A (des)entrevista de Wesley após mais um tropeço e a eterna amargura atleticana
O Athletico, mais uma vez, deixou escapar a chance de se firmar no G4 do Brasileirão neste domingo (29) ao empatar com o São Paulo, na Ligga Arena. Entre floreios e borrões, o sedizente treinador deu uma aula de esquiva e, novamente, não conseguiu explicar as razões pelas quais o Rubro-Negro não consegue desempenhar em casa o futebol que fez o Brasil e a América temerem o Caldeirão.
Confira como foi a entrevista coletiva do interino treinador atleticano:
Proposta, sofrimento, marcação, desperdício de pontos
“Nós sabíamos que o São Paulo era um time bastante agressivo e que teria possibilidade de ter várias mudanças para vir com jogadores mais ‘frescos’, e o jogo do clássico contra o Palmeiras, e foram sete, porque é uma característica do adversário. Nós sabíamos que tinha um espaço entre o extremo deles e o lateral para os nossos alas jogarem, conseguimos fazer isso onde (sic) saiu o gol, a bola parada também, deles, era uma bola prevista, inclusive uma bola mostrada, e geramos o gol, que foi um erro coletivo. Mas assim, foi um jogo muito truncado. E digamos que o resultado foi até justo, diferente de outros jogos que nós fizemos com outras equipes aqui, que nós criamos 23 oportunidades e a equipe menos… mas assim, foi um jogo muito truncado. Mas assim, se tivesse até, por sorte, digamos assim, de sair um vencedor, teria que ser o Athletico, mas assim, foram poucas chances tanto para a gente quanto pra eles, foi um jogo difícil, mas assim, perdemos dois pontos. Não três, dois pontos. Mas cabeça no lugar, nós estamos ali a um ponto do 4º colocado, que é o Grêmio, com 50. Estamos com 49. É aquilo que eu sempre falei pra vocês desde o início do meu trabalho, que o céu e o inferno está muito próximo, e você não pode entrar em desespero e não pode se acomodar quando está bem, quando foi o jogo contra o Grêmio e Botafogo, e também não deve entrar em desespero e achar que está tudo errado porque nós tivemos muitas dificuldades pra chegar aonde (sic) a gente está agora, perda de alguns jogadores, mudança de sistema, buscamos soluções para as dificuldades que nós tínhamos pra montar um time competitivo, mas, assim, continuamos na luta e, agora, vamos ter que buscar pontos fora. Como foi contra o Flamengo, como foi contra o Grêmio, e seguimos, assim, firmes.”
Reconhecendo que o time não fez por merecer e “perdeu dois pontos, não três”, o “treinador” não soube explicar por que sua equipe perdeu tantos e tantos pontos dentro de casa, que poderiam render a segunda colocação (como adiante se verá) ao invés de ter que buscar pontos fora da casa para manter a chance de chegar à Libertadores em 2024.
Pontos ganhos nos últimos jogos, poucas derrotas e opções no banco
“Nós estávamos jogando dentro de casa, empatando o jogo. Nós tínhamos a possibilidade de tirar um que estava com cartão ‘amarelado’ e acho que o último jogo que o Hugo fez foi lá em Fortaleza, Ceará… nós já imaginávamos que isso poderia acontecer, mas, pra eu tirar o Hugo, eu teria que mudar o meu sistema, teria que colocar o Caíque pra jogar como um terceiro zagueiro, botar Zapelli e fazer um 5-3-2, com Canobbio de um lado e Bueno de outro, com Erick no meio, com dois atacantes na frente, um atacante e um meia. E nós ficamos relutando, relutando, ‘eu não vou fazer isso’, e aí nós preferimos não, não vamos botar zagueiro. Vamos tentar ser mais ofensivos, vamos colocar Rômulo, vamos botar uns ‘pernas rápidas’ aí e vamos ver, ter uma transição ou até mesmo ser mais agressivos quando em cima do zagueiro deles. Depois disso pensamos num Arriagada, também, deixamos um meia só e, na última situação, tentar fazer um 4-3-3 com o Pablo voltando de meia, o Arriagada, o Hugo e o Canobbio e tentamos ali, a bola passou duas vezes ali, na cara do goleiro, não tinha ninguém pra colocar pra dentro. Mas era o que tínhamos ali pra tentar dar essa solução e acredito que foi a decisão melhor tomada. Pois teve um momento que eu fiquei tão vulnerável dentro do jogo, de ter colocado tanto atacante, que o jogo ficou perigoso pra nós também. E aí poderia ter acontecido um contra-ataque, uma transição, e ao invés de você ficar com um ponto que nós estamos reclamando, ficar sem nenhum. Mas, como eu disse na resposta anterior, eu acho que foi um jogo justo dentro do que as duas equipes propuseram.”
