7 ago 2020 - 12h17

Guenta os Coxa

Foram, são e serão sempre os nossos rivais.

Sim, temos que “guentar os coxas”. Hoje pode parecer fácil, mas não é.

No rugby aprende-se muito sobre integridade e respeito. E quando um adversário é muito superior ao outro ele não diminui o ritmo, ele não dá um try pro adversário: ele joga sério até o fim, respeita o esforço do oponente que quer no mínimo perder com dignidade, com luta, com entrega.

Hoje vejo uma geração que não considera o Coritiba nosso rival. São, então “guenta os coxas” sim!

Tive que sofrer com aquela estrelinha dourada sendo esfregada da minha cara durante década e meia. Você pode não acreditar, mas o grande palco dos maiores jogos do futebol paranaense sempre foi o Couto Pereira. Durante décadas o Coxa aumentava sua supremacia diante de nós e dos pais e avós do Paraná Clube se alimentando de pelo menos meia dúzia de grandes jogos dos rivais que tinham que alugar o estádio do Alto da Glória para os jogos que enchiam as arquibancadas (e o bolso do alviverde). Tal fenômeno assistimos durante décadas acontecer em São Paulo, onde o tricolor fazia um tremendo caixa às custas dos públicos gigantescos que Palmeiras e Corinthians levavam ao Morumbi.

É coincidência que depois que a dupla tem suas casas aumentadas e não aluga mais o Cícero Pompeu de Toledo para grandes jogos, ambos passaram a ganhar muitos títulos enquanto o jejum são paulino aumenta a cada ano?

Enfim, para quem não sabe o que é ver aquela estrelinha dourada na camisa e invejar em silêncio eu entendo; quem nunca ouviu SEM TERRA da torcida rival eu entendo. Porém entendo muito mais aqueles que deliravam alucinadamente por meras vitórias em Atletibas, que passaram por jejum até vermos gol de Edenilson Pateta pra quebra-lo; os que viam times do coxa “imbatíveis” no Couto, quer seja pela melhor qualidade do adversário (era f*%¨$ ter Wilson Prudêncio e Roberson querendo pegar Osvaldo, Carlos Alberto Dias, Serginho e Tostão) ou pelo eterno apito amigo. Eu entendo.

O Coxa como grande rival que é, merece respeito. E a melhor forma de respeitar é vencer sempre. É fazer final, poder empatar mas virar nos acréscimos. É Thiago Heleno passando a guilhotina no pescoço, é Walter comendo coxinha, é Bruno Guimarães ainda moleque mandando sentar em silêncio porque “aqui é os piá”.

A melhor forma de respeitar o centenário Coritiba é jogar sempre para vencê-los. A distância hoje é grande a nosso favor, mas já o foi em sentido contrário. Eles nos menosprezaram e iludidos num mundo sempre alimentado por uma imprensa conivente com eles (único lugar que seguem maioria), deitaram nos louros de um passado de vitórias onde “não tinham rival”. Não vamos cometer o mesmo erro.

O Athletico tem tudo para aumentar ainda mais a diferença técnica, estrutural, financeira e de torcedores que ostenta hoje diante do rival. Só não pode deixar de olhar para o passado e ver que não podemos ser exatamente o que eles foram.

E para isso é necessário “guentar os coxas”. Porque sim, eles são os nossos eternos rivais!

 

Dedico essa coluna aos amigos do bairro, Gerson, Everton, Adriano e Nico que em tempos bem mais difíceis me ajudaram perceber que é melhor ser atleticano mesmo perdendo do que coxa ganhando. E ao eterno Marcos “Sapo”, essa lenda da Velha Guarda da Fanáticos.

 



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