13 ago 2020 - 22h48

Libertadores, estamos voltando! Faltando um mês para retorno, veja como estão os adversários do Athletico

Daqui pouco mais de um mês, o futebol sul-americano volta a concentrar as atenções na Copa Libertadores da América, competição paralisada no início de março, na segunda rodada da fase de grupos, devido à pandemia da Covid-19 que começava a intensificar nos países da região. O torneio retorna no próximo dia 15 de setembro, data em que o Athletico vai à Bolívia para enfrentar o Jorge Wilstermann no estádio Felix Capriles, em Cochabamba – no mesmo dia, também jogam Colo Colo e Peñarol, no estádio Monumental de Santiago.

O Grupo C da Libertadores é um dos mais equilibrados até o momento, com os quatro clubes empatados com três pontos, todos fazendo valer o fator mando de campo. Na primeira rodada, o Rubro-Negro venceu o Peñarol por 1 a 0 e o Jorge Wilstermann derrotou o Colo Colo por 2 a 0. Na segunda rodada, o Colo Colo derrotou o Athletico por 1 a 0 e o Peñarol venceu o Jorge Wilstermann também por 1 a 0.

Já na contagem regressiva para o retorno da competição, a Furacao.com traz hoje um raio-x de como está a atual situação dos três adversários do Furacão na Libertadores, no momento em que coincide a retomada do futebol e um cenário ainda muito instável em relação à pandemia do coronavírus em vários países da América do Sul. Confira:

Jorge Wilstermann

O primeiro adversário do Athletico no retorno da Libertadores é o Jorge Wilstermann, da Bolívia, país que há algumas semanas vivenciou um cenário bastante triste em meio à pandemia, com centenas de corpos das vítimas da doença se acumulando pelas ruas, devido ao colapso do sistema funerário. Com cerca de 11 milhões de habitantes, a Bolívia chegou a ser o quarto país no mundo – o segundo na América Latina – com maior número de mortes por milhão de habitantes, segundo relatório da Our World in Data, projeto de pesquisadores da Universidade de Oxford. Até o momento, a Bolívia registra mais de 95 mil casos confirmados e 3.800 mortes decorrentes do novo coronavírus.

Entre as vítimas, duas diretamente ligadas ao futebol: em 30 de maio, foi confirmada a morte de Deibert Guzmán, de 25 anos, jogador do Clube Universitário de Beni, da segunda divisão, que se tornou o primeiro caso fatal de um jogador profissional pelo novo coronavírus registrado no mundo. E em 19 de julho, foi o presidente da Federação Boliviana de Futebol, César Salinas, que faleceu em decorrência do coronavírus.

Time boliviano treina em Cochabamba [foto: instagram oficial do Jorge Wilstermann]
A cidade de Cochabamba, onde fica o Estádio Felix Capriles, palco da partida do Athletico, é atualmente um dos principais epicentros locais da doença – o número de mortes supera inclusive a capital La Paz. Terceira maior cidade do país, Cochabamba chegou a usar militares para patrulhar a população a ficar em casa, sob o lema “somos todos soldados” contra a Covid-19.

A situação, entretanto, deve demorar para melhorar. Segundo estimativa do governo boliviano, o pico de contágios ainda não aconteceu e deve ocorrer entre o fim de agosto e o começo de setembro ou outubro. Como medida emergencial, a presidente interina, Jeanine Áñez, anunciou na semana passada a distribuição a domicílio de medicamentos para casos leves a moderados, como alternativa para aliviar a capacidade dos hospitais locais.

Em termos futebolísticos, o país vive períodos de incertezas. As Federações da Bolívia e Argentina foram as únicas que votaram contra o retorno da Libertadores na consulta da Conmebol e, em termos locais, ainda não existe nenhuma previsão de retorno das competições.

O Campeonato Boliviano foi paralisado na 12ª rodada do Torneio Apertura, em 15 de março. Em seu último compromisso, o Jorge Wilstermann empatou em 1 a 1 com o Bolívar e ocupa a quinta colocação, com 6 vitórias, 2 empates e 4 derrotas. Até o momento, a Federação não informou um cronograma para a retomada do futebol no país, mas notícias locais informam que as autoridades aguardam o fim do pico da Covid-19, para daí, em 30 dias, anunciar a volta do calendário – ou seja, provavelmente apenas em outubro ou novembro.

Para reestrear na Libertadores, o Jorge Wilstermann voltou aos treinamentos na primeira semana de agosto, após quase cinco meses de pausa total nos trabalhos. Os aviadores, como são conhecidos, instalaram-se em um centro de treinamento de um hotel da cidade e os atletas seguem em regime de concentração, com os trabalhos divididos em dois grupos, dentro dos critérios da quarentena flexível que vigora no país.