Faltou coragem pra mudar o esquema? Inteligência pra encaixar o jogo? Ou sobrou covardia? O medo de perder tira a chance de ganhar? E quantos empates entregamos dentro de casa sob o comando desse sujeito? SEIS. Seis vezes dois (não três) são DOZE. Façam as contas. Onde o Athletico estaria com mais doze pontos? Aliás, o discurso de “era o que tínhamos ali pra tentar dar essa solução” é, no mínimo, incoerente. Afinal, o sedizente treinador demorou quase meia hora NO SEGUNDO TEMPO para mexer no time que, segundo ele, não estava produzindo.
Wesley estreou contra o São Paulo, fora de casa, no primeiro turno. De lá pra cá, foram 11 jogos em casa, 5 vitórias e 6 empates… como justifica esse grande número de empates, ainda maior do que o de vitórias?
“Ano passado, nós tínhamos dentro da estatística do clube, nós tínhamos um aproveitamento dentro de casa acho que de 65… isso foi até uma apresentação, no início da temporada, que nós, dentro de casa, acho que nós tínhamos… não sei o número exato assim, mas eram 65, 70% dos pontos dentro de casa. E fora nós estávamos abaixo de 50%, acho que era 30 e poucos %. E nós botamos como meta que iríamos melhorar nossa performance fora da nossa Arena, pra poder elevar a pontuação e, consequentemente, você estaria ali na briga entre os 4, ou nos 2 primeiros lugares, juntando ali essas duas, essa melhora de performance fora de casa. Nós, neste ano, conseguimos fazer grandes jogos fora de casa, ganhar de Flamengo, ganhar de Grêmio, ter empates fora, ganhando o jogo e empatar com o Santos, e, em casa, acho que a gente deu uma desequilibrada nessa estatística. E talvez por isso nós não estejamos ali em 3º, em 4º ou até mesmo no 2º. Então acho que nós temos que melhorar um pouco mais a nossa performance dentro de casa, pontuar mais, acho que acabou ficando desequilibrada essa estatística em termos de aproveitamento aqui em casa. E, às vezes, parece… e quando você empata um jogo dentro de casa, parece que você perdeu. É uma sensação muito ruim. Isso não é bom, até mentalmente para a autoestima do nosso elenco. Mas eu tenho que dizer para eles que o Campeonato Brasileiro são grandes equipes, são jogos difíceis, em alguns jogos em casa nós optamos por valorizar o jogo da Libertadores e colocar um time mais misto, faz parte do processo, mas acredito que nós estamos ainda na briga e vamos brigar até o final pela Libertadores no ano que vem.”
Sim, entendemos. Deixamos de ser medianos fora e excelentes em casa para permanecermos medianos fora e nos tornarmos medíocres em casa. Precisamos falar sobre os pontos desperdiçados dentro e fora de casa contra times que estão na parte de baixo da tabela? Contra times que sequer cogitam escapar do rebaixamento? Ou vamos continuar com essa conversa fiada e insistindo no discurso de que melhorou algo, quando tudo piorou? Sim, fizemos algumas (poucas) boas apresentações fora de casa. Ganhamos de adversários importantes longe de nossos domínios. Em compensação, entregamos pontos preciosos em casa que (des)compensaram a equação. E como o próprio estagiário reconhece: “é uma sensação ruim”.
Pausa do Fernandinho por não ter jogado pela suspensão, fisicamente falando… como está e qual a importância?
