Sicupira
O Athletico é maior do que sua galeria de troféus. Isso porque os títulos, embora sejam a expressão máxima da felicidade de seu povo, são apenas um pequeno recorte de sua história.
O verdadeiro Athletico mora e sobrevive nas pequenas alegrias. No gol improvável contra o adversário mais forte. No sádico divertimento de ver o time adversário amedrontado dentro da Baixada. Nas longas horas despendidas na Brasílio, na Buenos Aires ou na Getúlio, antes e depois dos jogos, entre cervejas e amigos.
Barcímio Sicupira, o maior jogador da história do Athletico, só tem um título jogando pelo clube. O troféu está na galeria junto com tantos outros, mais ou menos expressivos. Mas o que o artilheiro fez em campo vai além do que qualquer conquista possa medir.
Da sua época de atleta, praticamente só existem registros verbais e fotográficos. E eles bastam para cravar que Sicupira nunca será superado na história.
Veja uma fotografia de Sicupira comemorando um gol com a camisa atleticana. Existe ali um pouco da alegria que mantém viva a chama. Existe muito da chama que mantém a fúria viva. Existe tudo em sua expressão que faz com que sua imagem seja a representação do que era o Athletico antes e tudo que seria o Athletico depois.
Sicupira não vestiu a camisa do Athletico: ele foi a camisa. Vestiu Ziquita no dia do milagre. Trajou Alex Mineiro para o seu baile infernal. Esteve no peito de Thiago Heleno no chute que quase furou a rede. Seu sentimento transpassou todas as gerações de ídolos atleticanos. Nele existiu a ferocidade de Paulo Rink e Oséias, bem como a ternura de Bruno Guimarães e Renan Lodi. Nele houve a elegância de Washington e Assis e a bravura de Cocito. Nele existia o amor infinito de Caju pelas nossas cores e a abnegação de Jofre.
Barcímio condensou tudo o que é o Athletico: pele e osso, o que faz sentir e o que sustenta em pé. Oxalá um dia algum artilheiro o supere nos números. Mas ainda que isso aconteça, Sicupira continuará no topo, pois sua história está muito além do que se pode contar com números.