Adeus ano velho …..
A temporada 2022 do Athletico pode ser definida conforme a visão de cada torcedor: surpreendente, melancólica, milionária, sem títulos, gostinho de quero mais. Mas uma coisa não foi: tediosa.
Os altos e baixos do clube foram a tônica, com mudanças extremas no comando técnico, um time que parecia que poderia jogar mais, mas que depois da chegada de Felipão passou a conseguir bons resultados, mesmo num estilo pouco vistoso.
Vindo do bicampeonato da Sul-Americana e do vice na Copa do Brasil no final de 2021, o clube demorou para contratar, mas fez a janela mais cara da sua história. Vieram os jovens Canobbio do Peñarol do Uruguai e o argentino Cuello que havia feito boa temporada no Red Bull Bragantino. Além deles o veterano Marlos encerrava sua vitoriosa carreira europeia vindo jogar no clube do coração. Chegaram ainda Pablo Siles, Bryan Garcia além da volta do atacante Pablo vindo do tricolor paulista.
Por outro lado, o campeoníssimo goleiro Santos acabou se despedindo e indo brilhar no Flamengo, dando mais espaço ao jovem Bento, que honra a tradição dos bons arqueiros do CT do Caju.
No Paranaense a equipe oscilou bastante, jogando o mesmo futebol confuso que foi a tônica dos tempos de Alberto Valentin. Pela limitação do número de inscrições o time acabou mesclando demais os jovens com alguns jogadores do time principal e não tinha conjunto. A equipe passou pelo Londrina vencendo nos pênaltis nas quartas de final e foi eliminada após perder o clássico Atletiba em casa e empatar na volta no Couto Pereira. O rival acabou vencendo o estadual.
Na Copa do Brasil o Athletico viu nascer uma grande amizade com o Tocantinopolis, adversário da 3ª fase, vencendo ambas as partidas por placares elásticos. Depois venceu ambas as partidas do freguês Bahia e no sorteio das quartas de final enfrentou o forte e futuro campeão Flamengo, segurando um empate em zero no Maracanã mas perdendo em casa na volta com um belo gol do atacante Pedro.
No Brasileiro a equipe começou ainda com Alberto Valentim no comando, já sendo massacrada pelo São Paulo na estreia e sofrendo com aquela que foi a pior marca do time na temporada: os gritantes erros no jogo aéreo defensivo. Não foram somente as dezenas de gols sofridos assim, mas as inúmeras chances que foram para fora, na trave ou que contaram com grandes defesas e até mesmo alguns milagres do goleiro Bento evitando catástrofes ainda maiores. Muito pouco com Fabio Carille, mas principalmente com Felipão o Athletico voltou a se fortalecer em casa onde ficou invicto por 12 rodadas no Brasileirão e venceu várias partidas fora, mesmo quando não jogava bem e fazendo muitos gols nos minutos finais ou mesmo nos acréscimos.
A campanha, depois da recuperação, foi bastante linear, com o Furacão ficando entre os 5 ou 6 primeiros durante 70% do campeonato, culminando com a classificação para a fase de grupos da Libertadores deste ano.
Ah….. a Libertadores!
De novo e dessa vez com um gostinho talvez mais amargo do que em 2005, o Athletico chegou novamente perto da conquista da Glória Eterna. Após um péssimo início que culminou com a derrota por 5 X 0 para o The Strongest na Bolívia, com TODOS os gols terem sido marcados de cabeça, o rubro-negro radicalizou, trouxe Luis Felipe Scolari e sua comissão técnica para botar ordem no time, contou com a volta do bom filho Fernandinho, outro que encerrou sua mais que gloriosa carreira europeia para vir pendurar as chuteiras no time do coração e passou em 2º no grupo.
No sorteio das oitavas de final, novamente o Libertad do Paraguai, adversário que venceu o Athletico em seus domínios por 1 X 0 e perdeu na Baixada por 2 X 0. No mata mata, vitória do Furacão por 2 X 1 num Joaquim Américo frenético e empate com gol no último minuto com o atacante Romulo no Paraguai.
Depois de muitos anos o Furacão ultrapassava a incômoda sina de não passar da primeira fase eliminatória e voltava às quartas de final da maior competição do continente. O adversário foi o tradicional Estudiantes de La Plata da Argentina, que segurou um empate em zero na Baixada e sofreu o gol da derrota (de novo) já nos acréscimos para delírio das dezenas de atleticanos que foram até a Argentina ver o garoto Vitor Roque brilhar.
Nas semifinais o poderoso e então campeão da Libertadores Palmeiras que perdeu na Baixada por 1 X 0 e que dentro de casa buscou o 2 X 0 que o levaria à final no começo da segunda etapa. O Athletico conseguiu seu gol (que levaria a decisão para os pênaltis) e já perto do final da partida, na canhota venenosa de Terans, empatou o jogo em 2 X 2 e levou o Furacão novamente a final da Libertadores da América.
Não obstante todas as dificuldades de deslocamento, estadia, valores absurdos, questão da violência urbana em Guayaquil, milhares de atleticanos foram ao Equador em busca da Glória Eterna. Mas não deu.
Apesar de manter um jogo equilibrado contra uma equipe superior tecnicamente, mas que sentia o cansaço de ter acabado de decidir as finais da Copa do Brasil vencendo o Corinthians nos pênaltis, o time errou quando não podia. Uma expulsão completamente infantil de Pedro Henrique no final da primeira etapa acabou proporcionando o espaço necessário para Gabriel Barbosa mais uma vez decidir a competição e apesar do esforço do Furacão, não foi possível buscar ao menos o empate contra o forte adversário.
Mesmo sem títulos o ano de 2022 acabou com o Furacão em alta, mas com a sensação de que dava pra ter ido melhor.