Sem previsão de volta do Campeonato Boliviano, Jorge Wilstermann treina para Libertadores [foto: instagram oficial do Jorge Wilstermann]
Nas atividades, uma atenção especial para os trabalhos com bola, pois o ritmo de jogo é um aspecto que atletas e comissão técnica destacaram como maior perda nesse período sem futebol. “Eles já nos chamaram para treinar, nós viemos, fizemos todos os protocolos [de biossegurança], estamos nos adaptando a isso e agora vamos nos concentrar nos treinos”, disse o atacante argentino Christian ‘Pochi’ Chávez, peça importante da equipe boliviana, sobre essa volta aos trabalhos visando, neste primeiro momento, exclusivamente os jogos da Libertadores.

Colo Colo

No dia 23 de setembro, o Athletico volta a enfrentar o Colo Colo, desta vez na Arena da Baixada. O adversário derrotou o Furacão por 1 a 0, na segunda rodada, dia 11 de março, em Santiago, coincidentemente, o último jogo oficial disputado pelo clube chileno até aqui. Três dias depois, o futebol no país foi paralisado e ainda não existe uma data oficial de retorno, embora nos últimos dias a Federação Chilena de Futebol tenha divulgado um “Plano de retorno do futebol”, com uma série de protocolos para a retomada das competições, envolvendo treinamentos, concentração, viagens e deslocamentos das delegações, estádios, arbitragens, entre outros, dando indícios de que nos próximos dias possa anunciar um novo calendário.

Nessa quarta-feira (12), a Federação divulgou uma lista com 21 estádios que poderão acolher os jogos no recomeço do futebol no país por cumprirem determinações do protocolo – o próximo passo é uma supervisão mais detalhada pela Comissão Médica da Federação Chilena (ANFP), por meio da Sociedade Chilena de Medicina do Esporte e da Unidade de Ciências Aplicadas do Ministério do Esporte, que auxiliarão e orientarão os clubes no cumprimento dos requisitos estipulados nos protocolos do retorno à atividade futebolística profissional no país.

Colo Colo vive a expectativa de retomada do campeonato local [foto: instagram oficial do Colo Colo]
Na Liga Chilena 2020, o Colo Colo ocupa até aqui a modesta 13ª posição, com duas vitórias, um empate e quatro derrotas – como comparativo, com os mesmos sete jogos, a líder Universidad Católica tem seis vitórias e um empate.

No início de julho, as autoridades chilenas autorizaram a retomada dos treinamentos presenciais dos clubes com um número limitado de pessoas e, desde então, o Colo Colo vem realizando os trabalhos sob o comando do técnico Gualberto Jara. “Do ponto de vista futebolístico, é uma situação muito especial [este momento de trabalhos durante a pandemia]. A adaptação não tem sido a mesma, a próxima competição não será a mesma, o futebol não será o mesmo, é uma experiência nova para todos nós do futebol”, comentou em recente entrevista.

Fora dos campos, o clube vem realizando diversas campanhas beneficentes para ajudar a população local, envolvendo desde doações de cestas básicas até a ação chamada “Fogo de Campeão”, com a arrecadação de recursos para a compra de botijões de gás para doação a famílias necessitadas, para aquecimento das casas no rigoroso inverno chileno.

Treinamentos e prevenção: rotina em tempos de pandemia [foto: instagram oficial do Colo Colo]
Paralelo à pandemia, a federação local também esteve no noticiário. Por um lado, com um exemplo positivo que veio do técnico da seleção chilena, o colombiano Reinaldo Rueda, que concordou em reduzir seu salário em 50% durante o período de paralisação do futebol devido à pandemia do coronavírus. Por outro, com uma crise política, que culminou com o anúncio de renúncia do presidente da federação chilena, Sebastián Moreno, em maio, após o afastamento de três dirigentes da federação e a pressão de vários clubes que se opõem à sua administração.

O Chile também vive um momento diferente em relação ao controle da pandemia do coronavírus. Depois de acumular algumas semanas de alta no número de casos e óbitos, chegando a liderar o ranking em todo continente de casos relativos – que considera o total de casos por milhão de habitante – esta semana os chilenos comemoraram uma significativa melhora nas taxas de infecção. Tanto, que a partir de segunda-feira (17), a quarentena no centro de Santiago, que já durava mais de cinco meses, será suspensa e passará para uma fase de transição, que considera a abertura do comércio durante a semana, desde que frequentado por pessoas que vivam na mesma comunidade, com a manutenção das regras nos fins de semana. Segundo o Ministério da Saúde, o país tem cerca de 10.300 óbitos por Covid-19, com mais de 380 mil infectados, numa população de 18 milhões de pessoas.

