12 nov 2021 - 10h00

Um maestro em tempos chuvosos

Amor e ódio frequentemente andam juntos, especialmente em tragédias gregas, e a Arena da Baixada já viveu relacionamentos com essas características várias vezes. Vários nomes saltam das bocas de torcedores de todas as idades, mas poucos causam sentimentos tão extremos quanto Paulo Baier.

O gaúcho iniciou a carreira como lateral, virando meio campista na “segunda metade” do seu período em campo. Já havia passado por grandes clubes do país como Santos, Botafogo, Vasco da Gama e Palmeiras antes de chegar ao Athletico mas sem muito relevância. Foi no Água Verde, porém, que viveu seus melhores dias.

Contratado após o título estadual de 2009, talvez seja certo afirmar que Baier viveu seus melhores dias entre alguns dos piores do Furacão. Com times fracos e algumas invenções no comando técnico, o rubro negro sofria para se manter competitivo enquanto via seu maior rival colher bons frutos e ser vice da Copa do Brasil por duas vezes.

Capitão e apelidado de maestro pela torcida, permaneceu no clube após a queda para a Série B em 2011 e foi parte importante do acesso no ano seguinte. Em 2013, teve talvez o melhor e pior momento: apesar terminar em terceiro lugar no Brasileirão e ser vice da Copa do Brasil, foi acusado de ter “pipocado” na decisão e não teve o contrato renovado, após uma suposta briga com Petraglia.

Esses, inclusive, são os argumentos de parte da torcida que não tem boas lembranças do meia. Também se argumenta que ele não levantou nenhum troféu enquanto vestiu aquela que só se veste por amor. É comum ouvir que ele representa um momento fraco do clube

Para mim, Baier representou um ponto de luz no escuro. Sabíamos das nossas limitações e que o time não podia ter grandes aspirações, mas tinha nele um ponto de confiança no time. Sempre na bola parada, seja em escanteios ou nas mortais cobranças de falta, Baier era, por vezes, a única fonte de perigo ao adversário. Foram vários jogos chuvosos nas lamas do período anterior ao gramado sintético em que Baier desfilou sua qualidade, levantando a bola e escapando das poças do piso que conhecia como poucos.

Craque para alguns, sinônimo de fracasso para outros, Paulo Baier certamente fez o Caldeirão ferver nos 4 anos que passou no Furacão. Agora, se o meia é um ídolo sem títulos ou se é apenas a lembrança de um período que queremos esquecer cabe apenas à torcida.



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