Precisamos falar sobre Pablo Felipe
Não há torcedor atleticano que não reconheça a importância de Pablo Felipe na história do Athletico Paranaense.
Pablo foi o artilheiro da equipe em 2018 com 18 gols. Peça importantíssima na equipe de Tiago Nunes, anotou cinco destes gols durante a campanha do primeiro título sul americano do clube, sendo dois deles nos jogos finais da Copa Sulamericana diante do Junior Barranquilla e se sagrando também artilheiro da competição.
É inegável que Pablo tem seu nome marcado na história do Athletico e sempre será lembrado com carinho pelos torcedores quando lembrarmos da campanha de 2018.
Mas o mais importante é lembrar o torcedor, e até mesmo o próprio Pablo, que quem vive de passado é museu.
E que atacante vive de gols.
Pablo nunca foi unanimidade no Athletico Paranaense. Principalmente em sua primeira passagem.
Pablo chegou ao clube em 2006. Nas categorias de base do Athletico não teve grande destaque e nunca teve status de promessa a vingar, mas conseguiu chegar a equipe principal em 2011.
Entre idas e vindas de treinadores, entre jogar de centro avante ou de lateral direito, entre empréstimos para outras equipe, foram poucas as temporadas de destaque de Pablo.
Em 2013 esteve no Figueirense e teve a sua primeira boa temporada. Fez parte da campanha de retorno da equipe catarinense a Série A, que subiu em quarto lugar. Em 25 partidas, Pablo marcou 8 gols.
A boa temporada rendeu um empréstimo de seis meses ao Real Madrid B em 2014. Porém o atacante foi pouco utilizado e não balançou as redes. A melhor parte da sua passagem por lá foi uma foto com Cristiano Ronaldo e os memes que elas ainda rendem.
Retornando ao Brasil na janela de meio do ano, foi mais uma vez emprestado ao Figueirense. Em sua nova passagem, foram 4 gols em 20 jogos.
Em 2015 novo empréstimo, desta vez para o Japão. Pablo defendeu o Cerezo Osaka e sob o comando de Paulo Autuori foi um dos destaques da equipe, com 8 gols em 40 jogos.
Em 2016 teve sua primeira chance no Athletico. Um pouco mais maduro, o atacante teve sua primeira boa temporada com a camisa rubro-negra. Também comandado por Paulo Autuori, Pablo fez 12 gols na temporada em 48 jogos e foi campeão pelo clube pela primeira vez com o título do campeonato paranaense.
Em 2017 Pablo iniciou a sua primeira temporada como titular da equipe. No entanto, o ano não foi tão bom quanto se esperava. O atacante balançou a rede apenas 3 vezes em 36 jogos.
Até que em 2018, a sua melhor temporada na carreira até então. Pablo não deixou a temporada ruim do ano anterior o abalar e foi um dos destaques da equipe no ano. Foram 18 gols em 51 jogos e o seu segundo título pelo clube, como já citado acima, a Copa Sul Americana.
Após boa temporada, as propostas de compram vieram. Flamengo e São Paulo tentaram levar o jogador, mas foi a equipe paulista que ficou com o ele no final. O tricolor desembolsou 6 milhões de euros (26,5 milhões de reais na cotação da época) pelo centro avante.
A primeira temporada não foi tão boa quanto se esperava. Em 2019 o São Paulo foi eliminado na pré-libertadores e caiu na semifinal do paulista. No restante da temporada, Pablo conviveu com lesões, fez 7 gols em 30 jogos.
A temporada de 2020 até que foi boa em números. Foram 12 gols em 53 partidas, mas o que marcou o jogador foi um gol perdido na semifinal da libertadores diante do Palmeiras, quase dentro da pequena área, o jogador isolou o chute, o que poderia ser o empate do São Paulo no momento. A eliminação diante do rival e o gol incrível perdido passou a assombrar o jogador que começou a ser frequentemente cobrado pela torcida.
