O Último Passo…
Sim, o Athletico já é grande.
Esta pergunta só existe dentro das mídias do Eixo, para gerar engajamento contrário de flamenguistas, botafoguenses, corintianos, santistas e afins.
Pergunta em que se sabe a resposta. Afinal de contas, são mais de 20 anos assumindo um novo protagonismo no cenário nacional e arrombando a porta dos “12”, que ou passam a nos incluir e viram “13”, ou sacam fora clubes de protagonismo histórico, mas que há mais de 25 anos não tem conquistas relevantes, vivendo de passado.
O objetivo aqui não é falar mais uma vez do “projeto iniciado em 1995”, ou “da história do clube de bairro que tornou-se campeão continental”, ou mesmo valorizar a excelente estrutura patrimonial que conta com um dos mais modernos estádios do mundo, e um CT de fazer inveja a qualquer gigante europeu.
Esta história vocês conhecem, e foi amplificada pelos títulos recentes do Furacão, e principalmente pelo fato de não mais perdermos jogadores para times nacionais. Se os vendemos para outra equipe, o fazemos de forma consciente, ou porque o valor proposto está excelente, ou porque não queremos mais aquele jogador e temos uma reposição igual ou melhor (vide exemplo do goleiro Santos e seu sucessor, Bento).
Vamos falar de futuro.
Acho que ainda falta o último passo para a consolidação definitiva no cenário nacional. E na minha modesta opinião, isto só ocorrerá de duas formas: com o aumento gradativo do nosso número de torcedores, e principalmente, por ganhar títulos de ainda maior expressão no cenário nacional, como um segundo Brasileiro, ou uma Libertadores de América.
O primeiro grande passo leva tempo. Não falo nem em anos, mas em gerações. É inegável que superamos de longe a torcida do maior rival na cidade. Algumas pesquisas já demonstram uma diferença de 25% a 30% em favor do Athletico. Mas ainda é pouco. Atualmente, o estado do Paraná possui praticamente o mesmo número de habitantes do Rio Grande do Sul. Porém as torcidas de Gremio e Inter superam facilmente os 7 milhões de torcedores cada, enquanto que o Athletico possui cerca de 2 milhões.
Precisamos ganhar terreno e fazer com que o paranaense abandone a prática de torcer por paulistas (norte) e por gaúchos (oeste), aumentando nosso share dentro de nossa província.
Ainda há muito a se fazer no sentido de cativar o torcedor do interior, e ampliar o alcance da marca Athletico Paranaense dentro do próprio estado. E para isto, além do marketing, mídias e promoção desta marca, é necessário também contar com o segundo grande passo: conquistas no campo de jogo.
O Athletico conseguiu feitos importantes ao longo dos últimos 25 anos. O primeiro título nacional em 2001, a disputa feroz contra o Santos em 2004, onde acabamos sendo Vice devido à desgraça em Erechim. A primeira final de Libertadores em 2005, onde nos tiraram da Baixada “na mão grande”, o vice de Copa do Brasil em 2013, e posteriormente os títulos de Sul-Americanas em 2018 e 2021, a Copa do Brasil de 2019 e por último, mais um vice de Libertadores em 2022.
Ainda falta a consolidação. O Coritiba, recordista em rebaixamentos no Brasileiro, tem 1 Campeonato Nacional. O Guarani, que nunca mais foi sombra dos anos 70 e 80, também tem 1 Brasileiro. O Bahia tem dois.
O São Caetano também foi vice de Libertadores.
É muito óbvio que o Athletico é maior do que estes clubes. Mas se estagnar, será alcançado em títulos de Sul-Americana ou Copa do Brasil por outros também organizados e emergentes, como um Red Bull Bragantino ou um Fortaleza da vida.
Falta o último passo. Falta o segundo Brasileirão, ou a primeira Libertadores.
E para tanto, o clube, sempre inovador, competente e futurista, precisa mais uma ver pensar de forma diferente.
As contratações estão vindo. O brilhante garoto Vitor Roque, vendido ao Barcelona por potenciais R$ 400 milhões, é exemplo disso. Também por valores expressivos vieram Canobbio, Cuello e Zapelli, além de conseguirmos manter estrelas do futebol internacional como Fernandinho e Vidal.
Mas então, o que falta?
Já é sabido e comprovado que ao longo dos quase 100 anos de Athletico, nossas maiores conquistas e melhores resultados vieram com treinadores com experiência e que possuíam boa reputação no cenário nacional: Hélio Alves (1983), Pepe (1995), Vadão (1999), Geninho (2001), Levir Culpi (2004), Antonio Lopes (2005), Paulo Autuori (2020-2021) e Luiz Felipe Scolari (2022).
A ÚNICA exceção foi com o ótimo Tiago Nunes em 2018-2019.
Todas as experiências com técnicos exóticos (Casemiro Mior, Miguel Ángel Portugal, Bob Testosterona Fernandes, Carrasco, Prof. Drubscky e etc) ou “Estagiários”, assistentes de treinadores anteriores ou vindo de categorias de base, foram totalmente frustradas. A única exceção justamente foi Nunes.
O presidente Mário Celso Petraglia, outro dia qualquer em entrevista à Transamérica, disse que contratou Alberto Valentim pelo número de cursos que este possuía. Nesta entrevista ainda, em outra manifestação do presidente, ouviu-se o desejo de se instalar ou fundar uma Universidade do Futebol dentro do próprio clube, para formar dentro de casa os próprios treinadores.
Até então o tiro vem saindo pela culatra. Além do próprio Valentim não ter dado certo, as apostas seguintes com Bruno Pivetti, Bernardo, Paulo Turra, e agora Wesley Carvalho, mais uma vez mantêm as estatísticas de ineficiência deste modelo.
A pergunta que fica é: então, por que insistir num modelo sabidamente fracassado?
Será que por tentativa e erro, talvez apareça outro Tiago Nunes nos próximos 20 anos?
Com as respostas, a alta direção do Club Athletico Paranaense.
O Athletico precisa dar o último e derradeiro passo em direção à grandeza e ao reconhecimento internacional.
Para tanto, além do Patrimônio, além do superávit, precisa olhar para o FUTEBOL de maneira séria e estratégica.
Sim, falta algo.
Falta um segundo Brasileirão.
Falta uma Libertadores.
Falta mais seriedade com o futebol do Athletico.
Abraços rubro-negros!