o poderio financeiro de Flamengo e Palmeiras chamaram a atenção, até pelo fato de que ambos os times figuram nas primeiras posições do Campeonato, concretizando o que se espera de equipes com muito mais dinheiro do que a maioria dos adversários do Brasil e até das Américas.

Enquanto o Flamengo conseguiu unir investimento a um bom futebol (depois da chegada do técnico português Jorge Jesus), o Palmeiras não empolga em campo, mas com um elenco equilibrado que só o dinheiro pode comprar, garantiu uma regularidade no certame nacional que certamente lhe assegurará o vice-campeonato nacional.

Essas questões começam a gerar reflexos fora do eixo Rio-São Paulo. Renato Gaúcho, por exemplo, já cobrou publicamente sua equipe, o Grêmio, para maiores investimentos na próxima temporada.

Já para os lados da Arena da Baixada, tais percepções vêm junto com um enorme lucro conquistado no memorável 2019. Só a conquista da Copa do Brasil garantiu 64,35 milhões de reais ao Furacão. Com Levain Cup/Copa Sul-Americana, Recopa e Libertadores e Brsileirão, as premiações renderam ao Athletico um valor recorde de mais de 100 milhões de reais.

Quando da saída de Tiago Nunes, porém, o ex-treinador chegou a declarar que o clube já lhe avia adiantado que o investimento no futebol do Furacão em 2020 seria igual ao de 2019, “com a possibilidade de perder jogadores”.

Então, se por um lado o Athletico conquistou lucros inéditos em sua história, que podem aumentar consideravelmente com a venda de craques revelados pela base, por outro, há a costumeira cautela de Mário Celso Petraglia com gastos no futebol, o que não deve ser, por si só, motivo para desespero.

AMBIÇÃO, ENTUSIASMO, REBELDIA E INOVAÇÃO

Essas são as palavras que o Athletico vem destacando desde a mudança de identidade anunciada no final de 2018. Se o torcedor já conhecia há anos esse perfil do clube, desde então o Brasil também passou a conhecer. Essa diferenciação pode ser o trunfo atleticano para obter maiores conquistas, mesmo sem realizar um investimento que seja minimamente comparável com os atuais milionários do futebol nacional.

Em palestra à Universidade do Futebol, Paulo André, atual dirigente e ex-jogador atleticano, revelou detalhes da nova estrutura organizacional do clube. Ter um projeto bem estabelecido, como vem acontecendo há alguns anos, é um diferencial que nenhum outro grande clube do Brasil possui, e pode reduzir a desvantagem do menor investimento financeiro.

Além disso, isso também visa tornar o clube no maior atrativo em caso de aprovação de legislação que autorize a implementação de clubes-empresa no país, o que traria maior injeção de investimentos no clube.

PROJETO À PROVA EM 2020

Enquanto a questão de clube-empresa for apenas teórica, 2020 já está aí, colocando o excelente projeto de futebol atleticano à prova em comparação ao excelente trabalho realizado pelo ex-treinador Tiago Nunes. Em resumo, a pergunta é: o sucesso recente é frutos do projeto atleticano ou da “sorte” de termos tido o treinador certo na hora certa?

Para responder essa pergunta, é preciso ir além do “resultadismo”, comum ao futebol brasileiro. Afinal, pelo menos desde 2014, após a saída de Vagner Mancini (mesmo com resultados surpreendentes no ano anterior), os técnicos contratados pelo Athletico possuem um mesmo perfil, compatível com o que se tem de mais moderno no futebol atual.

Claro que algumas escolhas não geraram o retorno esperado, mas não se pode negar a coerência do clube em suas contratações: jovem, estudioso, adepto à posse de bola (e não ao futebol reativo), que utilize bem a tecnologia disponível pelo clube, e que trabalhe para promover os talentos da base.

Esse último ponto é, talvez, o mais relevante. Afinal, o Furacão não apenas quer ser campeão mundial até 2024, como quer fazer isso com 60% do time formado no CAT do Caju. Sobre isso, assim revelou Paulo André:

“Temos ciência que o segundo só é possível se conseguirmos fazer o primeiro. É impossível ter uma geração inteira sendo revelada para atingir seis e sete jogadores da base no elenco. Então, temos que conseguir manter os melhores jogadores, com salários competitivos e atrativos para que possam ficar. Aí você vai acumulando uma geração atrás da outra para atingir o objetivo”.

Considerando que o projeto do time de aspirantes vem trazendo bons frutos para o clube em diversos aspectos, é possível que 2020 comece com o Paranaense, novamente, servindo como teste para jovens jogadores que poderão reforçar a equipe principal. Além de “velhos conhecidos”, como Erick, Pedrinho e Janderson, a “piazada” pode contar com outras revelações sobre as quais recai muita esperança para o time principal.

Assim, muitas das novidades atleticanas para este ano, certamente, serão provenientes do próprio clube. Nomes como Santos, Lodi e Bruno Guimarães tornam impossível um completo desânimo com tal conclusão.

INVESTIMENTOS INEVITÁVEIS

Apensar da confiança merecida na base atleticana, mesmo que o investimento no time principal do clube para o este ano seja o mesmo de 2019, ao menos alguns gastos, pontuais, serão necessários. É o caso de nossa camisa 9, tão bem envergada por Marco Ruben na temporada passada, que recebeu um salário alto para os padrões do clube.

Ruben será um desfalque importante para uma posição fundamental. O Furacão terá que “abrir o cinto”, nas palavras de Renato Gaúcho, ao menos, para essa reposição, não podendo confiar a tão necessária artilharia às promessas do Clube que, por mais promissoras que sejam, merecem uma transição tranquila como tão bem tem feito o rubro-negro, e não a imediata pressão de substituir o ídolo argentino.

2020: O QUE ESPERAR?

2019 reservou um debate interessante sobre investimentos no futebol, mas ao mesmo tempo coroou um trabalho competente feito de maneira inédita no Brasil dentro no CAT do Caju.

Assim, não se pode confiar que a diretoria irá tornar as premiações recebidas nesse ano em investimentos inéditos e surpreendentes no futebol.

Isso, porém, não é motivo de desespero, pois há diversas razões para se confiar no planejamento atleticano, cuja organização não parece depender de nomes (a não ser o de Petraglia) ou de grandes quantias de dinheiro.

Embora o Athleticomereça o crédito e a confiança de seu torcedor, não se poderá deixar de cobrar do clube, ao menos, investimentos pontuais. Além de uma reposição para Marco Ruben, perder um atleta como Bruno Guimarães, por exemplo, para o mercado europeu, impõe uma obrigação imediata de reposição que, por óbvio, não será do mesmo nível, mas deverá ser compatível com a ambição do clube na maior competição do continente, a ser novamente disputada.

Com um projeto consolidado e investimentos pontuais, é possível acreditar em novas conquistas para o ano que se inicia.

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