Libertadores, estamos voltando! Faltando um mês para retorno, veja como estão os adversários do Athletico
Daqui pouco mais de um mês, o futebol sul-americano volta a concentrar as atenções na Copa Libertadores da América, competição paralisada no início de março, na segunda rodada da fase de grupos, devido à pandemia da Covid-19 que começava a intensificar nos países da região. O torneio retorna no próximo dia 15 de setembro, data em que o Athletico vai à Bolívia para enfrentar o Jorge Wilstermann no estádio Felix Capriles, em Cochabamba – no mesmo dia, também jogam Colo Colo e Peñarol, no estádio Monumental de Santiago.
O Grupo C da Libertadores é um dos mais equilibrados até o momento, com os quatro clubes empatados com três pontos, todos fazendo valer o fator mando de campo. Na primeira rodada, o Rubro-Negro venceu o Peñarol por 1 a 0 e o Jorge Wilstermann derrotou o Colo Colo por 2 a 0. Na segunda rodada, o Colo Colo derrotou o Athletico por 1 a 0 e o Peñarol venceu o Jorge Wilstermann também por 1 a 0.
Já na contagem regressiva para o retorno da competição, a Furacao.com traz hoje um raio-x de como está a atual situação dos três adversários do Furacão na Libertadores, no momento em que coincide a retomada do futebol e um cenário ainda muito instável em relação à pandemia do coronavírus em vários países da América do Sul. Confira:
Jorge Wilstermann
O primeiro adversário do Athletico no retorno da Libertadores é o Jorge Wilstermann, da Bolívia, país que há algumas semanas vivenciou um cenário bastante triste em meio à pandemia, com centenas de corpos das vítimas da doença se acumulando pelas ruas, devido ao colapso do sistema funerário. Com cerca de 11 milhões de habitantes, a Bolívia chegou a ser o quarto país no mundo – o segundo na América Latina – com maior número de mortes por milhão de habitantes, segundo relatório da Our World in Data, projeto de pesquisadores da Universidade de Oxford. Até o momento, a Bolívia registra mais de 95 mil casos confirmados e 3.800 mortes decorrentes do novo coronavírus.
Entre as vítimas, duas diretamente ligadas ao futebol: em 30 de maio, foi confirmada a morte de Deibert Guzmán, de 25 anos, jogador do Clube Universitário de Beni, da segunda divisão, que se tornou o primeiro caso fatal de um jogador profissional pelo novo coronavírus registrado no mundo. E em 19 de julho, foi o presidente da Federação Boliviana de Futebol, César Salinas, que faleceu em decorrência do coronavírus.
A situação, entretanto, deve demorar para melhorar. Segundo estimativa do governo boliviano, o pico de contágios ainda não aconteceu e deve ocorrer entre o fim de agosto e o começo de setembro ou outubro. Como medida emergencial, a presidente interina, Jeanine Áñez, anunciou na semana passada a distribuição a domicílio de medicamentos para casos leves a moderados, como alternativa para aliviar a capacidade dos hospitais locais.
Em termos futebolísticos, o país vive períodos de incertezas. As Federações da Bolívia e Argentina foram as únicas que votaram contra o retorno da Libertadores na consulta da Conmebol e, em termos locais, ainda não existe nenhuma previsão de retorno das competições.
O Campeonato Boliviano foi paralisado na 12ª rodada do Torneio Apertura, em 15 de março. Em seu último compromisso, o Jorge Wilstermann empatou em 1 a 1 com o Bolívar e ocupa a quinta colocação, com 6 vitórias, 2 empates e 4 derrotas. Até o momento, a Federação não informou um cronograma para a retomada do futebol no país, mas notícias locais informam que as autoridades aguardam o fim do pico da Covid-19, para daí, em 30 dias, anunciar a volta do calendário – ou seja, provavelmente apenas em outubro ou novembro.
Para reestrear na Libertadores, o Jorge Wilstermann voltou aos treinamentos na primeira semana de agosto, após quase cinco meses de pausa total nos trabalhos. Os aviadores, como são conhecidos, instalaram-se em um centro de treinamento de um hotel da cidade e os atletas seguem em regime de concentração, com os trabalhos divididos em dois grupos, dentro dos critérios da quarentena flexível que vigora no país.
Colo Colo
No dia 23 de setembro, o Athletico volta a enfrentar o Colo Colo, desta vez na Arena da Baixada. O adversário derrotou o Furacão por 1 a 0, na segunda rodada, dia 11 de março, em Santiago, coincidentemente, o último jogo oficial disputado pelo clube chileno até aqui. Três dias depois, o futebol no país foi paralisado e ainda não existe uma data oficial de retorno, embora nos últimos dias a Federação Chilena de Futebol tenha divulgado um “Plano de retorno do futebol”, com uma série de protocolos para a retomada das competições, envolvendo treinamentos, concentração, viagens e deslocamentos das delegações, estádios, arbitragens, entre outros, dando indícios de que nos próximos dias possa anunciar um novo calendário.
Nessa quarta-feira (12), a Federação divulgou uma lista com 21 estádios que poderão acolher os jogos no recomeço do futebol no país por cumprirem determinações do protocolo – o próximo passo é uma supervisão mais detalhada pela Comissão Médica da Federação Chilena (ANFP), por meio da Sociedade Chilena de Medicina do Esporte e da Unidade de Ciências Aplicadas do Ministério do Esporte, que auxiliarão e orientarão os clubes no cumprimento dos requisitos estipulados nos protocolos do retorno à atividade futebolística profissional no país.
