Wesley Carvalho não escala o Furacão com 3 zagueiros
Desde a traumática eliminação sofrida pelo Athletico Paranaense para o Bolívar na noite da última terça-feira (8) na Ligga Arena, o técnico interino Wesley Carvalho tem sido destinatário da maior parte das críticas elaboradas pelos torcedores.
Embora este texto não tenha a pretensão de defender o treinador, nem a sua permanência confirmada no comando da equipe principal, será que as principais críticas ao trabalho correspondem à realidade dentro do campo de jogo?
Sem ofensa aos amigos leitores, mas não me parece ser o caso. Eu poderia abordar a simplificação cometida pelos que chamam um meio-de-campo formado por jogadores como Erick, Fernandinho e Arturo Vidal de ‘três volantes’, porém vou preferir uma questão de natureza tático-estratégica.
Não foram poucos os rubro-negros que se referiram ao posicionamento do argentino Lucas Esquivel, que no momento da construção ofensiva tem estado alinhado a Zé Ivaldo e Thiago Heleno, como sendo um ‘terceiro zagueiro’.
Entretanto, a realidade nesse caso é significativamente mais complexa do que querem fazer parecer. É necessário compreender que embora a escalação do Athletico seja apresentada nas artes divulgadas pelo clube como 4-3-3 ou ainda um 4-2-3-1, dentro de campo é diferente.
Quando recupera a posse da bola o Furacão de Wesley Carvalho costuma converter Esquivel em um terceiro elemento da primeira linha. Entretanto, esse posicionamento não é uma exclusividade do interino rubro-negro e nem foi inventado por ele, é uma estratégia bastante comum mundo a fora.
Um bom exemplo é o Palmeiras multicampeão com o português Abel Ferreira, que derrotou o Flamengo na final da Copa Libertadores da América em 2021 com essa estratégia e com frequência utiliza um lateral convertido ou um volante entre os zagueiros na chamada ‘saída La Volpiana’.
Se os torcedores desejam ver um Athletico que construa jogadas desde a defesa, é fundamental garantir superioridade numérica no setor, e contar com três jogadores na primeira linha de distribuição – somados aos volantes e laterais – assegura essa vantagem na maioria das vezes.
Esse texto não tem a intenção de fazer o técnico Wesley Carvalho parecer genial ou infalível, embora reconheça o mérito de algumas de suas ideias, procuro trazer mais conteúdo e de maior profundidade ao debate sobre uma continuidade do comandante à frente do Athletico Paranaense.
Desde que assumiu o comando da equipe principal do Athletico, o interino mostrou em campo possuir algumas ideias interessante e em um trabalho de médio e longo prazo talvez possa transformar esse Furacão em uma boa equipe para o restante da temporada 2023.
Por outro lado, as eliminações e os maus resultados justificam a prudente desconfiança os rubro-negros. E em meio a esse mar de incerteza, nem a demissão e nem a permanência representariam uma certeza de sucesso. Porém, uma importantíssima decisão foi tomada.
Wesley Carvalho segue no comando do Athletico Paranaense, pelo menos por ora. E você, amigo torcedor, teria demitido imediatamente o interino ou daria mais tempo para o treinador desenvolver as suas ideias?