“O Fernandinho está bem. Ele não está mal fisicamente. O fato de você trocar o jogador, nós temos que entender o modelo de jogo que nós jogamos. Muito intenso, pé na bola, agressividade, muita transição. Quando nós jogamos aqui, nós marcamos o adversário muitas vezes em cima, né? Nós temos muitas transições. E Fernandinho, ele, se você pegar o jogo do Red Bull e também do América, no América ele fez várias transições, várias acelerações e desacelerações. Mas, assim, eu não vejo que ele está mal. Agora, assim, quando você está com um time com o modelo de jogo como nós jogamos, que tem que ter o pé na bola, de atletas como Zapelli, de Pablo, de Bueno, de Fernandinho, de Erick, você tem que trocar. Não tem como. Você tem cinco trocas no jogo e você quer jogar um jogo acelerado… acho que a única forma de você não trocar seria um jogo com mais economia de energia. Baixa mais o time, deixa a bola para o adversário, gasta só energia só pra ir lá… só que esse não é o perfil, nem do clube, nem dos atletas, e nem eu (sic). E o caso de ele ter descansado, melhor. Ele vai estar inteiro pra dois jogos seguidos aí e nós vamos tentar fazer do mesmo jeito que nós estamos fazendo: jogando dentro de casa e fora de casa com inteligência, resiliência, nós saímos perdemos, saímos perdendo para o Grêmio, na Arena do Grêmio, e tivemos a capacidade de saber absorver aquele momento e continuamos colocando a bola no chão, impusemos a nossa qualidade com a bola e conseguimos virar o jogo e sair de lá com a vitória. Então acho que isso é o que vai importar agora, mas acredito que o Fernando… acredito não, eu tenho certeza que ele não está mal fisicamente, não. Pode ficar tranquilo.”
Claro que o Fernandinho está bem. Todo mundo sabe que o Fernandinho está bem. O que não se compreende é a completa ausência de comando na meia cancha cada vez que ele não joga. E na beira do gramado. E por falar em modelo de jogo: qual é o nosso? Está claro que o modelo de jogo atleticano é o “seja o que Deus quiser, e graças a Deus que temos Fernandinho”. Vamos chegar aonde desse jeito?
A arbitragem dificultou o andamento da partida?
“Eu não gosto de falar sobre arbitragem. Eu gosto de falar de futebol. Qualquer coisa que eu fale aqui, ele pode pegar e… eu, assim, eu estou pendurado no campeonato, estou com dois cartões amarelos. Teve alguns erros técnicos, mas faz parte do futebol. Acho que tem pessoas muito mais capacidades e responsáveis por analisar esses árbitros, talvez punindo eles, botando para outra divisão como tem acontecido com alguns aí, que sumiu (sic) da primeira, Série A, e agora está apitando Série B, Série C, pra poder fazer uma reciclagem. Eu acho que é uma forma de punir eles também, não sei como a CBF se comporta com isso… mas eu, ele acabou irritando um pouco e tirando a gente um pouco do nosso centro de controle mental. Mas faz parte do processo e a gente tem que ser mais forte do que isso.”
A arbitragem foi ruim, de fato. Para ambos os lados. Mas, outra vez, o Athletico deixou o árbitro errar sem pressão nenhuma, acadelando-se como sempre faz. Já comentei anteriormente sobre isso e não custa repetir: por que é que a CBF, a Conmebol e, principalmente, os árbitros, sentem-se tão à vontade para tantos desmandos na Arena da Baixada? Porque o Athletico permite. Assim como seu treinador e toda a comissão técnica. Assim como a diretoria, omissa ao ler tantas barbaridades, ouvir tantas baboseiras e insistir na manutenção de pessoas inaptas a exercerem as funções que exercem no clube. Gigante é a incompetência de quem poderia ter o Mundo, mas mal tem o quintal da vila.
Algumas coisas internas parecem ser estranhas, mudanças de Fernandinho, Zapelli, Rômulo… quais as explicações?
