O Furacão é copeiro!
Desde que me entendo por gente, se me perguntarem o que mais me encanta no Furacão eu responderei sem titubear: o seu espírito de luta, o perfil aguerrido, a raça intrínseca, a capacidade de transcender seus limites, o Caldeirão que se forma em momentos de necessidade e, sobretudo, a incondicionalidade do amor da sua torcida.
Aliás, se olharmos para a nossa história percebemos que nossos maiores marcos são exatamente aqueles em que percebemos o reflexo desses atributos, assim como nossas maiores decepções são aquelas em que não reconhecemos o nosso Athletico em campo, ou seja, quando essa vontade de superar limites não é demonstrada.
Mas o fato é que durante anos sustentamos a nossa paixão em insights de superação, em jogos onde heróis improváveis surgiam, em momentos de “quase” com luta. Partidas memoráveis possuíam o impacto de taças e a festa na arquibancada sempre independeu do tamanho da partida. Só que independente do adversário, uma coisa é certa, quer ver o atleticano “sair do corpo” e entregar a alma em prol do time é naquele momento em que o Furacão está mais no sufoco. O instinto toma conta e faz com que a gente também entregue o algo mais. As remontadas que a Baixada já presenciou que o digam!
Atualmente, temos a plena consciência de que o Athletico precisa fazer diferente, principalmente em razão do abismo que nos separa dos Clubes mais ricos e privilegiados, o que nos impõe esse posicionamento mais ousado para irmos além da mera sobrevivência nesse meio.
Ou seja, para cada passinho que a gente dá é preciso ser muito copeiro, porque nada será nos dado de mão beijada.
Basta analisarmos um pouquinho da nossa história recente para tudo isso ficar ainda mais claro: em 2001 não tínhamos o melhor elenco daquela edição do Brasileiro, éramos o time de bairro lutando contra tudo e contra todos, o time que batia, dos baladeiros e que ninguém dava bola, nos superamos e fizemos história. 2005 tínhamos um time extremamente limitado e aos trancos e barrancos chegamos numa final de Libertadores, fomos prejudicados no extracampo e aquela mudança de arena até hoje mexe com o nosso imaginário. 2018 e 2019, não tivemos grandes investimentos, equipes que descenderam de um aspirante com a alcunha de “time de guerra”, onde se mesclava o talento de alguns com a vontade de vencer, alçamos voos inimagináveis que forjaram o nosso patamar atual. E este ano não está sendo diferente, um time desacreditado, com inúmeras limitações, instável, montado sem muito capricho, esta indo muito além de todas as expectativas.
Não é exagero levantar que talvez esse seja o Athletico mais copeiro de todos os tempos!
Mas afinal, o que é ser copeiro? Certamente não é apenas ‘quem’ ou ‘o que’ copa. Essa expressão carrega muito mais significado, traz consigo a guerra, o brio, a coragem e a persistência.
Ser copeiro não é figurar como participante de campeonatos, mas lutar por eles, honrar cada Copa. É não se conformar com resultados negativos, com gols tomados, é ficar puto com o companheiro num momento de desatenção, é vibrar com cada bola para o “mato” e jogar como se aquela fosse a ultima partida da sua vida.
É não aceitar a derrota, mesmo que inevitável, e – se ela vier – que seja num alto preço!
Ser copeiro é reconhecer suas limitações e jogar com estratégia, e jamais permitir que o oponente deseje cada bola mais do que você! É flertar com o impossível e rir da cara dele.
Ser copeiro é fazer o que fizemos com a LDU em nossos domínios, é enfrentar um Peñarol sedento com mais vontade do que eles, é fazer história num Maracanã estrelado e carimbar o passaporte para mais uma final de Copa do Brasil… e, tudo isso, contando com um elenco curto, um técnico questionável e sem figurões.
O fato é que a gente sempre se identificou como copeiro, mas hoje podemos dizer que foi através dessa postura que alcançamos tudo o que temos, e que nos tornamos aquilo que somos! E se muitos clubes dependem de elenco específico para formarem times copeiros, o Athletico possui isso na sua cultura e, em sua torcida, a grande incentivadora.
Por essas e outras é que hoje temos que desempenhar aquilo que somos. Mais do que nunca é preciso ser copeiro! Não só pela taça, mas porque essa é a nossa vida!
Hoje, vamos fazer aquilo que sabemos, lutar contra as adversidades e desfrutar das delícias e desassossegos de sermos rubro-negros!