Foi uma grata surpresa poder escrever sobre o ano de 2012 do nosso Furacão, um dos anos mais importantes da história do clube e talvez o ano que mais vivi o Athletico de perto na minha vida, pois pude estar presente em todos os jogos que o clube fez no Nordeste naquela campanha do acesso (Maceió, Fortaleza, Natal (2x), Salvador e Arapiraca).
AINDA EM 2011
Relembrando, 2011 foi o ano da queda do Athletico para a Série B, lugar que não frequentava desde 1995, ou seja, seria a primeira vez que muitos atleticanos veriam o clube fora da elite nacional, inclusive este que vos escreve.
Entretanto, o ano de 2011 não terminou com o rebaixamento do clube, e sim com as eleições para a presidência do rubro-negro, vencidas por Petraglia com sua chapa “CAP Gigante”, marcando seu retorno ao clube após alguns anos afastado.
Petraglia reassume o clube após diversas promessas de campanha, a mais impactante e relembrada até hoje, ser campeão mundial em 10 anos. Isto significa que a torcida estava com muitas expectativas para o trabalho que seria desenvolvido no clube.
AGORA PODEMOS FALAR DE 2012
Boa parte do elenco rebaixado em 2011 acabou deixando o clube, a grande maioria retornando de empréstimos aos seus clubes de origem, aqui podemos citar Kléberson, Wagner Diniz, Madson, Edílson, Marcelo Oliveira, Cléber Santana e outros.
Já sobre as permanências, com certeza a mais marcante foi a de Paulo Baier, referência técnica do time desde 2009 e que prometeu devolver o clube para primeira divisão na primeira entrevista após o rebaixamento. Guerrón foi outro jogador importante que permaneceu, mas por pouco tempo, falaremos mais à frente. Outros destaques do elenco eram os pratas da casa, zagueiro Manoel e o volante Deivid.
Quem iria comandar esse elenco? Na noite do dia 26/12/2011 foi anunciado pelo site oficial do clube o nome do treinador uruguaio Juan Ramon Carrasco. (Curiosidade: lembrado até hoje pela fama de muitas improvisações na escalação, inclusive por ter escalado o atacante Pablo, ele mesmo, de lateral-direito).
LONGE DE CASA
Outro destaque importantíssimo sobre o ano de 2012 é que o Athletico estaria longe da sua casa, já que a Arena da Baixada estaria fechada para o início das obras para a Copa do Mundo de 2014, marcando um ano andarilho do nosso Furacão.
No Campeonato Paranaense, o primeiro jogo em casa foi no Germano Krugger em Ponta Grossa, os seguintes foram no Eco Estádio (ou então Janguito) pertencente ao antigo J. Malucelli, e o clássico Atletiba e o segundo turno inteiro foram na Vila Capanema, inclusive a partida de ida na final.
Durante o ano de 2012 o Athletico ainda rodaria por mais estádios, mas também falaremos mais à frente.
CAMPEONATO PARANAENSE
Podemos dizer que o título estadual era uma das maiores pretensões do clube para aquele ano, o rival Coritiba vinha de um bi-campeonato e seria uma ótima resposta ao rebaixamento do clube.
E o Athletico começou bem, 4 vitórias seguidas, 8 jogos de invencibilidade e a melhor campanha que garantiu a conquista do primeiro turno do campeonato (a conquista do turno garantia vaga na final naquele formato do Campeonato Paranaense ou então a possibilidade de ser campeão estadual com a conquista também do segundo turno).
Porém, o bom desempenho não se repetiu no segundo turno, que acabou sendo conquistado pelo Coritiba, inclusive com derrota atleticana no clássico por 4 a 2 no Couto Pereira.
Com uma conquista para cada rival, o título seria decidido em finais ida e volta, com decisão no Couto Pereira devido a melhor campanha do rival.
Após um 2 a 2 na Vila Capanema e um 0 a 0 no Couto, a decisão ficou para a disputa de pênaltis, marcada pelo pênalti perdido por Guerrón, resultando em um 5 a 4 para o tri-campeonato coxa-branca.
COPA DO BRASIL
Antes de entrarmos na Série B, precisamos falar sobre a Copa do Brasil de 2012. Com um elenco modesto e sem a Arena da Baixada, era difícil para o torcedor atleticano sonhar com pretensões maiores, mas o que vimos foi uma boa campanha até as quartas de final.
A primeira fase foi contra o Sampaio Corrêa e o Athletico não teve vida fácil. Derrota por 2 a 1 em São Luís/MA e vitória por 1 a 0 na Vila Capanema, classificando o rubro-negro pelo critério de gol fora de casa (que já não existe mais).
Na segunda fase vida mais tranquila, mesmo sendo um adversário da mesma Série B, vitória em cima do Criciúma fora de casa por 2 a 1 e goleada na Vila por 5 a 1, com direito a 4 gols do equatoriano Guerrón.
Nas oitavas de final o primeiro grande desafio, enfrentar o Cruzeiro que estava na Série A. E foi aqui que o Athletico brilhou, 1 a 0 na Vila Capanema com gol de Edigar Junio e 2 a 1 em Sete Lagoas/MG, famoso jogo em que o Guerrón falou ao vivo no intervalo que precisava “matar essa p***** aí! ”.
O fim da trajetória rubro-negra terminou no Palmeiras, que seria o campeão daquela edição em cima do Coritiba em pleno Couto Pereira, empate por 2 a 2 em casa e derrota por 2 a 0 na Arena Barueri.
