Eu hoje não vou reclamar
Eu hoje não vou reclamar. Acho que até disso eu cansei. Eu estou exausto de Athletico e acho que nunca me senti assim antes. Nós já vivemos altos e baixos nesse relacionamento de 30 anos, e tivemos momentos muito piores que esses. Talvez eu esteja reclmando de barriga cheia? Depois de tudo que nós passamos?
As vezes eu olho para trás e tenho a impressão que reclamava menos lá por 2012. O time era infinitamente mais fraco e rendia muito menos (será?) que hoje, mas a impressão que dava é que, pelo menos, quem estava em campo estava dando seu máximo. É como ver uma criança desenhando. Qualquer menção próxima ao objeto que se deseja representar é uma conquista, porque você sabe que ela não vai entregar uma obra hiper realista.
A sensação de sair do Eco Estádio depois de um jogo na chuva, com lama até os joelhos, e ter o sentimento de que as coisas deram certo é indescritível. Ao escfrever essas palavras, o cheio de grama molhada chega a invadir minhas narinas. Tempos mais simples. Naquela época a gente não imaginava que poderia fazer muito mais do que aquilo, então entregar o mínimo era o suficiente.
Eu não sinto falta daquele time, daquele momento ou daquela situação. Eu sinto falta do meu Athletico. Aquele que tem raça e que corre. Que briga com a arbitragem quando se sente lesado. Que entrega o máximo. Que quando não tem técnica ou tática, entrega na vontade. Esse é o Athletico que eu conheci e que me foi ensinado.
Por isso hoje eu me sinto exausto. Eu não tenho nem vontade de falar sobre Athletico no trabalho. Quando um colega fala “po, e o Furacão, heim?” minha resposta instintiva é um suspiro. Isso é triste. Hoje, o que eu mais quero é que o campeonato acabe de uma vez. Eu preciso de férias do Furacão. Porque eu não consigo simplesmente parar de ver os jogos e acompanhar as notícias, de opinar, de me estressar, de passar raiva.
Estamos vendo um filme que sabemos o final e ele não é feliz. Se o futebol tem uma vantagem em relação ao cinema, é que quando o ano vira tudo começa de novo. Acho que é isso que eu preciso. De um recomeço. Para mim, a temporada acabou em outubro, mas ainda me assombra. Minha bateria acabou. Eu só quero voltar a me estressar com o Athletico no ano que vem.