Estagiários no comando: o barato que tem saído caro no Athletico
“Quando a esmola é demais, o santo desconfia”.
Provérbio popular que se encaixa perfeitamente na rotina do torcedor atleticano nos últimos anos. O ser humano já tem uma pré-disposição a desconfiar das coisas.
Geralmente, o provérbio acima vem acompanhado de outros algum tempo depois:
“Era bom demais para ser verdade” ou “o barato sai caro”.
E na maioria das vezes, a realidade acaba sendo essa. Compramos um produto induzidos pelo preço baixo, e o resultado acaba sendo muito distante do esperado.
Mas bem. A gente aprende, né? O erro e o aprendizado fazem parte do cotidiano do ser humano.
Erramos, evoluímos, e tendemos a não repetir o mesmo erro.
O Athletico não.
O Athletico vem ano após ano repetindo a mesma fórmula.
O ano do torcedor atleticano pode ser definido já em janeiro por um bolão ou um jogo de sete erros. Ou então, de maneira mais didática, por um ciclo que se repete ano após ano.
Elenco com limitação e necessidade de contratação em alguns setores. Contratamos três volantes e algum jogador desconhecido da terceira prateleira do futebol europeu. Estagiário/técnico desconhecido no comando, eliminações e péssimo futebol, demissão e contratação de um técnico “cascudo” para acalmar os ânimos. Contratação de um ou dois jogadores que deveriam ter sido feitas já no início do ano. Final de ano de relativo bom futebol e que dá esperança para o ano seguinte. Daqui você volta para o início e vai perceber que todo ano é assim.
E isso não é de agora, isso é de muitos anos. Na era Petraglia sempre foi assim. Entre Bob Fernandes, Ricardo Drubscky, Leandro Niehues, Claudinei Oliviera, Milton Mendes, Sérgio Soares, Antonio Oliveira, Alberto Valentim, Eduardo Barros e tantos outros projetos de técnico (que eu vou parar de listar aqui para este parágrafo não virar um texto dentro de outro texto) que nunca deram certo antes, nem aqui e nem depois.
Tiago Nunes foi o único nome entre tantos outros que tiveram sucesso aqui, em 25 anos. Isso que Tiago Nunes ainda penou pelos outros três clubes brasileiros que passou depois de sua passagem por aqui (Corinthians, Grêmio e Ceará) e só se encontrou novamente agora no futebol peruano, quase quatro anos após sair do Athletico.
Mas até que ponto essa economia/insistência tem trazido resultados bons para o Athletico? Tanto em campo como financeiramente.
A mesma fórmula que o Athletico utiliza ano e após ano não busca títulos, busca superávit.
O importante são os milhões sobrando na conta no final do ano, se por acaso algum título vier, ótimo. Caso contrário, o objetivo principal foi atingido.
Para termos uma maior exatidão com números, trarei como exemplo o salário do argentino Juan Pablo Vojvoda, treinador do Fortaleza. Não só levou o clube a Libertadores pela primeira vez na história, como este ano também está na final da Copa Sul Americana com o clube.
Vojvoda e sua comissão técnica tiveram um reajuste salarial para 2023, totalizando 9,5 milhões anuais. O que da por volta de 790 mil reais mensais para a toda a comissão técnica.
9 milhões de reais é o que recebe o eliminado na semifinal da Copa do Brasil. Caímos nas quartas para um dos piores times do Flamengo dos últimos anos.
8,9 milhões de reais é o que recebe o eliminado nas quartas de final da Copa Libertadores da América. Caímos nas oitavas para o poderoso Bolívar, da Bolívia.
Os números falam por si. A economia burra do Athletico por não investir em comissão técnica e a decisão de entregar o projeto de milhões na mão de treinadores que nunca tiveram sucesso em lugar algum, paga o seu preço ano após ano, e este ano foi disparado o pior deles.
O elenco mais caro da história do clube com seis jogadores convocados na última data FIFA está nas mãos do professor Pardal preferido da vez.
É igual dar uma Ferrari nas mãos de quem não sabe nem andar de bicicleta.
Mas o importante mesmo é acumular capital para aplicar em juros, não é mesmo?
Errar é humano, mas persistir no erro…