31 out 2022 - 15h04

É… Não deu agora. Mas vamos chegar novamente!

Eu sei, caro leitor. A matéria está um tanto atrasada.

Mas creio que nem eu, nem meus colegas da Furacao.com tinham cabeça para escrever sobre qualquer coisa ontem, ou no sábado. Um misto de tristeza, revolta, mágoa, um vazio existencial sei lá, tomou conta de nós como de outros milhões de atleticanos paranaenses em todo o país.

Foi necessário recobrar a lucidez depois daquela maldita dividida de bola ter partido nossos corações na tarde de sábado.

Sabíamos que seria difícil encarar na bola aquele que tem a melhor qualidade técnica das Américas hoje em dia.

Rivalidades ou rixas à parte, o título foi merecido pelos flamenguistas. Mais pela campanha do que pelo último jogo.

Ah, esse último jogo!

Eu imaginei um Athletico estacionando uma carreta na frente do gol. Jogando por uma bola. Em retranca máxima. Como fora no primeiro jogo das quartas-de-final da Copa do Brasil. Venceríamos na sorte, nos pênaltis, no detalhe.

Mas o que se viu não foi isso. Muito pelo contrário! Até os fatídicos minutos finais do primeiro tempo, o Athletico foi senhor do jogo. Com uma inteligente marcação individual treinada por Felipão, cada jogador tinha uma função muito particular em campo, e nossos atletas a executavam com bastante afinco.

Hugo Moura em cima de Arrascaeta, anulava totalmente o ótimo uruguaio. Fernandinho e Alex Santana alternavam com maestria as funções de ataque e defesa, e os “Três Vitor´s” (Vitinho, Bueno e Roque), mobilizavam o ataque.

Numa também ótima jornada de Khellven e Abner, o Athletico criava, e chegou muito perto com chute forte de Vitinho (espalmado por Santos), e um voleio de Alex Santana, que quase abriu o marcador dentro da pequena área carioca.

O Flamengo não criava e até os 40´ de jogo não havia chegado praticamente à área do Furacão. Posse de bola superior, porém inócua, uma vez que a pelota ficava somente nos pés de Léo Pereira e David Luiz.

Mas eis que surge o lance que mudou totalmente a partida.

Pedro Henrique, que já havia recebido o amarelo por falta em Gabigol, atinge o lateral Ayrton Lucas de forma bastante ríspida e totalmente imprudente aos 42´. Segundo amarelo. Vermelho. Merecido.

Não há o que se falar da arbitragem do argentino Patrício Lostau. Impecável.

Não há como defender Pedro Henrique. Já vinha instável tecnicamente entregando dois gols ao Palmeiras na partida anterior. E na final, foi a instabilidade EMOCIONAL que o fez comprometer.

E então o Athletico sentiu. E dada a proximidade do intervalo de jogo, Felipão recua Fernandinho para a zaga para tentar pensar melhor nas alterações, dentro do vestiário.

Não houve tempo pra isso.

Aos 48´, Everton Ribeiro cruza da esquerda e Gabriel Barbosa (que mal havia pegado na bola), explora o espaço vazio da cobertura de Pedro Henrique. Gol do título.

O Athletico no segundo tempo não conseguiu oferecer resistência.

O forte calor de Guayaquil, o toque de bola carioca para fazer passar o tempo, e a falta de inspiração na conclusão das jogadas, impediram o Furacão de empatar.

Segundo vice-campeonato de Libertadores, após 17 anos.

Doído, porém didático. O Athletico não entrou como favorito. O Athletico iniciou o ano com o “planejamento” de Paulo Autuori e Alberto Valentim no comando.

O Athletico havia trocado 2 vezes de treinador, e rescindido com vários diretores que sequer permaneceram um mês no clube. O Athletico havia tomado uma surra de 5×0 na Bolívia, contra o fraco The Strongest.

O time do Athletico começou a engrenar mesmo em meados de junho com Felipão. E antes disso todos achávamos que o ano seria um fiasco completo, mesmo com o maior investimento em contratações da história do clube.

Sobre Scolari, caberia escrever um livro. Para tantos, o responsável pelo 7×1, velho e ultrapassado.

Para nós atleticanos, o homem que nos deu um alento, que nos fez sonhar, que até os malditos 42´ minutos da primeira etapa em Guayaquil, nos fez superiores ao poderio técnico do adversário quando todos os prognósticos diziam o contrário!

Um estrategista copeiro, que com os olhos marejados, se declarou atleticano de alma e coração logo após a perda do título!

Hoje, com mais lucidez e menos emoção, resta me dar os parabéns.

À Scolari, que trouxe experiência, competência e nos permitiu chegarmos até aqui.

Aos atletas, que suaram demais àquela que só se veste por amor, e honraram nossas cores mesmo com um a menos no Equador. Quando vejo os torcedores “deles” chorando e colocando as mãos e posição de rezar, antes da falta cobrada por David Terans, tenho ainda mais orgulho deste nosso time!

Ao povão rubro-negro, que lotou até o gramado da Baixada, com 50 mil vozes torcendo à 6.000 km de distância da partida, mostrando quem é a torcida mais incrível e apaixonada do país. No RJ não teve nada nem perto disto!

À diretoria, que parece finalmente entender que o caminho de disputar títulos passa pela contratação de um técnico com calibre continental, e não com experiências. E também investir em qualidade técnica e não somente em comprar para revender jogadores posteriormente.

Vamos por mais. Vamos buscar esta vaga no Brasileiro! Ano que vem estaremos lá de novo!

Choramos agora. Vamos sorrir muito no futuro. Um caminho está sendo pavimentado. Uma casca está sendo criada. Para ser perpetuamente um dos maiores das Américas. Para chegarmos em outra final. Agora como favoritos.

É preferível lamber as feridas e ter a certeza de um futuro maravilhoso, do que comemorar estaduais e ativar modo portabilidade torcendo por adversário no sofá de casa.

Seguimos! Porque rubro-negro é quem tem raça e não teme a própria morte.

Eu te amo, CLUB ATHLETICO PARANAENSE.

 



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