No início de julho, as autoridades chilenas autorizaram a retomada dos treinamentos presenciais dos clubes com um número limitado de pessoas e, desde então, o Colo Colo vem realizando os trabalhos sob o comando do técnico Gualberto Jara. “Do ponto de vista futebolístico, é uma situação muito especial [este momento de trabalhos durante a pandemia]. A adaptação não tem sido a mesma, a próxima competição não será a mesma, o futebol não será o mesmo, é uma experiência nova para todos nós do futebol”, comentou em recente entrevista.
Fora dos campos, o clube vem realizando diversas campanhas beneficentes para ajudar a população local, envolvendo desde doações de cestas básicas até a ação chamada “Fogo de Campeão”, com a arrecadação de recursos para a compra de botijões de gás para doação a famílias necessitadas, para aquecimento das casas no rigoroso inverno chileno.
O Chile também vive um momento diferente em relação ao controle da pandemia do coronavírus. Depois de acumular algumas semanas de alta no número de casos e óbitos, chegando a liderar o ranking em todo continente de casos relativos – que considera o total de casos por milhão de habitante – esta semana os chilenos comemoraram uma significativa melhora nas taxas de infecção. Tanto, que a partir de segunda-feira (17), a quarentena no centro de Santiago, que já durava mais de cinco meses, será suspensa e passará para uma fase de transição, que considera a abertura do comércio durante a semana, desde que frequentado por pessoas que vivam na mesma comunidade, com a manutenção das regras nos fins de semana. Segundo o Ministério da Saúde, o país tem cerca de 10.300 óbitos por Covid-19, com mais de 380 mil infectados, numa população de 18 milhões de pessoas.
Peñarol
O time uruguaio, que perdeu para o Athletico na abertura da fase de grupos, é o último adversário que o Furacão enfrenta nesta etapa da competição, confronto marcado para o dia 20 de outubro, no estádio Campeón del Siglo, em Montevidéu.
Os Carboneros protagonizaram a primeira grande polêmica após o anúncio da retomada da Libertadores, ao condicionar a viagem para enfrentar o Colo Colo, no Chile, dia 15 de setembro, à autorização prévia do governo local – e, caso a ida seja desaconselhada pelas autoridades, o clube já adiantou que não fará resistência. “Nós vamos acatar o governo e não a Conmebol”, advertiu o secretário geral do Peñarol, Evaristo González, acrescentando: “Olhamos com muita preocupação, ainda mais por termos países como Chile, Argentina, Brasil e Peru, que estão muito comprometidos [com os casos de coronavírus]. Nos preocupa que tenhamos que viajar e jogar no Chile, nossa responsabilidade como clube é não colocar ninguém em risco.” Ele citou, ainda, a necessidade do período de quarentena como procedimento sanitário a todas as pessoas que chegam ao Uruguai vindas do exterior, alegando que não arriscará deixar todo clube nessa condição devido à partida no Chile.
No auge da pandemia, o país até chegou a fechar suas fronteiras, suspender aulas, proibir serviços religiosos e cancelamento de grandes eventos, mas aos poucos a rotina voltou à normalidade. Atualmente é o único país latino-americano com entrada de seus cidadãos liberada na Europa e, na quinta-feira passada, Montevidéu se tornou a primeira capital da América Latina a reabrir suas grandes salas de teatro, com uma apresentação do coral nacional no Auditório Nacional Adela Reta.
No futebol, a rotina também está voltando. Depois de cinco meses suspenso, o Torneio Apertura do Campeonato Uruguaio retornou no último fim de semana, com os jogos da 4ª rodada, com destaque para o clássico entre Nacional e Peñarol, no estádio Centenário, em Montevidéu, que terminou empatado em 1 a 1. “Fico feliz que o campeonato reiniciou, que era o que queríamos. O clássico foi positivo e, embora quiséssemos ganhar, pela forma como o jogo correu, acabou sendo um empate positivo”, avaliou o técnico Diego Forlán. Com o resultado, o adversário do Furacão ocupa a modesta 8ª colocação, com apenas cinco pontos (uma vitória, dois empates e uma derrota).
No auge da pandemia no país, ainda em março, a diretoria do Peñarol cedeu o ginásio Palácio Contador Gastón Guelfi para abrigar moradores de rua do grupo de risco, como idosos, diabéticos e pessoas com doenças cardíacas e respiratórias. Em outra ação, principalmente nas redes sociais, o clube trocou as 11 estrelas de seu escudo por uma só, passando a mensagem de que “Todos somos um” – as 11 estrelas representam os 11 jogadores que entram em campo pelo clube, mas o momento exige que se reforce a importância de todo o mundo lutar pela mesma causa, dizia o material da campanha.
Protocolo da Conmebol
Na semana passada, a Conmebol aprovou novas regras para evitar a propagação do coronavírus nas partidas da Libertadores e Copa Sul-Americana. Entre as diretrizes do protocolo, a permissão para que membros das delegações dos clubes visitantes entrem nos países da América do Sul sob rígidas normas sanitárias pelo período de 72 horas. Também a autorização expressa para comparecer em sessões de treinamento e jogos nesses locais.
Em junho, a entidade já havia divulgado algumas diretrizes quanto aos treinamentos, viagens e torneios de clubes aos países membros, estabelecendo inclusive algumas regras de comportamento dos atletas durante os jogos, com a proibição dos jogadores e oficiais beijarem a bola antes, durante e depois do jogo, bem como a obrigação de serem submetidos a controles de temperatura antes de cada partida. Também a proibição de compartilhamento de garrafas de água entre os atletas, proibição de troca de camisas e flâmulas e o uso obrigatório de máscaras para conceder entrevistas.