19 fev 2020 - 0h00

Adversário na Libertadores, Colo-Colo vive momento de tensão extracampo

Daqui pouco menos de um mês, no dia 11 de março, o Athletico vai ao Chile para a partida contra o Colo-Colo, na segunda rodada da fase de grupos da Libertadores 2020. Mas não é o momento dentro das quatro linhas que mais chama a atenção no adversário atleticano: o clima de tensão nas arquibancadas, infelizmente, vira o destaque negativo no noticiário do clube e de todo o país.

O último capítulo dessa triste realidade ocorreu no fim de semana, com o clássico entre Colo-Colo e Universidad Católica, no estádio Monumental (o mesmo que vai sediar a partida contra o Furacão na Libertadores), sendo interrompido aos 25 minutos do segundo tempo, devido ao tumulto nas arquibancadas, incluindo o lançamento de um rojão em direção ao campo, que explodiu muito perto do atacante Nicolás Blandi, do Colo-Colo. Vale lembrar que no Chile, os clássicos são disputados com torcida única e, portanto todo incidente foi protagonizado pelos torcedores do Cacique, como é conhecido o Club Social y Deportivo Colo-Colo. O Superclássico, como é chamado o encontro entre os clubes, marcava 2 a 0 para a Católica quando a arbitragem interrompeu a partida.

“Estou magoado com o que aconteceu, me desculpe, mas é uma situação que se espera não viver, principalmente em um estádio. Esperamos que as autoridades, os clubes e suas organizações partidárias garantam a segurança dos jogadores ”, comentou o técnico do Colo-Colo, Mario Salas. O vice-presidente do clube, Harold Mayne-Nicholls, também lamentou os incidentes. “Não conseguimos entender por que eles [torcedores] lançaram rojões contra nossos próprios jogadores, você não pode acreditar”, disse.

Protestos, morte de torcedor e ameaça da Conmebol

O episódio não foi isolado. Em janeiro, um torcedor do Colo-Colo morreu na saída de uma partida, após ser atropelado por um caminhão da polícia. A partir daí, intensificaram os protestos de várias torcidas organizadas de clubes chilenos, pedindo a suspensão do futebol no país – atos sem sucesso até o momento. Em algumas manifestações, os integrantes chegaram a usar faixas com os dizeres “Ruas com sangue, campos sem futebol”.

No início do mês, a Conmebol enviou uma carta ao Universidad de Chile, nas vésperas da partida contra o Internacional pela pré-Libertadores, ameaçando o clube em caso de confronto no interior ou entorno do Estádio Monumental, chegando a informar que tomaria “duras medidas” no caso das autoridades locais não garantirem a segurança da partida. O jogo em Santiago terminou 0 a 0 e, em Porto Alegre, o Inter eliminou os chilenos ao vencer por 2 a 0. O Chile ainda tem três representantes na competição: Colo-Colo e Universidad Católica, que entraram na fase de grupos por serem respectivamente vice-campeão e campeão do Campeonato Chileno, e o Palestino, que disputa a terceira fase (pré-Libertadores) e enfrenta o Guaraní-PAR.

O cenário de tensão social tomou conta do Chile desde outubro do ano passado, com diversas manifestações contra o governo do presidente Sebastián Piñera, contabilizando cerca de 30 mortos e mais de 3 mil feridos – recentemente, esperava-se uma trégua nos protestos devido ao acordo político para a realização de plebiscito sobre a mudança Constituição, herdada da ditadura de Augusto Pinochet.

No campo esportivo, a crise também teve reflexos. Em dezembro de 2019, o Campeonato Chileno encerrou seis rodadas antes do fim devido aos protestos e a Copa Chile foi interrompida e finalizada apenas em janeiro deste ano – com o Colo-Colo sagrando-se campeão e a Universidad de Chile, vice. E a final da Libertadores do ano passado, disputada em jogo único, foi transferida pela Conmebol cerca de 20 dias antes da decisão, passando de Santiago para o Estádio Monumental de Lima, no Peru.

O Athletico estreia na Libertadores daqui duas semanas, no dia 03 de março, contra o Peñarol, na Arena da Baixada, e já na segunda rodada enfrenta o Colo-Colo, em Santiago.

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