Em 2021, mais uma boa temporada em números. Foram 13 gols em 38 jogos, sendo que Pablo foi o artilheiro da equipe. No entanto os gols perdidos seguiram assombrando o jogador, que era um dos mais cobrados pela torcida durante a péssima fase do clube no brasileiro, que quase resultou no rebaixamento.
Finalmente chegamos à atualidade. Em 2022 Pablo Felipe retorna ao Athletico com todos os requintes de contos de fadas.
Recusou propostas de empréstimo para Santos e Ceará. Abriu mão do que tinha para receber com o São Paulo (contrato que ia até o final de 2022) e deixou claro que queria retornar para o Athletico.
Infelizmente, a lua de mel do novo casamento durou pouco.
Antes de chegar nos “finalmente” deste texto, gostaria de destacar os números citados acima.
Pablo nunca teve faro de gol ou teve médias de goleador nas temporadas que disputou. O torcedor atleticano sabe disso e os números confirmam.
Pegando uma amostragem entre 2018 e 2021 (com base na sua primeira temporada de destaque que foi em 2018) ao todo foram 50 gols em 172 jogos disputados, o que da cerca de 0,29 gols por jogo.
Apenas a critério de curiosidade, o atacante Calleri do São Paulo já alcançou em 2022 a marca que Pablo teve em 2021. Só que o argentino precisou de apenas 22 jogos para atingir os 13 gols, com uma média muito melhor.
Pablo não é goleador. Nunca foi e nunca vai ser. Se os números durante a carreira já mostram isso, em 2022 a situação não seria diferente, e não é.
Em 14 jogos foram 4 gols marcados, o que o deixa próximo da média de 0,29 gol por jogo. No entanto, três gols foram contra o Tocantinópolis pela Copa do Brasil, time que disputa hoje a Série D do campeonato brasileiro.
O outro foi de pênalti, na semifinal do campeonato paranaense diante do Coritiba.
E só. Destas 14 partidas Pablo foi titular em 10.
Se não é por minutagem, também não é por falta de oportunidades.
Contra o Libertad deixou o empate escapar no Paraguai ao bater (MUITO) mal a penalidade máxima que a equipe teve.
Antes de marcar os dois gols diante do Tocantinópolis perdeu um gol incrível quase dentro da pequena área.
Contra o Fluminense teve duas grandes chances, e nada. Uma ele isolou dentro da pequena área, o que vem parecendo ser sua especialidade. Na outra furou bisonhamente.
Se o Pablo não está com a cabeça boa, em campo a recuperação está vindo a passos lentos. Falou em entrevista que a “zica” tinha saído após os dois gols pelo jogo de volta da Copa do Brasil. Mas no jogo seguinte perde duas oportunidades claríssimas que centro avante que se preza não pode perder.
A torcida também já está perdendo a paciência, a “gordura” que Pablo tinha com o torcedor atleticano parece que está se esgotando.
Pablo hoje não entrega o que o Athletico precisa, uma equipe de série A que quer ser campeã da libertadores precisa de um centro avante a altura do que almeja.
Dizem que joga para a equipe, que é um atacante que joga mais fora da área. Pablo não possui nenhuma assistência este ano, mas isso também não é culpa só dele.
E não sejamos injustos. Outros jogadores da equipe também estão aquém do se espera deles dentro de campo.
Mas este texto é sobre o Pablo, não sobre eles.
Pablo está com 29 anos de idade e até o momento não mostrou porque é o dono da posição nesta temporada.
O ano do Athletico já está complicado o suficiente e nós precisamos de jogadores que entreguem dentro de campo. Pablo não está entregando.
Eu sei que não é todo dia que aparece um Marco Ruben na nossa vida.
Mas Pablo, você tem que entregar mais. Atacante vive de gol e até o momento você vem sendo inimigo dele.
Como torcedor espero muito que as coisas se encaminhem sob o comando de Felipão.
Amanhã Pablo terá mais uma chance em duelo de vida ou morte pela classificação às oitavas de final da libertadores.
Amanhã o Athletico precisa do Pablo de 2018, não o que o torcedor são paulino deu graças que foi embora.
Reage, Pablo!
Amanhã é o dia.