O cara (?)
“Eu sei que sou bom” disse Wesley Carvalho após três partidas no comando do Athletico. “Futebol eu sei como funciona. Meu trabalho é bom” são frases ditas pelo interino na coletiva de 26 de junho e que me trazem a lembrança da música The Man, lançada em 2017 pelo The Killers, sobre um homem arrogante.
O treinador parece acreditar que realmente está à frente de todos e vê coisas que ninguém ao redor consegue. Nas entrevistas, a soberba e arrogância são de tirar o torcedor do sério, quase como se dissesse que não falamos sobre, ou vemos, o mesmo esporte dentro de campo. “Não tente me ensinar, eu não tenho nada a aprender”, como diz a letra de Brandon Flowers.
Isso machuca o torcedor que vive o Athletico e sabe o potencial que o elenco, mesmo com falhas, tem. E nós sabemos que a teimosia, e a própria arrogância, tem raízes fortes dentro do próprio clube, não apenas do comandante. E nessa linha de raciocínio, entendo os gritos da torcida na atuação contra o Fluminense no último domingo (27).
Entoar “Tiago Nunes” a plenos pulmões foi mais que um pedido de reconciliação ou uma exigência das arquibancadas: foi um protesto. E que bela forma da torcida protestar. Um ataque, de garbo elegância, se me permite, a Wesley Carvalho e, por que não, a Alexandre Mattos.
A memória do “time de guerra” vai ficar para sempre no imaginário do torcedor e muitos ainda querem, sim, o professor Nunes de volta. Mas para além disso, o que o torcedor quer é simplesmente alguém que faça o Athletico jogar sem medo, ao menos dentro de casa. Chega de perder pontos na Arena, contra quem quer que seja, por simplesmente “se contentar com pouco”, sendo um placar magro de um a zero, um empate ou até uma “pequena vantagem para decidir nos pênaltis”.
O time campeão da Sulamericana em 2018 e da Copa do Brasil em 2019 nem sempre era uma máquina longe de seus domínios, mas se aproveitava da atmosfera do Caldeirão para incendiar e crescer. É disso que o torcedor sente falta de verdade. Time e torcida vibrando na mesma sintonia com o mesmo objetivo.
Não acho que Wesley seja o “cara” para trazer esse Athletico de volta. Talvez nem Tiago Nunes o seja novamente. Precisamos de alguém que traga o torcedor para perto novamente, mas, mais que isso, faça o time jogar futebol. Não se vence um campeonato jogando com medo, não se conquistam glórias jogando menos do que se pode. Vencer pelo placar magro ou nos pênaltis é consequência, são coisas do futebol. Perder por abdicar de jogar, por outro lado, é uma escolha. Daquelas que não queremos que sejam feitas por aqui.