É HOJE: Todos os caminhos levam à Baixada!
Muito tempo atrás, lá pelos anos 80, um homem de meia idade punha os dois filhos no carro com destino ao Pinheirão para acompanhar o Atlético (então sem H). A filha, mais nova, ele não levava porque achava perigoso. E era mesmo. No gélido e distante estádio esse senhor intercalava os olhares para o campo, onde normalmente via seu time ser surrado, e para os filhos, que temia fossem surrados pela torcida adversária. Certa vez foi preciso se fazer de escudo para proteger os pequenos das pedras lançadas pelos corintianos.
O tempo passou até que, em 94, esse homem, com brilho nos olhos, chegou para os moleques feliz e gritando: “PIAZADA, TODOS OS CAMINHOS LEVAM À BAIXADA.” O Rubro-Negro voltava à sua casa, ainda acanhada, pequena, mas muito mais calorosa. Isso os piás logo perceberam, pois na vibração do pai viram que ali, sim, o Atlético se tornava um Furacão! Tanto é que não demorou muito para deixar de ser rotina apanhar em campo. O time da Baixada subiu em 95 e chegou às quartas-de-final do Brasileiro em 96, depois de terminar a primeira fase na 4ª posição.
Aquele senhor ainda pôde acompanhar o crescimento do time pelo qual tanto havia sofrido. Em 2001 viu o Furacão encantar o Brasil e levantar o título brasileiro. Em 2004, ano em que seu neto nasceu, com seus filhos e agora também com a filha, viu o Athletico praticar um futebol avassalador e não conquistar o bicampeonato por detalhe. Em 2005 foi ao Beira-Rio acompanhar a final da Libertadores e chorou com a derrota para o São Paulo no jogo de volta, crente de que se não tivessem “fugido do Caldeirão” aquele primeiro jogo teria sido diferente.
E então o velho se foi. De repente o cara lá de cima chamou aquele homem para perto de si e deixou os filhos com a responsabilidade de continuar acompanhando o time que ele os ensinou a amar em qualquer condição. E os filhos amaram… e sorriram, talvez mais do que o pai. O Athletico (agora com H) conquistou na Baixada a sua primeira Sul-Americana, em 2018; em seu estádio abriu caminho para o título da Copa do Brasil, em 2019; na nossa casa conquistou a vaga para a sua segunda final de Sul-Americana, que venceu em Montevideo, em 2021, acompanhado pela massa rubro-negra; e é também na Baixada que o Athletico, agora, tem uma decisão difícil pela frente e precisa do apoio de todo torcedor que, como aquele senhor, sempre acreditou que era possível.
Aquele senhor, minha gente, era meu pai. O velho Saboia nos deixou há alguns anos e, se pudesse, certamente estaria lá. Porque para ele, assim como para mim, não importa a partida que o Furacão disputará. Por causa dele, eu sigo o Rubro-Negro em toda parte; por causa dele, eu apoio na boa ou na ruim; por causa dele, só eu sei, porque eu não fico em casa; por causa dele, estarei lá cantando sem parar.
Então peço a todos os atleticanos (sem H) que não desistam, não joguem a toalha, não fiquem em casa. Que façam uma festa linda nas arquibancadas da nossa Baixada, do caldeirão, do lugar que fez o nosso Rubro-Negro chegar onde chegou contando sempre com o apoio do seu torcedor. Se na bonança o apoio é bem-vindo, na adversidade ele é fundamental.
É que, como bem disse o amigo Murilo em texto publicado aqui na Furacao.com, torcer pelo Athletico nunca foi sobre vencer. É sobre torcer.
Portanto, façamos valer o dito ecoado por toda a torcida na época do meu velho e por ele tantas vezes repetido. Façamos ser verdade que, no duelo contra o Galo, TODOS OS CAMINHOS LEVAM À BAIXADA!
Saudações rubro-negras!