“O Rômulo é uma cria da nossa casa. Vocês esqueceram que, no ano passado, foi ele quem nos salvou na Libertadores, lá no Paraguai? Foi ele que fez o gol. Não podemos esquecer que foi ele quem fez um jogo muito bem contra o Palmeiras no Allianz Parque, quando jogamos com time misto e ganhamos de 2 a 0? Foi ele quem deu o passe para Vitor Roque. É uma função que cabe também para mim, como treinador fazer com que esses jogadores… o Rômulo jogou muito pouco este ano, teve lesões no início da temporada, teve agora, mas é uma das funções que eu tenho, como treinador, recuperar e fazer com que ele possa produzir novamente. Ele tem ido muito bem nos treinamentos, inclusive nos dois jogos ele entrou e teve a chance de matar o jogo, contra o Botafogo… não, contra o América aqui, o goleiro fez uma excelente defesa. Teve um gol, lá, que a gente não sabe se estava realmente impedido, contra o Botafogo, que acho que ia pedir o VAR se ele fizesse o gol, mas assim, é um atleta em quem a gente acredita e vamos trabalhar o máximo pra fazer ele performar como ele performou o ano passado. E a questão de trocar é justamente isso que eu respondi pra ele, a questão do Fernandinho, ou do Zapelli. O Zapelli é um excelente jogador, mas Zapelli está dobrando, só pra você ter ideia, no jogo do Botafogo ele dobrou a performance dele física, em termos de aceleração e desaceleração, de DI, de ações acima de 25km/h. Ele não está acostumado a fazer isso, ele está em adaptação. Ele, tecnicamente, é muito bom. Só que eu estou jogando com dois meias e eles têm que me marcar pra me ajudar, se não é (sic) menos dois pra marcar. Então é (sic) as condições que eles têm pra jogarem juntos. Tudo bem, vocês podem jogar juntos, só que vocês têm que contribuir pra marcar. E aí quando chegou no intervalo, que eu fui ver, a meta, a parte física dele, e isso eu estou falando contra ele mesmo, nos jogos que ele fez aqui, ele dobrou. Dobrou no primeiro tempo. Então ao invés de você cobrar, eu tive que elogiá-lo. Então é por isso que tem, nós temos que ter essas substituições, e temos que utilizá-las mesmo. Pra oportunizar quem está treinando bem, quem está jogando, e é assim que funciona. Elenco, né?”
Ao justificar as suas poucas e demoradas substituições, o estagiário volta a reclamar do elenco. Pode? Acho que estou chapado, mas me parece que foi este o ano em que o Athletico mais gastou em sua história para reforçar o elenco. Zapelli, o “grande jogador” mencionado pelo treineiro, ficou no banco no jogo mais importante da temporada por opção dele, Wesley. Que conversa fiada é essa? Agora, que o Furacão não disputa nada além de uma vaga na Libertadores, depois de ter sido precocemente eliminado de duas competições que priorizava na temporada, reclamar de desgaste e falar do elenco? É sacanagem, né?
Estratégia para o jogo contra o Corinthians, com pouco tempo de preparação. E o Alex Santana?
“O Alex, desde o jogo contra o Inter, vem se queixando de uma dor no adutor. [inaudível] uma sobrecarga e a gente vem equilibrando os treinamentos e botando ele poucos momentos nos jogos. No último treino, na sexta-feira, dos atletas que não jogaram o tempo todo, no treinamento, no outro dia ele amanheceu dolorido e o departamento médico entendeu que se trouxéssemos ele para este jogo e ele ter (sic) que entrar, e ia ter que entrar porque eu não tinha nenhuma opção de volante, porque o Fernandinho está suspenso, no banco, a gente correria um grande risco de ele ter uma grande lesão. Então a gente preferiu deixar ele de repouso e vamos reavaliá-lo amanhã, novamente, pra ver como é que a gente vai proceder com o atleta. Sobre o Corinthians eu baixei o material agora, com meu computador, os analistas passaram pra mim agora, eu vou sentar direitinho pra ver qual é a melhor estratégia. E, talvez com esse pouco tempo de treinamento, eu acho que o melhor treinamento é o descanso. Treinamento de sala. Botar os jogadores pra se recuperar porque, daqui a 72h, se não me engano, quarta-feira, aí já tem outra batalha lá e depois, de novo, contra o Palmeiras no sábado, então, assim, às vezes, neste momento, mostrar pra eles pra potencializar, as coisas boas que eles realizaram nos jogos anteriores, e como é o Corinthians e como é que nós vamos ter que fazer pra encontrar os caminhos onde é que eles são vulneráveis. ‘Ah, o Corinthians ataca de três maneiras: essa, essa e essa; o Corinthians defende assim, assim e assim; não é agressivo na marcação alta, ou é agressivo na marcação alta’ e aí nós passamos, mostramos para os atletas e vamos para o jogo, e esperamos que sejamos felizes novamente.”
Basicamente, é o seguinte: não sei bem o que vou fazer. Vamos dar folga para o elenco que mais descansa no Brasil e, quem sabe, “na sorte” eles metem um golzinho aleatório e ganham do Corinthians, que ataca “assim, assim, assado” e defende “assim, assim, assado”.
É SÉRIO ISSO, ATHLETICO?
Até quando vamos manter esse INCAPAZ no comando técnico da equipe?