Agora o foco do Furacão era exclusivo no retorno à Série A.
INÍCIO DA SÉRIE B
Quem viveu aquela Série B de 2012 afirma que foi a edição mais emocionante da história, a trajetória do Athletico não foi diferente, repleta de altos e baixos e grandes reviravoltas.
Após a derrota do estadual, as mudanças mais significativas no time foram a saída em definitivo de Guerrón e a chegada do goleiro Weverton, que nem imaginávamos que marcaria época no Furacão.
A campanha começou com vitória fora de casa em cima do Joinville por 4 a 1, mas em seguida já uma derrota por 2 a 1 para o Boa Esporte, após isso vitória por 3 a 0 contra do Grêmio Barueri, mas uma derrota por 2 a 0 contra o CRB em Maceió, que marcou a demissão do técnico Juan Ramon Carrasco.
O Athletico não jogaria mais na Vila Capanema, o Gigante do Itiberê em Paranaguá virou a casa do Furacão, época sofrida em que a torcida tinha que enfrentar a estrada para o litoral para acompanhar os jogos do clube.
Chegaria então o treinador Jorginho, campeão da Série B anterior com a Portuguesa, entretanto o sucesso não se repetiria no Athletico, ficando marcado por ter dito em uma entrevista coletiva que o time do Athletico era muito “fedido”.
A fase da equipe não melhorou nada com o novo técnico, tropeços em casa (Bragantino 0 a 0, Goiás 0 a 0, Vitória 1 a 0), derrotas fora de casa (Ceará 1 a 0, América/MG 3 a 2, Guarani 2 a 1), e a demissão de Jorginho veio após derrota em casa para o São Caetano por 1 a 0.
A REVIRAVOLTA
Petraglia chegou a dizer em coletiva que o clube desaprendeu a jogar a Série B. Se o Athletico não sabia mais jogar a segunda divisão, então o clube precisaria de jogadores acostumados com essa competição, foi aí que chegou o pacotão de reforços que foi fundamental para a virada da equipe.
Atacante Marcão e meio-campo Elias conhecidos no Atlético/GO, João Paulo ex-Paraná Clube, Felipe ex-Palmeiras, Henrique, Maranhão, Derley chegaram para encorpar o elenco do clube. E no início de agosto após vitória fora de casa contra o América/RN, o clube decidiu efetivar o treinador interino Ricardo Drubscky, o que seria determinante naquela campanha.
A casa do Athletico também mudou, arquibancadas tubulares foram construídas no Eco Estádio e o Furacão estava de volta para Curitiba e para perto da sua torcida, isso também foi uma grande virada de chave.
O Rubro-negro comandado por Marcelo Cirino, Elias, Marcão e Paulo Baier emendou uma sequência de 9 jogos de invencibilidade e se viu novamente na parte de cima da tabela, com o sonho da volta à Série A vivo.
Um dos jogos mais marcantes daquela campanha aconteceu numa tarde de sábado no Janguito, 5 a 4 contra o América/MG, com gol chorado num carrinho de Paulo Baier no último lance. Naquele momento o torcedor atleticano sentia que a sorte estava do lado novamente.
Reta final de Série B e a torcida chegou junto, invasão em São Caetano, mesmo palco do título do Brasileirão de 2001, para enfrentar um concorrente direto pelo acesso. E novamente o Furacão brilhou, 3 a 1 com gols de Marcão e Marcelo Cirino (2).
Faltando 3 rodadas para o término e com a disputa ponto a ponto, o Athletico viaja para Arapiraca/AL enfrentar o ASA, 3 a 0 no primeiro tempo e impressão de uma vitória tranquila. O ASA reage na segunda etapa, mas não o suficiente para tirar a vitória rubro-negra, 3 a 2.
Próximo desafio em Criciúma, nova invasão da torcida rubro-negra lotando a arquibancada visitante, mas a partida ficou no 0 a 0 que garantiu o acesso para o time adversário. Faltava então o acesso do Furacão.
O ACESSO
O Athletico chega na última rodada dependendo apenas de si para voltar à elite, um simples empate contra o Paraná Clube em casa garantia o clube no G4 e o tão sonhado acesso.
Parecia que as coisas seriam fáceis, o rubro-negro abre o placar com o zagueiro Cleberson ainda no primeiro tempo. Mas o nosso Furacão sempre gostou de tornar as coisas mais sofridas, não é mesmo?
No início do segundo tempo o Paraná empata a partida, ou seja, mais um gol sofrido deixaria o Athletico na Série B por mais um ano.
Veio então a chance de matar a partida, pênalti para o Furacão, Marcelo Cirino, um dos principais destaques do clube naquela campanha, pede a bola, mas para no travessão. Um silêncio de desespero tomava conta das arquibancadas do Janguito.
E o Paraná Clube foi para cima, só restava ao Athletico segurar o resultado, então nos acréscimos, Cleberson que já havia feito o gol rubro-negro, tira de cabeça uma bola em cima da linha que seria o gol adversário, se tornando o herói daquela conquista.
E assim terminou a partida que garantiu a volta do Furacão para Série A para felicidade da torcida atleticana, lugar que permanece até hoje, e finalizou o ano de 2012 do rubro-negro, um dos mais importantes da história do clube, pois seria fundamental para os anos que viriam pela frente.