O Furacão que passou pela América e levou tudo
20 de novembro de 2021. O Athletico conquistava mais um grande título internacional. O Centenario curvou-se ao devastador Furacão e foi palco de mais um capítulo, escrito com letras douradas, da história rubro-negra.
Desde 2018, o clube soma 32 classificações em 40 confrontos de mata-mata. São dez finais em quatro anos e sete títulos conquistados (com a possibilidade, ainda, de levantar a Copa do Brasil nesta temporada).
Trajetória campeã
O caminho do Furacão para a segunda conquista da Copa Sul-Americana passou por cinco países e sete adversários. A campanha começou no Equador e terminou no Uruguai.
Foram onze vitórias e duas derrotas ao todo, com 21 gols marcados e 6 sofridos, em 13 partidas disputadas. Destaque para a campanha na Baixada – 100% de aproveitamento, mesmo sem a presença da torcida.
Autor do gol do título, Nikão foi um dos artilheiros do Furacão na competição, ao lado de Vitinho (negociado com o Dínamo de Kiev – UCR), com 4 gols. Christian marcou três vezes; Kayzer, Bissoli e Pedro Rocha escoraram dois cada; Abner, Canesin, Carlos Eduardo e Terans balançaram a rede uma vez cada.
Aucas 0 x 1 ATHLETICO
No quarto jogo do Rubro-Negro na temporada – o primeiro com a equipe principal – o Athletico venceu a partida com gol contra de Fydriszewski, após escanteio de Nikão e tentativa de Erick. O time sofreu na altitude de Quito, no Equador, mas saiu vitorioso.
ATHLETICO 1 x 0 Metropolitanos
Na estreia na Arena, em jogo válido pela segunda rodada da fase de grupos, placar magro – mais uma vez – com gol de Kayzer no segundo tempo.
Melgar 1 x 0 ATHLETICO
Na última partida do primeiro turno, o Athletico sofreu seu primeiro revés diante do peruano Melgar, jogando em Lima. O gol foi sofrido logo no início da partida, aos quatro minutos. Como apenas o líder de cada grupo se classicava à próxima fase, o resultado representou uma ameaça à liderança rubro-negra e à vaga nas oitavas de final.
Metropolitanos 0 x 1 ATHLETICO
Mais um triunfo por placar mínimo. Em partida nervosa, o Athletico venceu na Venezuela com gol de Vitinho, aos 15 minutos do segundo tempo. Resultado muito importante, já que um tropeço poderia distanciar o time do Melgar (que acabou derrotado, depois, pelo Aucas), então líder da chave.
ATHLETICO 1 x 0 Melgar
Confronto direto pela liderança. Mais uma vez, vitória magra, mas fundamental. Kayzer balançou as redes. O Athletico assumia a liderança do grupo D e abria três pontos para os peruanos, faltando uma rodada para o fim da fase de grupos.
ATHLETICO 4 x 0 Aucas
Jogo muito emblemático para o Furacão e Lucho González. Aos 40 anos, el Comandante se despediu dos gramados, como atleta. Christian abriu o placar e bateu continência, gesto que foi repetido após o segundo tento, de Abner. Vitinho e Carlos Eduardo, no segundo tempo, completaram a goleada e sacramentaram a ida do el Paranaense às oitavas.
América de Cali 0 x 1 ATHLETICO
Após um primeiro tempo com dificuldades de criação, o Furacão, jogando fora de casa, na Colômbia, conquistou a vantagem para partida de volta. Nikão escorou de pênalti, aos 27 minutos do segundo tempo.
ATHLETICO 4 x 1 América de Cali
“Nem o Diabo ganha aqui no Caldeirão”! O Furacão goleou a equipe colombiana na Baixada, avançando para as quartas de final. Bela atuação do conjunto rubro-negro. Vitinho marcou duas vezes, Nikão fez o terceiro e Canesin – num chute espetacular de longe – marcou o quarto. No gol que abriu o placar, Pedro Henrique afastou de cabeça no meio e a bola parou em Nikão que tabelou com Christian, depois com Terans, entrou na área e cruzou para Vitinho que só rolou para as redes – uma obra-prima.
LDU 1 x 0 ATHLETICO
Falha fatal no fim da partida e o Athletico teria que reverter o placar de 1 a 0 no jogo de volta, na Baixada. O Furacão segurou a pressão da LDU em quase todo o jogo e produziu raras oportunidades no ataque. No fim, a defesa vacilou, Kaprof lançou e Reasco fez o gol, aos 41 do segundo tempo.
