19 out 2020 - 14h12

Céu e inferno

Qual a semelhança entre Casemiro Mior, Flávio Lopes, Heriberto da Cunha, Ricardo Drubscky, Leandro Ávila e Fabiano Soares?

E entre Geninho, Antonio Lopes, Paulo Cesar Carpegiani, Vagner Mancini, Evaristo de Macedo, Levir Culpi e Paulo Autori?

Bem, todos os dois grupos são formados por treinadores que já dirigiram o Athletico nas mais diversas épocas e situações. Enquanto o segundo grupo se notabiliza por gente consagrada, que chegou aqui já conhecida e com algo no currículo para apresentar, a turma do primeiro parágrafo nunca vingou, teve no rubro-negro o ápice da carreira e maioria não pertence sequer ao segundo escalão de técnicos do Brasil onde transitam figuras incríveis como Roberto Fernandes, Claudinei Oliveira, Vinicius Eutrópio e Sérgio Soares, todos que também passaram aqui sem deixar saudades.

Fato que em todas as boas campanhas, toda vez que clube teve conquistas maiores ou chegou muito próxima delas, havia no dia a dia e no banco de reservas um treinador conhecido, sabidamente capaz e que detinha experiência e traquejo pra lidar com a boleirada. E tivemos campanhas muito boas, algumas memoráveis e inesquecíveis.

E não coincidentemente, somente duas das dezenas de apostas nos mais ilustres desconhecidos que já treinaram o clube é que efetivamente deram certo. Vadão na virada do século e recentemente Tiago Nunes foram treinadores vistos como apostas, ainda não tinham brilho próprio e nem conquistas para rechear o currículo, mas fizeram bons trabalhos que trouxeram retorno técnico e financeiro ao clube.

Trazer treinador conhecido e medalhão é certeza de êxito? Não. As vindas de Adilson Batista, Jair Pereira e recentemente Dorival Jr mostram isso. Porém foram exceção, pois chegaram sendo treinadores já reconhecidos, com conquistas para contar e que aqui infelizmente não foram bem. Já trazer desconhecido ou alçar gente sem preparo como o aprendiz de Fernando Diniz que o clube insistiu em manter como treinador do elenco principal até semana passada, são, em regra, garantia de fiasco, perda de tempo e de dinheiro.

O Furacão é pródigo em repetir e repetir erros na vã esperança que o mesmo erro algum dia se transforme em acerto. Por vezes demora-se uma infinidade para se fazer o óbvio e invariavelmente se acertar. Porém sou pessoa de Fé e deixo toda minha torcida para que um clube que se vende como tão profissional em todas as áreas deixe de entregar um dos cargos mais importantes da instituição à amadores, especuladores e toda sorte de apostas como fez até há poucos dias: a função de treinador do time principal é para quem entende!

A VOLTA DE PAULO AUTORI

Entre as dezenas de erros e não meia dúzia de acertos em 2020, a volta de Paulo Autuori para uma função que pelo menos por enquanto, é um tanto estranha e não consta no “organograma” do clube nos dá esperança.

Ninguém (ou pelo menos a imensa maioria) do torcedor atleticano se iludiu que 2020 seria uma continuidade de conquistas como último biênio. Diversas vendas (mais do que o recomendável), caixa cheio, clube saneado, calendário farto e clube com tempo de buscar no mercado as melhores soluções para suprir os inevitáveis desfalques.

Veio a COVID, tudo ficou mais difícil e complicado, punição da FIFA no caso Rony, algumas peças onde se gastou demais e retorno é mínimo (Marquinhos Gabriel, Carlos Eduardo, Richard, Felipe Aguilar) geraram esse quadro preocupante com quase metade do Brasileiro jogado.

Não temos time para repetir os feitos de ultimamente, porém tampouco a equipe é tão frágil para só ter vencido quatro adversários mais fracos que nós (exceção do Fortaleza), ser pior ataque do certame e estar à beira ou dentro da zona da degola há quase dois meses.

Paulo Autuori precisa mexer no time, fazer coisas bastante óbvias que o estagiário do Diniz não fazia e mexer na cabeça dos jogadores. Autuori é o sujeito que plantou as primeiras sementinhas deste time que foi campeonísismo em 18/19, incutindo um espírito vencedor não só no departamento de futebol como em toda essência do clube. Paulo foi o cara que explicou de uma maneira que o Presidente entendeu que nada, absolutamente NADA de toda essa maravilhosa estrutura física, modernidade, competência negocial e gerencial valem num time de futebol sem conquistas dentro de campo.

O que verdadeiramente retroalimenta toda essa engrenagem são canecos, faixas, títulos. Espero que Paulo Autuori um dia seja reconhecido pela grande e silenciosa revolução que liderou dentro do Club Athletico Paranaense poucos anos atrás.

Boa sorte professor. Confiamos em você!



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