23 ago 2023 - 6h58

Onde o Athletico quer chegar?

Correndo o risco de chover no molhado, vou iniciar esta coluna falando sobre as eliminações precoces do Athletico tanto na Copa do Brasil quanto na Libertadores. Como bem disse a minha amiga e colega de Furacao.com, Michele Toardik, não se trata, apenas, do resultado esportivo: os fracassos nas duas competições em que o Rubro-Negro poderia ter ido muito além representa uma perda significativa de receita com premiações, justamente no ano em que o clube mais investiu em elenco. Uma lástima.

E falo novamente disso porque houve uma certa euforia após a saída tardia de Paulo Turra do comando técnico e, nos primeiros jogos sob a batuta de Wesley, o time realmente rendeu mais. Esperança que logo se converteu em desilusão, pois além das eliminações, o time voltou a mostrar em campo algo que o torcedor atleticano sempre detestou: covardia. É como dizem por aí: o medo de perder tira a vontade de ganhar. E é assim que o Athletico, que já não pode ser chamado de Furacão, tem jogado: com medo de ganhar. Muitas vezes com o jogo controlado, como ocorreu não apenas contra o Goiás, mas também contra o próprio Bolívar, entre outros, o time do interino tem o jogo nas mãos, mas abdica de jogar e cede espaço ao adversário. Os resultados falam por si.

Agora, restando apenas o Brasileiro para conquistar uma vaga na Libertadores 2024, ano do centenário, o Athletico brinca com a sorte ao manter um treinador sem a mínima condição de conduzir o elenco mais caro de sua história. Com a disputa extremamente acirrada na parte de cima da tabela, insistir nessa fracassada fórmula pode ocasionar um desastre e, não custa lembrar, é provável que este ano não se abram tantas vagas para clubes brasileiros na competição continental como vinha ocorrendo nos anos anteriores.

Se por um lado o Rubro-Negro está bem posicionado e com uma pontuação que permite sonhar com o G4, por outro os pontos desperdiçados pela postura acovardada podem custar caro no final do campeonato. Conforme amplamente noticiado após o empate com o Goiás, em muitas oportunidades o Athletico sai na frente, mas acaba cedendo o empate ou até sai derrotado de campo. Podem-se citar como exemplos o empate em casa contra o Cruzeiro, quando chegou a estar perdendo e precisou buscar o resultado; novo empate, contra o Santos, depois de sair na frente; outro empate, contra os reservas do Palmeiras, dentro de casa; derrota para os reservas do Grêmio, também na Baixada e; por último, o empate com o Goiás, quando vencia por 1 a 0 e só precisava de mais um gol para terminar a rodada no G4.

O que chama a atenção nesses jogos não é a falta de qualidade do elenco, pelo contrário. Com a bola nos pés e a vontade de ganhar, o time já mostrou que tem plenas condições de dar voos mais altos. Não se vê mais aquele futebol medíocre e capenga da era Turra, mas o que se vê é um marasmo que impede o Athletico de “matar o jogo”, como se diz na gíria da bola. A postura aparentemente preguiçosa dentro de campo reflete bem o perfil do provisório treinador que, a cada entrevista, deixa claro estar satisfeito com o que vê. Não é o que se espera do Furacão.

Em entrevistas concedidas após a partida da última segunda (21), Vidal deixou claro que somente estar no G6 é pouco pela qualidade da equipe que, segundo ele, precisa brigar para estar em primeiro, segundo, e ainda há muito o que melhorar. Na mesma linha, Erick afirmou que os atletas não saíram de campo satisfeitos porque, embora tenha criado muitas chances, o Rubro-Negro não aproveitou e acabou “cedendo muitas oportunidades” para o adversário, que “fatalmente acabou fazendo o gol”. Zapelli, preterido pelo treinador até os 17′ da etapa final, concluiu que a equipe começou bem o segundo tempo, mas depois faltou um pouco mais para assegurar a vitória.

Wesley Carvalho pareceu contente com a atuação, pois, segundo ele, “o time continua propondo as mesmas ideias que o Athletico está acostumado a fazer” e está “jogando o futebol que o Athletico quer como modelo de jogo”, embora não tenha conseguido explicar se o tal modelo é o do primeiro ou o do segundo tempo, ou se o de antes ou depois de abrir o placar. Apesar das dificuldades enfrentadas em campo, o interino destacou que “tem muitas equipes que gostariam de estar no nosso lugar”.

Seja como for, parece consenso que, embora realmente o Rubro-Negro ocupe posição privilegiada na tabela, os constantes tropeços que impedem a equipe de estar num lugar ainda melhor passam, e muito, pelas escolhas do treinador, seja na hora de montar o time titular, seja na hora das substituições ou na mudança abrupta de postura do time cada vez que sai na frente e parece contente com o placar mínimo.

Comentei em texto anterior que se o Athletico pretende, “de fato, mudar de patamar, a mudança de mentalidade também precisa acontecer”. Resta saber, afinal, onde o clube quer chegar: no lugar em que os torcedores e os jogadores acham que pode, ou naquele em que Wesley Carvalho se contenta de estar?



Últimas Notícias

Brasileiro

Fazendo contas

Há pouco mais de um mês o Athletico tinha 31 pontos, estava há 5 da zona de rebaixamento e tinha ainda 12 partidas para fazer.…

Notícias

Em ritmo de finados

As mais de 40 mil vozes que acabaram batendo o novo recorde de público no eterno estádio Joaquim Américo não foram suficientes para fazer com…

Brasileiro

Maldito Pacto

Maldito pacto… Maldito pacto que nos conduz há mais de 100 anos. Maldito pacto que nos forjou na dificuldade, que nos fez superar grandes desafios,…