12 fev 2022 - 17h52

Vai na raça

O Brasil está abarrotado de jogadores talentosos, daqueles que jogam realmente muita bola. Nos terrões e nas várzeas, até nas divisões de acesso você encontra uns caras acima da média. Grande parte deles nunca vai chegar a se profissionalizar porque geralmente falta exatamente isso: profissionalismo. Essa é a razão para termos tantos jogadores “meia bocas” em clubes grandes. Porque eles são profissionais e entendem a sua função no esquema tático nos treinadores. A grande questão é que essa qualidade pode ser ensinada. É possível aprender a adquirir essa habilidade.

A raça, por outro lado, não se aprende, muito menos se ensina. Ou o atleta nasce com ela ou passa a vida sem a ter. Você identifica isso desde um jogo de estadual onde o resultado não importa para ninguém até numa final de campeonato. Você percebe isso desde quando o jogador está dentro de campo até quando está nas cabines, machucado, acompanhando os companheiros.

Eu não vou vir aqui falar que Renato Kayzer foi um dos mais talentosos atacantes que tivemos nos últimos anos, longe disso. Também não vou vir aqui dizer que, só porque saiu do clube, é ídolo. Mas vou, sim, dizer que foi profissional. E mais que isso, mostrou raça.

Se a camisa rubro negra é aquela que só se veste por amor, devemos ao menos valorizar aqueles que o fazem. Kayzer viveu um momento, em 2020, onde corríamos sério risco de rebaixamento e fez gols importantes para evitar o pior. Em 2021, teve participação decisiva para levar o clube às finais da Copa do Brasil e da Sulamericana.

Na primeira, foi o pesadelo dos flamenguistas na semifinal com o “papai tá aqui”. Na segunda, ergueu o troféu enrolado na nossa bandeira.

Eu entendo que nossa torcida já sofreu demais e talvez veja em Kayzer um ídolo de eras passadas, que “hoje em dia não pode jogar no Athletico”. Ainda assim, não se pode negar que o atacante carrega o DNA rubro negro. Briga, luta, corre e tenta. Não tem bola perdida, não tem derrota até o juiz pedir a pelota.

Obrigado por tanto. Seja raça, profissionalismo, respeito ou amor à nossa camisa. Nenhum deles faltou na sua passagem por aqui. Obrigado por colocar sua família, e o pequeno Enrico, tão próximos do clube e da torcida. Obrigado por não desistir quando (alguns) desistiram de você. Obrigado por ter feito parte da nossa história.



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