ATHLETICO 4 x 2 LDU
Um jogo de heróis improváveis. Amarilla abriu o placar para os equatorianos no primeiro tempo, aumentando ainda mais a vantagem da LDU (com a vitória do jogo de ida). Richard (que teria seu contrato rescindido mais tarde, após quebra de protocolos e por má conduta) fez dois gols e virou o jogo. Julio marcou o segundo da equipe equatoriana e o primeiro tempo terminou empatado em 2 a 2. Na segunda etapa, Bissoli – que retornara de empréstimo ao Cruzeiro (convocado após grave lesão que afastou Babi dos gramados pelo restante da temporada) – fez dois gols, o último deles de pênalti, garantindo a hercúlea vitória e o avanço às semifinais. O torcedor já começava a acreditar que a taça continental poderia retornar para casa. Naquele momento, muitos de nós já planejavam suas viagens para Montevidéu – cidade da decisão do campeonato. E o caminho para a “Grande Conquista” passaria pela cidade uruguaia antes mesmo da grande final… E pelo tradicional freguês atleticano: o Peñarol.
Penãrol 1 x 2 ATHLETICO
O jogo que jamais sairá da lembrança do torcedor rubro-negro. Terans fez aquele que talvez fora o gol mais emblemático e bonito da competição – logo aos dois minutos, o uruguaio acertou uma bicicleta espetacular e abriu o marcador. O golaço colocou os aurinegros para chorar lágrimas de catarata. Toda a motivação do retorno ao Campéon Del Siglo, a possibilidade de ver o Carbonero carimbar sua passagem para a final da Sul-Americana foram severamente abaladas.
Martínez empatou para os donos da casa (mas não da festa). Pedro Rocha garantiu a vitória aos 29 do segundo tempo, com um petardo de fora da área.
ATHLETICO 2 x 0 Peñarol
Com a vantagem estabelecida na ida, o Peñarol foi obrigado a pressionar e sair para o jogo. O Furacão apostava no contra-ataque e foi assim que se aproximou ainda mais da final. Terans arrancou do campo de defesa, entrou na área e tocou para Nikão que ajeitou e chutou rasteiro para abrir o placar, ainda no primeiro tempo. Como sempre, também brilhou a estrela de Santos – o arqueiro defendeu pênalti cobrado por Ceppellini. No segundo tempo, Pedro Rocha decretou a classificação e a ida, novamente, à capital uruguaia.
A dimensão estrondosa da vitória não se mede pelos números do jogo ou pela defesa do penal que poderia mudar tudo. Afere-se, simplesmente, pelo choro copioso dos castelhanos ao final do embate; sim, a vitória foi maiúscula e levou a continental desfecho, no histórico Centenario.
FURACÃO BICAMPEÃO DA SULAMERICANA!
Foi sensacional. 4 mil atleticanos deslocaram-se até Montevidéu para transformar o estádio que sediou a primeira final de Copa do Mundo, em 1930, em Caldeirão. O título veio no Centenario, em jogo único (e nervoso) contra o Red Bull Bragantino.
Nikão aproveitou o rebote do goleiro Cleiton, após chute de Terans, e saltou para a história: um voleio de rara felicidade que fez a bola beijar o poste direito do goleirão e balançar as redes da equipe do interior paulista, aos 28 minutos do primeiro tempo. O Bragantino até pressionou, assustou no fim, mas a vitória foi do Furacão, pela segunda vez campeão da Copa Sul-Americana.
O título foi acalentado por você, torcedor, que acreditou sempre, que sabe da história quase centenária do Athletico, que conhece seu valor, que custou a dormir vestindo a camisa que só se veste por amor. Uma conquista irretocável.
Um Furacão cascudo, copeiro
Histórias antológicas são plenas de guerreiros valorosos, lances de força, de velocidade, de amor à farda que se veste. O feito é imortal. Porque conhecemos nosso valor.
As memórias ficarão para sempre, os detalhes, as minúcias. Os fatos tornarão os jogos em lendas, criarão heróis e batalhas épicas. É assim que se constrói a história.
Nunca teremos, como torcedores, a certeza de que o triunfo virá. Pagaremos ingressos, associar-nos-emos e faremos loucuras por puro amor. Até o fim. Afinal, o que não fazemos para viver intensamente esta magia – cura e comorbidade ao mesmo tempo – de nome Club Athletico Paranaense.
O torcedor rubro-negro faz do seu fanatismo um estilo de vida, abandona a casa, saca as camisas jogadeiras da gaveta, cresce nas arquibancadas, freta avião, é campeão fora do país, recepciona seus heróis na chegada à capital paranaense e tatua na pele e no coração a imagem dos feitos apoteóticos conquistados a golpes de síncopes, arritmias e pequenos infartos.
Um Furacão passou pela América. E levou tudo.