Peñarol

O time uruguaio, que perdeu para o Athletico na abertura da fase de grupos, é o último adversário que o Furacão enfrenta nesta etapa da competição, confronto marcado para o dia 20 de outubro, no estádio Campeón del Siglo, em Montevidéu.

Os Carboneros protagonizaram a primeira grande polêmica após o anúncio da retomada da Libertadores, ao condicionar a viagem para enfrentar o Colo Colo, no Chile, dia 15 de setembro, à autorização prévia do governo local – e, caso a ida seja desaconselhada pelas autoridades, o clube já adiantou que não fará resistência. “Nós vamos acatar o governo e não a Conmebol”, advertiu o secretário geral do Peñarol, Evaristo González, acrescentando: “Olhamos com muita preocupação, ainda mais por termos países como Chile, Argentina, Brasil e Peru, que estão muito comprometidos [com os casos de coronavírus]. Nos preocupa que tenhamos que viajar e jogar no Chile, nossa responsabilidade como clube é não colocar ninguém em risco.” Ele citou, ainda, a necessidade do período de quarentena como procedimento sanitário a todas as pessoas que chegam ao Uruguai vindas do exterior, alegando que não arriscará deixar todo clube nessa condição devido à partida no Chile.

Peñarol aguarda posicionamento oficial do governo para saber se viaja para jogar Libertadores [foto: instagram oficial do Peñarol]
Explica-se: o Uruguai adotou medidas de sucesso no controle da pandemia, sem impor quarentena obrigatória e apostando na prevenção ao invés da proibição, alcançando, ainda em maio, a expressiva marca de 90% da população cumprindo o distanciamento social e ficando em casa. Com uma população de 3,5 milhões de pessoas, o país vizinho registrou apenas 1.400 casos da Covid-10, com 37 óbitos.
No auge da pandemia, o país até chegou a fechar suas fronteiras, suspender aulas, proibir serviços religiosos e cancelamento de grandes eventos, mas aos poucos a rotina voltou à normalidade. Atualmente é o único país latino-americano com entrada de seus cidadãos liberada na Europa e, na quinta-feira passada, Montevidéu se tornou a primeira capital da América Latina a reabrir suas grandes salas de teatro, com uma apresentação do coral nacional no Auditório Nacional Adela Reta.

No futebol, a rotina também está voltando. Depois de cinco meses suspenso, o Torneio Apertura do Campeonato Uruguaio retornou no último fim de semana, com os jogos da 4ª rodada, com destaque para o clássico entre Nacional e Peñarol, no estádio Centenário, em Montevidéu, que terminou empatado em 1 a 1. “Fico feliz que o campeonato reiniciou, que era o que queríamos. O clássico foi positivo e, embora quiséssemos ganhar, pela forma como o jogo correu, acabou sendo um empate positivo”, avaliou o técnico Diego Forlán. Com o resultado, o adversário do Furacão ocupa a modesta 8ª colocação, com apenas cinco pontos (uma vitória, dois empates e uma derrota).

Clássico sem público: o futebol voltou no Uruguai! [foto: instagram oficial do Peñarol]
Mesmo disputado sem público, foi possível verificar inúmeros torcedores do Peñarol nas imediações do estádio antes e durante a partida, descumprindo as regras de distanciamento físico aconselhado pelas autoridades sanitárias.

No auge da pandemia no país, ainda em março, a diretoria do Peñarol cedeu o ginásio Palácio Contador Gastón Guelfi para abrigar moradores de rua do grupo de risco, como idosos, diabéticos e pessoas com doenças cardíacas e respiratórias. Em outra ação, principalmente nas redes sociais, o clube trocou as 11 estrelas de seu escudo por uma só, passando a mensagem de que “Todos somos um” – as 11 estrelas representam os 11 jogadores que entram em campo pelo clube, mas o momento exige que se reforce a importância de todo o mundo lutar pela mesma causa, dizia o material da campanha.

Protocolo da Conmebol

Na semana passada, a Conmebol aprovou novas regras para evitar a propagação do coronavírus nas partidas da Libertadores e Copa Sul-Americana. Entre as diretrizes do protocolo, a permissão para que membros das delegações dos clubes visitantes entrem nos países da América do Sul sob rígidas normas sanitárias pelo período de 72 horas. Também a autorização expressa para comparecer em sessões de treinamento e jogos nesses locais.

Em junho, a entidade já havia divulgado algumas diretrizes quanto aos treinamentos, viagens e torneios de clubes aos países membros, estabelecendo inclusive algumas regras de comportamento dos atletas durante os jogos, com a proibição dos jogadores e oficiais beijarem a bola antes, durante e depois do jogo, bem como a obrigação de serem submetidos a controles de temperatura antes de cada partida. Também a proibição de compartilhamento de garrafas de água entre os atletas, proibição de troca de camisas e flâmulas e o uso obrigatório de máscaras para conceder entrevistas.



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