O Fala, Atleticano é um canal de manifestação da torcida do Atlético. Os textos abaixo publicados foram escritos por torcedores rubro-negros e não representam necessariamente a opinião dos responsáveis pelo site. Os autores se responsabilizam pelos textos por eles assinados. Para colaborar com um texto, clique aqui e siga as instruções. Confira abaixo os textos dos torcedores rubro-negros:
21 out 2020 - 17h43

O último elo com aquele velho Atlético

Comecei a viver o Athletico em 1993. Até fui em jogos antes, mas dava mais bola para o circo ao lado do Pinheirão do que para o jogo. Eram outros tempos. O povão estava nos estádios, o seu Antenor Antunes alegrava a gurizada vendendo seus picolés de chocolate, coco e mangaaa, títulos eram comemorados com invasões aos gramados (sempre tinha um que cruzava o campo de joelho), ganhar o estadual era garantia de um ano de felicidade. Não tínhamos adolescentes no estádio mais preocupados com a pontuação do Cartola do que com o time, não nos xingávamos sem parar no Twitter nem em lugar nenhum, nem sonhávamos em viver uma crise com o time prestes a jogar uma oitavas de Libertadores (hoje, até a tristeza é mais chique). Quase tudo era diferente naqueles dias de futebol, menos um detalhe. Um personagem de carisma inigualável que acabara de chegar no Furacão: o massagista Bolinha.

De lá para cá, não paramos de escrever e reescrever a história. Em 1994, nada parecia ser maior do que voltar a ter um estádio e vencer o Flamengo (ainda que reserva) na reinauguração do Joaquim Américo. Em 95, nada parecia maior do que vencer a Série B. Em 99, nada parecia ser maior do que vencer a Seletiva e jogar uma Libertadores na primeira arena do país. Em 2001, parecia que nunca mais seríamos tão felizes quanto naqueles dias. E, nas fotos históricas das conquistas, sempre algo em comum: o Bolinha.

Cada vez que aparecia, era saudado com muito carinho pela torcida. Seja no Pinheirão, no Couto, na antiga Baixada, na Vila Capanema, na arena com muro, no Janguito, na Arena Fifa com teto retrátil e gramado sintético, ele sempre esteve lá. Mudamos de escudo, mudamos de novo, mudamos a grafia, a camisa. Ver que o Bolinha continuava ali era uma forma de reconhecer que aquele Athletico continuava sendo o nosso Atlético. O “de bairro”, que treinava na praça, que tinha um futebol sofrível, mas que amávamos mesmo assim.

Bolinha acaba de anunciar sua aposentadoria. Não estará mais no dia a dia do Furacão como profissional. Tudo que espero é que a diretoria cubra esse cara de homenagens. Que batize um setor do estádio, ou, ao menos a seção plus size da loja do clube de Setor Bolinha. Que faça uma web-série com suas histórias. Que lance camisetas em homenagem a ele. Que sempre traga as opiniões dele nos canais do clube. Que converta lucros de produtos para o bolso dele. Que receba placa e seja ovacionado pela torcida assim que pudermos voltar à Baixada. Acho até que ele merece uma estátua. Bolinha é a alma do athleticano. É rubro-negro que tem raça. Vai fazer muita falta. Mas merece poder acordar tarde e fazer o que bem entender quando quiser. Muito, muito obrigado por ser parte fundamental do meu Furacão, Bolinha. A torcida athleticana te ama.



Últimas Notícias

Notícias

100 palavras

“Palavras não são friasPalavras não são boasOs números pros diasE os nomes pras pessoas” – TITÃS Um misto de sentimentos me tocou a alma na…