2 ago 2023 - 4h51

Vertigem nas alturas: atordoado, Athletico é derrotado pelo Bolívar

O Athletico de Wesley Carvalho foi presa fácil para o Bolívar na noite desta terça-feira (1), em La Paz, no jogo de ida pelas oitavas de final da Libertadores. Com uma escalação, no mínimo, inusitada, o Rubro-Negro entrou em campo tentando jogar em transição e surpreender os donos da casa. Não deu certo. Mesmo depois de sair à frente no placar, o Furacão sofreu com a altitude e, muito com a ajuda de (mais) erros individuais, tomou 3 a 1 e ficou em situação complicada na competição.

Apesar da reclamação em virtude de um pênalti não marcado a favor do Athletico, a verdade é que o Rubro-Negro contou com o travessão e com excelentes defesas de Bento para não ser goleado e amargar um prejuízo ainda maior. A escalação inicial escolhida pelo treinador interino não deu resultado, o esquema escolhido não funcionou e nem mesmo as (equivocadas) substituições conseguiram mudar o panorama do jogo. Resta, agora, torcer para que muita coisa seja revista até o jogo de volta e que, com o apoio da torcida, o Furacão consiga a remontada na Baixada.

Ninguém entendeu 1

Quando foi divulgado o 11 inicial do Athletico, ninguém entendeu a presença de Thiago Andrade entre os titulares. “Não se assustem”, escreveu a jornalista Monique Vilela no Twitter para tentar justificar a absurda escalação do atacante, cuja última aparição em campo havia ocorrido há quase um mês e durou sete minutos: “foi uma leitura de jogo da comissão técnica em relação ao adversário pra tentar explorar um jogador de velocidade em cima da defesa deles”, explicou. Velocidade? O camisa 19 mal pegou na bola e mais andou em campo que correu.

Ninguém entendeu 2

Também não foi bem aceita a ideia do técnico interino de optar por um jogo de transição num lugar onde ninguém aguenta correr. De fato, diante de uma equipe que está acostumada a jogar nos mais de 3.600 m de altitude, era de se esperar que o Rubro-Negro optasse por cadenciar as ações e poupar as energias dos jogadores, tentando manter a posse de bola. Não aconteceu. Correndo atrás de bolas longas, o setor ofensivo cansou e a defesa penou com os contra-ataques adversários. Tudo errado.

Deu no que deu

Diante das péssimas escolhas de Wesley Carvalho, o resultado não poderia ser outro. Mesmo depois de abrir o placar com Erick, logo aos 8′, após linda jogada e assistência de Vitor Roque pela direita, o Athletico não demorou para tomar o choque de realidade. Quatro minutos depois, em contra-ataque do Bolívar, Zé Ivaldo cortou mal na meia cancha e entregou a bola nos pés do adversário, que lançou a bola para frente. Inteiro na jogada, Kaíque Rocha acabou enganado pelo quique da bola e viu Ronnie Fernández dominar e avançar. O atacante invadiu a área e ainda driblou o zagueiro rubro-negro antes de tocar no cantinho de Bento e igualar o marcador.

E o time boliviano seguiu macetando até conseguir a virada. Aos 23′, Ronnie recebeu cruzamento da esquerda, subiu entre a zaga atleticana e meteu de cabeça para o gol, exigindo grande defesa de Bento. Mas, aos 26′, não deu para o arqueiro rubro-negro. Na saída de bola, Canobbio perdeu a bola e o Bolívar pegou a defesa do Athletico desarrumada. Ronnie Fernández recebeu no meio e tocou para Bejarano que, livre de marcação, entrou pela direita e bateu cruzado para fazer 2 a 1.

O que é ruim pode piorar

Se as escolhas iniciais não deram certo, ao menos o placar da primeira etapa não chegou a ser desastroso. Com a possibilidade de alterações na equipe e na forma de jogar, o Rubro-Negro tinha totais condições de buscar o empate ou, no mínimo, evitar que o Bolívar ampliasse a vantagem. Mas, novamente, as opções de Wesley surpreenderam a torcida. Logo após o intervalo, Cacá entrou no lugar do nulo Thiago Andrade, com o time voltando ao esquema de três zagueiros. Não surtiu muito efeito, já que os donos da casa seguiram pressionando e, aos 9′, quase conseguiram marcar em chute de Villamil que passou rente ao travessão.

Cansado, aos 12′ Vitor Roque deu lugar a Pablo. Mas os celestes continuaram em cima e, aos 15′, Justiniano recebeu livre na entrada da área e chutou forte, acertando uma bomba no travessão de Bento. Minutos depois, a polêmica do jogo: depois de cobrança de escanteio para o Athletico, Zé Ivaldo subiu para cabecear e o defensor boliviano meteu a mão na bola, dentro da área. Pênalti escandaloso para o Furacão, não marcado pela arbitragem mesmo após a checagem do VAR.

Sem nada com isso, os bolivianos mantiveram sua proposta de jogo buscando ampliar a vantagem. E conseguiram. Pouco depois de trocar Fernandinho por Hugo Moura e Vidal por Vitor Bueno, Wesley Carvalho percebeu que suas opções mais uma vez não deram certo. Aos 30′, José Sagredo tabelou com Chico entre a marcação de Khellven e Hugo Moura, cruzou para a área e viu Ronnie Fernández, outra vez, subir mais que a zaga atleticana e cabecear para o fundo da rede.

Depois disso, a única chance do Athletico saiu aos 34′, quando o esforçado Canobbio invadiu a área e bateu cruzado. Lampe espalmou e a bola sobrou para Pablo que, com certa dificuldade, conseguiu dominar e chutar novamente, mas o goleiro fechou bem o ângulo e evitou o gol. Com seus melhores jogadores já substituídos em razão do desgaste, o Furacão não teve forças para reagir na partida. Já o Bolívar seguiu tentando ampliar a vantagem até o final, mas não levou mais perigo à meta de Bento.

E agora?

O jogo de volta das oitavas de final da Libertadores ocorre na próxima terça-feira (8), na Ligga Arena. O Rubro-Negro precisa vencer por, no mínimo, três gols de diferença para avançar às quartas de final; vitória atleticana por dois gols de vantagem leva a decisão para os pênaltis e; qualquer outro resultado classifica os bolivianos.

Para seguir em busca da glória eterna, o que se espera é que a equipe corrija as falhas defensivas e entre em campo mais organizada, contando com o apoio do torcedor para conseguir mais uma remontada histórica. Mas, para isso, muita coisa precisará ser revista…

Antes disso, porém, o Furacão encara o Santos de (ai!) Paulo Turra, no sábado (5), na Vila Belmiro, pelo Brasileirão. Enquanto o Rubro-Negro tenta se aproximar do G4, o Peixe busca desesperadamente se afastar do Z4. Com tais ingredientes e a possibilidade de Wesley poupar jogadores para o confronto decisivo da Libertadores, tem tudo para ser um jogo nervoso. É se preparar para saber sofrer, torcedor rubro-negro.



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