Eduardo Barros e suas ideias iniciais para o time de aspirantes
Na reta final do Campeonato Brasileiro 2019, Eduardo Barros assumiu interinamente o grupo principal do Athletico e conseguiu uma sequência de bons resultados, finalizando a temporada com 8 jogos invicto. Obviamente nesta ocasião o jovem treinador não fez alterações na forma de jogar da equipe em relação ao que era praticado sob o comando de Tiago Nunes, mas apenas deu continuidade ao trabalho e contou com uma equipe cuja forma de jogar já estava consolidada após uma temporada de muitas competições disputadas.
Entretanto, ao assumir o time de aspirantes para a disputa do Campeonato Paranaense de 2020, o treinador precisou formar uma equipe praticamente do zero. Mesclando jogadores que vieram de fora do clube com outros que atuavam nas categorias de base e, ainda, uma peça que desceu da equipe principal (Pedrinho), Eduardo Barros agora tem a necessidade de desenvolver um trabalho autoral. E pelas primeiras atuações da equipe já é possível enxergar alguns conceitos que deverão ser consolidados ao longo do Paranaense.
Pensando não apenas na disputa do Estadual, mas principalmente em maturar os atletas para que possam integrar o time principal ainda nesta temporada, Eduardo parece alinhar algumas ideias com as que estão sendo praticadas por Dorival Junior no time principal (que puderam ser observadas nos jogos amistosos contra Racing e Boca Juniors). A principal delas é a saída de bola.
Jogando num 4-4-2, sem usar meias de ofício jogando por dentro (a dupla central foi composta por Leo Gomes e Christian, volantes de origem), a mudança na saída de bola se dá principalmente pelo fato do volante mais recuado (Leo Gomes) não entrar entre os zagueiros para fazer a saída a 3, como era o “padrão” na temporada anterior. O responsável por ficar “um passo atrás” e iniciar a transição é o lateral esquerdo (Abner/Jaderson). Estratégia parecida já havia sido utilizada por Tiago Nunes ano passado com Márcio Azevedo, porém em poucas oportunidades. Com essa mudança, o meia mais aberto pela esquerda (Jaderson/Kleiton) é quem cria amplitude por aquele lado, enquanto pelo lado direito é o lateral (Leo Simas) quem abre totalmente para receber. Leo Gomes se posiciona logo atrás dos atacantes adversários para poder receber a bola já à frente desta primeira linha de marcação.
Foto: Furacão.com
Nos dois primeiros jogos ficou nítido que ainda falta confiança para os jovens jogadores executarem passes nesta zona central. Quando havia confiança dos jogadores de defesa em fazer o passe, também faltou confiança para Leo Gomes fazer o giro e atrair a marcação para criar espaços para Denner, Christian e Kleiton. Isto dificultou a criação de jogadas desde a defesa, mas são problemas que devem ser corrigidos conforme a equipe for amadurecendo.
Defendendo, os aspirantes de Eduardo Barros lembram mais a equipe de Tiago Nunes do que a de Dorival, ao menos nestes primeiros jogos. A equipe mantém as duas linhas de 4 jogadores compactas e os dois jogadores de ataque fazendo o balanço, tentando fechar as linhas de passe pelo meio e forçar os lançamentos da zaga adversária, ou obrigando o adversário a trabalhar pelos lados.
Foto: Furacão.com
Outra mudança significativa – esta não alinhada com o que tem apresentado o time de Dorival – é a presença de dois atacantes, sendo que nenhum deles possui características de centro avante. A dupla Pedrinho e Boselli possui muita mobilidade, porém obriga a equipe a jogar pelo meio, uma vez que jogadas pelas laterais tendem a ser pouco efetivas já que nenhum dos dois possui boa estatura e ambos saem muito da área. Contra o PSTC, Eduardo tentou mudar a posição de Pedrinho no segundo tempo, mantendo-o fixo no meio da zaga adversária, o que ajudou a criar espaços para os jogadores de meio (o gol saiu de uma finalização de longa distância de Christian, inclusive), mas fez com que Pedrinho não pudesse explorar sua principal arma que são os confrontos individuais.
A equipe de aspirantes ainda possui um longo caminho para consolidar as ideias de jogo do treinador Eduardo Barros, porém o que já se vê em campo é uma equipe bem organizada, se levado em conta o pouco tempo de trabalho juntos. O próximo confronto, contra o Londrina, será o primeiro teste de fogo para a jovem equipe atleticana – e também para as ideias esboçadas por Eduardo Barros até aqui.