Alagados
Ontem, no caminho do trabalho até minha casa, me peguei pensando no Athletico novamente. A chuva que caiu quase de forma ininterrupta durante as últimas semanas pareceu fazer um paralelo com a situação futebolística, e eu decidi ligar o rádio para distrair os pensamentos. A música Alagados, dos Paralamas do Sucesso, tocou e foi impossível não juntar uma coisa a outra.
Quando Hebert Viana fez o paralelo entre Trenchtown e a Favela da Maré, lá em 1986, no disco Selvagem? (de longe meu favorito da brilhante carreira da banda) talvez não imaginasse as possíveis relações com a temporada 2023 do Club Athletico, até porque o músico, até onde uma rápida pesquisa na internet sugere, é torcedor de outro rubro negro, o carioca.
Rodada a rodada, o Furacão traz do sonho pro mundo quem já não queria, nos dando esperança com grandes resultados fora de casa, apenas para nos jogar novamente para baixo com um empate melancólico contra o São Paulo na Ligga Arena.
Nossa cidade não traz os braços abertos num cartão postal, nem nos nega oportunidades, pelo contrário. Sempre tivemos na Arena um verdadeiro caldeirão e nossa principal força para conquistar resultados. Mas a atual temporada parece ter nos tirado esse trunfo e as vitórias se tornaram empates que, por consequência, são pontos perdidos.
Cada passo em direção ao fim da temporada parece nos gerar mais aflição, parecendo nos fazer, cada vez mais, desacreditar no objetivo de uma vaga na Copa Libertadores do ano que vem. Mas de alguma forma, jogo após jogo, nós acreditamos novamente. A esperança não vem do mar, muito menos das antenas de TV, mas do amor ao clube acima de tudo e todos. A arte de viver da fé, mesmo que não se saiba fé em quê.