12 ago 2023 - 17h20

Wesley Carvalho não escala o Furacão com 3 zagueiros

Desde a traumática eliminação sofrida pelo Athletico Paranaense para o Bolívar na noite da última terça-feira (8) na Ligga Arena, o técnico interino Wesley Carvalho tem sido destinatário da maior parte das críticas elaboradas pelos torcedores.

Embora este texto não tenha a pretensão de defender o treinador, nem a sua permanência confirmada no comando da equipe principal, será que as principais críticas ao trabalho correspondem à realidade dentro do campo de jogo?

Sem ofensa aos amigos leitores, mas não me parece ser o caso. Eu poderia abordar a simplificação cometida pelos que chamam um meio-de-campo formado por jogadores como Erick, Fernandinho e Arturo Vidal de ‘três volantes’, porém vou preferir uma questão de natureza tático-estratégica.

Com a qualidade técnica e a inteligência de Fernandinho e Arturo Vidal, Furacão tem um meio-de-campo de muita qualidade – Foto: Monique Vilela

Não foram poucos os rubro-negros que se referiram ao posicionamento do argentino Lucas Esquivel, que no momento da construção ofensiva tem estado alinhado a Zé Ivaldo e Thiago Heleno, como sendo um ‘terceiro zagueiro’.

Entretanto, a realidade nesse caso é significativamente mais complexa do que querem fazer parecer. É necessário compreender que embora a escalação do Athletico seja apresentada nas artes divulgadas pelo clube como 4-3-3 ou  ainda um 4-2-3-1, dentro de campo é diferente.

Quando recupera a posse da bola o Furacão de Wesley Carvalho costuma converter Esquivel em um terceiro elemento da primeira linha. Entretanto, esse posicionamento não é uma exclusividade do interino rubro-negro e nem foi inventado por ele, é uma estratégia bastante comum mundo a fora.

Nem 4-3-3 e nem 4-2-3-1, Athletico de Wesley Carvalho alterna entre o 3-4-1-2 com a posse de bola e o 5-3-2 no momento defensivo – Imagem: sharemytactics.com

Um bom exemplo é o Palmeiras multicampeão com o português Abel Ferreira, que derrotou o Flamengo na final da Copa Libertadores da América em 2021 com essa estratégia e com frequência utiliza um lateral convertido ou um volante entre os zagueiros na chamada ‘saída La Volpiana’.

Se os torcedores desejam ver um Athletico que construa jogadas desde a defesa, é fundamental garantir superioridade numérica no setor, e contar com três jogadores na primeira linha de distribuição – somados aos volantes e laterais – assegura essa vantagem na maioria das vezes.

Esse texto não tem a intenção de fazer o técnico Wesley Carvalho parecer genial ou infalível, embora reconheça o mérito de algumas de suas ideias, procuro trazer mais conteúdo e de maior profundidade ao debate sobre uma continuidade do comandante à frente do Athletico Paranaense.

Desde que assumiu o comando da equipe principal do Athletico, o interino mostrou em campo possuir algumas ideias interessante e em um trabalho de médio e longo prazo talvez possa transformar esse Furacão em uma boa equipe para o restante da temporada 2023.

Por outro lado, as eliminações e os maus resultados justificam a prudente desconfiança os rubro-negros. E em meio a esse mar de incerteza, nem a demissão e nem a permanência representariam uma certeza de sucesso. Porém, uma importantíssima decisão foi tomada.

Wesley Carvalho segue no comando do Athletico Paranaense, pelo menos por ora. E você, amigo torcedor, teria demitido imediatamente o interino ou daria mais tempo para o treinador desenvolver as suas ideias?

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