27 out 2023 - 11h30

Navegar é preciso, futebol não é preciso

Meu avô gostava muito do mar. Eu tenho essa lembrança forte, talvez porque a minha tia sempre posta uma foto dele no barco no seu aniversário. É quase impossível pra mim separar uma coisa da outra. Não sei dizer se um dia ele chegou a me falar essa frase mas, de alguma forma, na minha cabeça eles se relacionam.

Eu gosto muito da frase (no original, “navegar é preciso, viver não é preciso”), porque ela tem um jogo de palavras interessante. Na primeira oração, “preciso” é tratado como necessidade, da vontade do orador em estar constantemente no mar. Na segunda, porém, a palavra se refere à “precisão”, e ressoa com as dificuldades que a vida proporciona e todas as incertezas que ela traz.

O futebol, à sua maneira, também não é preciso. As vezes me pego pensando sobre isso. Passamos boa parte da temporada até aqui reclamando, e entendo particularmente que com razão. Mas ao olhar a tabela, ainda estamos (muito) vivos na briga pela vaga direta à Copa Libertadores do ano que vem.

Não me entenda mal, eu não estou satisfeito com o rendimento do time. Os resultados, apesar de navegarem na direção oposta, poderiam estar milhas à frente com um pouco mais de precisão em alguns pontos. Já estamos fartos de citar os pontos perdidos contra times fracos e em situações favoráveis, que deixamos escapar por teimosias e insistências. Eu sinto, porém, que é preciso ressaltar um pouco nossos méritos também.

Eu acredito de verdade que temos um bom elenco. Acredito, inclusive, que esse é o motivo do time ainda ter rumo e não ter saído da briga há mais tempo. Se perdemos pontos com teimosias e pouca qualidade tática, compensamos na experiência de Fernandinho, por exemplo. Outro marujo que eu sempre defendi, por aqui e nas redes sociais, é Canobbio. Incansável, competente (apesar das finalizações, que há tempos pedem um pouco mais de talento) e dedicado, especialmente no quesito tático. Até Cuello, que eu costumo reclamar, parece ter encontrado seu futebol e vem fazendo partidas excelentes.

Por isso, tomei a decisão de parar de pedir a troca do comandante, pelo menos até o fim da temporada. Se ele tem méritos na situação em que vivemos, para o bem ou para o mal, nesse momento já não me importa mais. O futebol, em toda sua imprecisão, vive de momentos, e nós estamos em um favorável. É preciso aproveitar a maré. É preciso acreditar. É preciso apoiar. É preciso conquistar a vaga na Libertadores do ano que vem.



Últimas Notícias

Brasileiro

Pesadelo ainda sem fim

Mesmo com mais um show da torcida atleticana dentro de casa, levando novamente mais de 40 mil pessoas ao Estádio Joaquim Américo, o rubro-negro voltou…